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Opinião

Tragédia que deixa uma lição

Tragédia que deixa uma lição

12-11-2010

Cada vez que morre uma criança, quer em acidente ou de causas naturais, é como que se interrompesse todo um ciclo natural, toda uma história, todo o futuro.   Quantos sonhos, quantas alegrias, quantos sorrisos, quantas conquistas que poderiam acontecer, desaparecem como num passe de mágica. Aquele anjo volta para o lugar de onde veio, deixando apenas as lembranças da curta vida que teve, entre nós. Teria ela vindo para esse mundo apenas para nos deixar uma lição? Apenas para fazer com que os que aqui ficaram reflitam sobre tudo o que fizeram ou fazem? Como seria a história dessa criança, qual a profissão que abraçaria, com quem casaria, quantos filhos teria, e seus netos, bisnetos, tudo isso acaba, tem um fim.
Giselle se foi, prematuramente, mas sua morte não pode simplesmente ser conhecida, lamentada e, depois de algum tempo, esquecida. Giselle morreu, possivelmente também para nos mostrar que muitas outras crianças poderiam sofrer acidentes graves, como o que lhe ceifou a vida, se ninguém tomar providências urgentes contra tantos absurdos que nos cercam. Há perigo nas escolas, nas creches, nos pontos de ônibus, nas ruas, nas periferias da cidade, no trânsito. Há perigo rondando as nossas crianças, todos os dias, dentro de casa e até nas igrejas. Todo o cuidado é pouco para que possamos proteger, com competência, as vidas desses seres que são o nosso futuro, o futuro da humanidade.
Talvez nem seja hora de apenas procurarmos os culpados, mas não devemos jamais nos acomodar, sem buscarmos eliminar os riscos que cercam todas as crianças. Cada pai, cada adulto membro das famílias, cada professor, cada profissional que tenha sob sua responsabilidade a guarda ou a proteção de uma criança, deve redobrar os cuidados, deve se adiantar ao acidente, ao perigo.
Aos familiares, saibam que toda a sociedade campo-larguense sente a dor da perda, provocada pela tragédia. Afinal, somos como que uma grande família, e sentimos cada vez que somos atingidos. Como fator educacional, temos nas fábulas vários exemplos clássicos, como a história de Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, e até no Sítio do Picapau Amarelo, do nosso Monteiro Lobato. São mensagens vivas, inteligentes, cultas, que nos lembram que é preciso atenção total, olhos abertos contra os perigos que as cercam.
Giselle talvez estivesse viva se alguém, ao olhar aquele elevador", pensasse: "E se uma criança subir nessa parede? E se uma criança, sem atentar para o perigo, colocar a mão ou a cabeça no vão entre o elevador e a parede?" Mas ninguém pensou nisso, ou se pensou, não agiu para impedir que essa tragédia acontecesse. Lamentar a falta de atitude não vai trazer de volta a pequena Giselle, mas pode nos servir de lição, para que fatos como esse não voltem a acontecer. Uma sociedade deve aprender e evoluir sempre, pelos exemplos das virtudes ou pela dor dos erros. Sofremos, agora, a dor do erro, a culpa de não termos previsto uma situação como esta. Há a informação de que pelo menos em outra escola da cidade, um elevador tão ou mais perigoso do que esse funciona no transporte de alunos, algumas delas crianças que, como Giselle, não têm medo do perigo, por não conhecê-lo. É hora de pensarmos, um pouco mais, na proteção do nosso futuro, e o nosso futuro são as nossas crianças.