Quinta-feira às 21 de Novembro de 2024 às 11:07:03
Saúde

Superação, fé e esperança em relato sobre câncer de mama

Uma missa em que Leila esteve foi um momento marcante para ela, quando o padre perguntou se todos ali sabiam agradecer a Deus pelas coisas ruins. "Eu apenas ouvi e refleti o quanto eu deveria agradecer a Deus pelo câncer ser em mim, e n&a

Superação, fé e esperança em relato sobre câncer de mama

Câncer. Uma palavra de apenas seis letras, mas com um peso gigante sobre o peito de quem a escuta. O coração acelera, a cabeça já não consegue focar em outra coisa, se não no diagnóstico. Somente no ano passado, 19.950 paranaenses ouviram de seus médicos que estavam com câncer. Destas, 3.730 foram mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Entre elas estava Leila Sprengoski Netzel, de 43 anos, casada e mãe de quatro filhos.

“O ano de 2016 não foi fácil para muitas pessoas, e eu sou uma delas. Há alguns anos faço acompanhamento médico de um nódulo que tenho no pulmão, mas exame de mama nunca havia feito, apesar de minha médica já ter pedido há uns dois anos, nunca me preocupei muito com câncer de mama, pois não tenho histórico nenhum desse tipo de câncer na família e amamentei meus quatro filhos em média por um ano cada, com isso achei ser imune à doença, estava enganada”, conta. Ela precisava consultar com sua médica, realizar exames de rotina, e em meados de julho, quando realizou os exames, foi constatada a presença de um nódulo de alto grau de malignidade.

“Para mim foi um choque enorme, pois jamais imaginei que um dia teria isso, imediatamente você pensa que vai morrer, que vai ficar careca e coisas que a maioria das pessoas pensa quando há uma suspeita dessa doença”, relembra. Ela decidiu não contar nada a ninguém, apenas dividiu com seu marido, suas duas filhas mais velhas e uma amiga. Preferiu poupar sua mãe, que há pouco tinha perdido um irmão por causa de um câncer no intestino. Sua filha do meio estava prestes a embarcar para um intercâmbio, e só depois ela começou a correr atrás de exames complementares, que somou praticamente dois meses. Ela preferiu contar para a família e amigos somente após receber a confirmação da doença.

Enquanto não saíam os resultados dos exames, Leila levou a vida normalmente, sem parar de trabalhar, cuidava da casa, dos filhos e do marido. “No dia 14/09 meu médico me ligou e disse que gostaria de conversar comigo, pois havia saído o resultado, o qual deu positivo para câncer de mama. Apesar de ser um nódulo pequeno, e não dava para sentir com o autoexame, meu médico optou por fazer o mais breve possível a cirurgia para retirada do tumor. No dia 03/10 fiz a cirurgia e com exames complementares o médico me disse que não precisaria de quimioterapia, apenas radioterapia e tratamento complementar com hormônios.”

A cirurgia foi considerada um sucesso, com recuperação extremamente rápida de Leila. Ela deu início às radioterapias em novembro e finalizou no final de janeiro deste ano. A única recomendação a seguir agora é ficar longe do sol, para não prejudicar a pele por causa das radioterapias. “Estou me recuperando das rádios ainda e vou fazer uma bateria de exames para ter a confirmação de que não tenho mais nada”, conta.

Aprender a confiar
Leila conta que sempre foi uma pessoa de muita fé, e, naturalmente, após questionamentos do porquê aquilo estava acontecendo, ela decidiu ir até a igreja, e sentada sozinha, começou a ouvir o sermão que o padre passava na missa. “Aquela missa eu digo para todos que foi para mim a melhor coisa que me aconteceu naquela semana, eu tinha a sensação que o padre falava tudo somente para mim, ele começou seu sermão perguntando quem ali presente sabia agradecer a Deus, todos disseram que sabiam agradecer, inclusive eu. Mas ele foi além e disse quem sabia agradecer a Deus pelas coisas ruins que aconteciam conosco, e ninguém respondeu nada. Eu apenas ouvi e refleti o quanto eu deveria agradecer a Deus pelo câncer ser em mim, e não em minha mãe, no meu marido, ou em meus filhos.

Nesse momento em diante eu agradeci e aceitei a situação, coloquei em minha mente que se precisasse passar por quimioterapia, perder meu cabelão isso não teria problema nenhum. E que eu sairia dessa muito melhor do que entrei”, finaliza.