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Opinião

Cem anos de incompetência

Cem anos de   incompetência

26-11-2010

O Brasil é um dos países onde o trabalhador mais paga, para o Poder Público, e menos recebe, em serviços. Trabalhamos em média quatro a cinco meses por ano, apenas para pagarmos impostos e taxas para os governos Municipal, Estadual e Federal. Somos um dos únicos países do mundo onde o Imposto de Renda, além de ser um dos mais elevados, é cobrado antecipadamente, mesmo que o contribuinte não deva. Em contrapartida deveríamos receber um serviço público de primeiro mundo, sem pagar nada por isso. Saúde, Educação, Segurança Pública, estradas de ótima qualidade, bons portos e aeroportos, tudo isso poderia funcionar bem, no Brasil, como funciona em países sérios, se os nossos governos realmente aplicassem corretamente o nosso dinheiro.
Mas a incompetência e a corrupção, o inchaço da máquina pública e falta de cobrança, por parte da população, levou o País, nos últimos cem anos, a se transformar no que vemos através dos veículos de comunicação, uma nação indefesa diante do poderio dos bandidos, do tráfico de drogas e de armas. É uma pena que, hoje, a imagem do País esteja sendo arranhada com cenas de verdadeira guerra civil, entre bandidos e Polícia. Nada disso seria necessário, se os governos devolvessem para o povo, em serviços, tudo o que arrecada em impostos, desde o início do século passado.
Sem Educação, sem Saúde e sem trabalho, o trabalhador acabou sendo empurrado para as periferias das cidades. Gerações e gerações se sucederam, nas favelas, sem as condições mínimas de sobrevivência, sem água encanada, sem esgoto tratado, sem energia, muitas vezes sem alimento. Criou-se o caldo de cultura responsável pela explosão da criminalidade, dos anos 70, 80, 90, e 2000. Ano após ano, os criminosos foram se tornando fortes, poderosos e armados para enfrentar a Polícia de igual para igual. Eram tão fortes que dominavam centenas de comunidades, onde nem a Polícia entrava. Era um País dentro de outro País, um Estado dentro de outro Estado.
A vergonha nacional explodiu, muitas vezes, em São Paulo, no Rio, em Brasília e outros grandes centros urbanos. Agora, no Rio, o assunto volta a ser manchete internacional, porque, mais uma vez, os bandidos querem mostrar o seu poder, queimam ônibus e veículos de passeio, acuam a população, colocam a Polícia contra a parede, desafiam a autoridade constituída.
A reação das autoridades, na atual crise carioca, precisa ser definitiva. Além de ocupar o território, o Poder Público precisa levar condições de vida, de Segurança, de saneamnento básico, para que o crime não retorne e não tutele mais o povo, assumindo o papel do Estado, como aconteceu nesses últimos cem anos. Só assim poderemos voltar a ter orgulho de sermos brasileiros.