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Opinião

?Apagão? de mão de obra

?Apagão? de mão de obra

07-01-2011

Nos últimos 20 anos, o Brasil não investiu nem um décimo, do que deveria investir, em Educação. Com raras exceções, e quase sempre por força de vontade de alguns indivíduos ou da capacidade financeira das famílias, rompe-se a barreira e forma-se profissionais que se destacam. Base para o desenvolvimento de nações que hoje são exemplo, como Alemanha, Japão e Coréia do Sul, a Educação no Brasil foi sempre relegada a um segundo, um terceiro plano. Perdemos para países menores e mais pobres, da América do Sul e América Central. Nos últimos oito anos de governo Lula, por paradoxal que seja, investiu-se mais em Educação do que investiram governantes mais esclarecidos, nos anos anteriores. Mas ainda foi pouco, muito pouco, porque não se deu ênfase, como deveria, à formação dos professores e consequentemente aos salários deles.

Responsável pela educação de muitas gerações o professor não pode se preocupar com as contas do final do mês. Basta lembrarmos que muitos políticos analfabetos funcionais, ganham salários que variam de cinco a 25 mil reais. Qual o professor que ganha mais de R$ 5.000,00? Salários desse tamanho, no Magistério, só se encontra em colégios particulares (e nos grandes), ou em universidades.

E sem uma formação adequada, sem salários que incentivem a esta formação, os professores "fogem" para outras profissões mais rentáveis. E com a Educação frágil, não temos como formar a nova geração de brasileiros, a nova geração de trabalhadores.

O crescimento da economia já está mostrando o resultado desse "apagão" educacional, que se materializa também em um "apagão" de mão de obra qualificada. As indústrias necessitam de trabalhadores em todos os níveis, desde o chamado chão de fábrica até à área de engenharia, de projetos. Mas é principalmente, no chão de fábrica, que falta o maior número de trabalhadores, os operadores de máquinas, os torneiros mecânicos, os operadores de empilhadeiras, soldadores, eletricistas e tantos outros. Onde está a mão de obra qualificada? Ela ainda não entrou nos bancos escolares. Haverá o dia, em momento não muito distante, que ouviremos no chão das nossas fábricas o sotaque Castelhano, ou até Inglês, porque os nossos trabalhadores não estarão em quantidades necessárias, aptos a assumirem funções que necessitam de pouco mais de dois anos, em escolas profissionalizantes de Ensino Médio.

Campo Largo já enxergou essa deficiência e está correndo atrás para garantir um campus do IFPR (Instituto Federal do Paraná), na cidade. Mas com certeza, mesmo antes de terminar o primeiro ano, os alunos desta instituição já estarão trabalhando nas nosass indústrias, tal o tamanho da demanda por profissionais qualificados.