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Saúde

A luta diária de uma criança contra a Leucemia

A luta diária de uma criança contra a Leucemia

10/01/2017

“Um mundo novo que só descobre quem passa por isso.” É essa a primeira frase de Simone Marcon Lopes, mãe do menino Cauã de 09 anos, que luta contra a Leucemia Linfoide Aguda, no Hospital Pequeno Príncipe. De fato é, já que os planos para um feriado de Carnaval foram interrompidos no dia 03 de fevereiro de 2016 após uma febre repentina que o levou até o pronto socorro do HPP.

“Nós estávamos com os carros todos carregados, já tínhamos nos preparado para ir até a praia, quando o Cauã teve uma febre de 38,5°. Eu estranhei e minha irmã me disse para ir no Pronto Socorro do Hospital Pequeno Príncipe, pois o plano de saúde atendia lá. Eu fui com ele, o médico examinou e disse que ainda não tinha aparecido a causa da febre. Voltei para casa com a recomendação que se não passasse era para retornar. Voltei na madrugada e eles decidiram fazer um exame de sangue. Foi aí que tudo começou”, relembra a mãe.

Logo pela manhã saíram os resultados do exame, mas uma parte dele ficou retida no setor de Hematologia do hospital por causa de uma alteração. Logo então, a mãe recebeu a notícia da chefe do setor que seu filho estava com suspeita de Leucemia. “É um momento que nós ficamos perdidos, desesperados, porque não conhecemos nada sobre o assunto. Então ela me disse que teria que fazer uma punção lombar – coleta de líquor da medula espinhal – para saber qual era o tipo de leucemia”, conta Simone.

No caso do Cauã não há necessidade de transplante de medula óssea. Ainda na sexta-feira ele foi sedado e fez quimioterapia diretamente na medula. “No sábado tinha previsão para ele vir embora, mas isso não aconteceu porque ele teve uma alteração no rim. Então começaram os ‘atrapalhos’”, diz a mãe.

Depois de uma semana foi descoberta uma diabetes medicamentosa, quando o menino foi levado para a UTI e lá ficou por três dias para tratar desse tipo de diabetes. Após a saída da UTI, Cauã ficou 51 dias internado, onde em 18 desses dias foi um retorno para a UTI por causa de outras doenças oportunistas. “Além da diabetes ele teve também pressão alta, pneumonia, press, que é um pico de pressão alta. Ele saiu da UTI e no outro dia, já no quarto, ele estava com a minha irmã e teve uma hemorragia no intestino muito grande”, conta. “Eu passei a noite com ele foi tudo bem tranquilo, ele estava bem, mas na manhã, depois de ir no banheiro ele me contou sobre o sangue, como parou, eu não falei nada à enfermeira.

Mas na segunda vez, não parava mais de sair sangue. Chamei ela e o quarto ficou cheio de médicos”, relembra a tia Aline Marcon. Após uma endoscopia, foi descoberta uma úlcera no intestino por causa do excesso de medicamento.

Cauã também teve trombose e uma ferida grave no braço esquerdo, que levou quatro meses para cicatrizar. Agora Cauã segue o protocolo de tratamento previsto, que tem o tempo médio de dois a dois anos e meio. Ele irá fazer oito sessões de radioterapia e em três semanas entrará em manutenção, quando são diminuídas as quimioterapias em direção à alta.

Autoestima e cuidado
Um dos momentos mais difíceis durante o tratamento foi cortar o cabelo. “Foi o momento que ele baqueou, que nós sentimos isso. Tanto que ele é coroinha na Igreja São Pedro e São Paulo e disse ‘eu não vou lá sem a touca’. Mas hoje ele se aceita bem sem cabelo e até reclama que o cabelo incomoda às vezes. Essa semana mesmo ele pediu para eu agendar um horário no barbeiro para cortar o cabelo”, conta a mãe.

Cauã também é muito cuidadoso com a saúde. “Ele sempre foi muito saudável, mas agora com o tratamento - que restringe o consumo de frutas, verduras e legumes crus, iogurtes e alimentos feitos em restaurantes e lanchonetes - ele se cuida ainda mais. Também não sai sem usar máscara, para evitar contaminação”, diz.

Família sempre presente
A família sempre esteve ao lado de Cauã, dando o apoio que precisava. “Nós, como família, somos muito unidos. Até mesmo o meu pai, que não gosta muito de ir para Curitiba, vai para ficar com ele no hospital. Aqui os filhos e sobrinhos são todos tratados como se fossem filhos. Cauã tem primos, mas que para ele são irmãos, e isso o ajudou e ajuda muito na recuperação”, finaliza Simone.