21-01-2011
Esta semana, jornais de todo o País denunciaram uma série de aposentadorias de ex-governadores, com salários que variam de pouco mais de R$ 12 mil até R$ 26 mil. Além de ex-governadores, ganham esses valores viúvas de ex-governadores. Há, inclusive, beneficiários desses absurdos que sequer chegaram a governar, de verdade, seus estados, ficando apenas alguns dias no poder, em exercício, durante viagens dos então chefes do Executivo.
No caso do Paraná, a "aposentadoria" é, hoje, de R$ 24.800,00 por mês. O senador Alvaro Dias (PSDB), que foi governador do Paraná de 1987 a 1991, solicitou ao governo do Estado o pagamento retroativo de cinco anos da aposentadoria. Caso o pedido seja aprovado, o ele poderá receber a fabulosa quantia de R$ 1,6 milhão. Álvaro já recebe a "aposentadoria" desde Outubro de 2010, quando solicitou o benefício, apesar de ocupar uma cadeira no Senado e, pela Constituição, ningém pode acumular dois ou mais salários públicos. No Senado, onde deverá ficar até 2015, o salário de Dias é de R$ 26,7 mil.
Alvaro Dias é um dos nove ex-governadores do Paraná que recebem a aposentadoria. Quatro viúvas de ex-governadores também recebem o benefício dos cofres públicos. Uma delas é a mãe do atual governador, Beto Richa. A lista de beneficiados inclui três governadores biônicos do regime militar. Um deles, João Mansur, governou o Estado por apenas 39 dias permanentemente, em 1973. E o número pode aumentar, já que o ex-governador Orlando Pessuti (PMDB), que governou o Estado por nove meses em 2010, já solicitou a aposentadoria. O pedido ainda está sendo analisado pelo governo.
As "aposentadorias" para ex-governadores foram alvo de um pedido de investigação pelo Ministério Público do Paraná, no final do ano passado. A Promotoria pediu à Procuradoria-Geral da República que entrasse com uma ação direta de inconstitucionalidade no STF (Superior Tribunal Federal) para acabar com o benefício. O processo ainda não foi a julgamento.
O que mais intriga nessa história é o fato de que alguns políticos querem, cada vez mais, viver às custas do dinheiro público. Muitos deles, antes de serem governadores, eram empresários, fazendeiros, tinham seus ganhos, sua vida econômica, não necessitavam do dinheiro público para suas despesas pessoais. Afinal, um cargo político não pode ser considerado uma profissão, ou pode? Teriam eles contribuindo com a Previdência Social, como nós, que somos obrigados a pagar durante pelo menos 30 anos? Até quando os brasileiros continuarão sendo obrigados a sustentar a classe política?
Os políticos, antes de reivindicarem esses benefícios, deveriam pagar pelos seus erros, pela incompetência, pelos danos e prejuizos enfrentados pelos brasileiros, nas catástrofes naturais, nos acidentes provocados pelas estradas mal cuidadas, pela falta de segurança, de escolas, de hospitais. Porque as "aposentadorias" até podem ser legais, mas chegam a ser imorais!