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Saúde

Convulsão

Primeiros socorros durante a convulsão são essenciais. Neurologista dá explicações e orienta o que deve ser feito.

Convulsão

01/09/2016

Colaboração de Caroline Paulart com supervisão de Danielli Artigas

Apesar de comum, as convulsões ainda causam alvoroço de muitas pessoas ao redor daquela que está em crise. A falta de conhecimento e os mitos sobre uma crise convulsiva faz com que pessoas que estão ajudando acabem tomando caminhos errados.

O médico neurologista Fernando Spina Tensini explica que a incidência de convulsões são bem grandes, ao menos 1% da população  terá crise convulsiva ao longo da vida. “Uma convulsão pode acontecer por vários motivos. Há pessoas que têm epilepsia, que é um conjunto de doenças que afeta
o cérebro e causa várias crises ao longo da vida. Nesse caso específico cabem tratamentos e exames periódicos. Também há casos de pessoas que têm crises convulsivas sem necessariamente  apresentar algum tipo de doença ou má formação cerebral.”O médico também diz que as principais causa que podem levar a uma crise convulsiva são: batidas na cabeça, quedas, ingestão de bebidas alcoólicas, uso de drogas de qualquer tipo, medicamentos, infecções como meningites, acidente vascular cerebral (AVC), desidratação grave, tumores, hipoglicemia, eclâmpsia ou febre. “A grande maioria das pessoas que tem crises convulsivas não apresenta sintomas. Mas, principalmente aqueles que têm crises frequentes, dizem ter sensações ou pressentimentos que a crise irá começar, o que é chamado de convulsão parcial”, explica.

“Pessoas que conseguem identificar uma futura convulsão dizem sentir cheiros estranhos, visões de vultos ou enxergar luzes coloridas, mal-estar, vômitos e o que chamamos de áurea precedente, que é uma sensação de algo ruim se aproximando. Geralmente após algum desses ‘sintomas’ são registradas as crises convulsivas”, diz.

Há crises convulsivas, especialmente em crianças, que são causadas pela febre. “Não é pela temperatura que vemos se o paciente vai ter ou não convulsão, muitos dizem que não pode chegar nos 40ºC que a crise acontece, mas nem sempre é assim. É pelo avanço que ela tem, a velocidade que ela sobe. Isso deve ater muito a atenção de quem está cuidando, especialmente se for criança ou idoso”, explica. Como proceder durante uma crise Durante uma crise convulsiva a pessoa perde completamente os sentidos. “É como se o cérebro inteiro ligasse ao mesmo tempo. A descarga bioenergética é enorme.

Na literatura médica diz que é impossível a pessoa ter consciência ou qualquer tipo de lembrança do
momento que teve a crise. É inutil tentar acordar alguém nessa situação, tentar colocar em pé ou realizar massagens cardíacas ou respiração boca a boca”, aconselha o Dr. Fernando.

Quando se deparar com uma pessoa em crise, os procedimentos são simples. “Tente ampará-la durante a queda e a proteja de bater a cabeça ou membros e tronco em algum lugar que a machuque. Esse é o primeiro passo. Não se deve tentar conter a pessoa, agarrá-la, segurar braços e pernas. Apoio para a cabeça pode ser um travesseiro ou uma blusa dobrada, desde que traga algum conforto para ela. E sempre colocar a pessoa deitada de lado, para evitar que ela se afogue com a saliva”, orienta o médico.

Um dos pontos mais enfatizados pelo médico é sobre o mito de morder a língua. “Morder a língua e quebrar dentes é considerado normal durante uma crise convulsiva. Não pode, de maneira nenhuma, colocar objetos na boca da pessoa como muitos acreditam. Colocar toalha, moeda, ou a própria mão de quem está ajudando é um erro muito grande, pode acabar em um afogamento ou em cortes que irão
precisar de pontos depois”, diz.

Ainda durante a crise é importante registrar o que está acontecendo. “Por mais estranho que isso possa soar, é muito importante filmar o que está acontecendo e mostrar ao médico depois. Muitas vezes, na descrição apenas falada são perdidos detalhes que podem ajudar no diagnóstico de alguma doença neurológica. Se não puder filmar, tente reparar nos maiores detalhes e cronometrar o tempo de crise”, recomenda. Quando a pessoa acordar é preciso conversar com ela, tentar acalmá-la. Se o episódio acontecer na rua, tente encontrar um número de telefone e procurar saber onde ela mora. Após a primeira crise é sempre importante encaminhar a pessoa para a emergência hospitalar. Se precisar chamar uma ambulância, esse tipo de atendimento é feito pelo Samu (192).

Tratamentos e sequelas
As convulsões podem ter tempos variáveis, geralmente de acordo com a doença que a pessoa possui ou a causa que levou a ela. Ela pode durar 30 segundos ou se estender a 30 minutos. Normalmente
não causa sequelas, mas se ela se estender a longos prazos, ou em episódios frequentes pode ser um indicativo de doença grave. “A convulsão em si não dá nenhuma sequela, mas as doenças que podem estar associadas a ela sim. É importante procurar o médico para que ele identifique o que causou a crise e possa encontrar o tratamento mais adequado”, orienta Dr. Fernando.

O tratamento dura em média cinco anos e é feito via medicamentos orais. Se o paciente não apresentar novas crises durante 10 anos, ele é considerado curado e tem alta.