26-08-2011
Um cidadão comum, olhando para os acontecimentos dos últimos dias, em Campo Largo, deve pensar: "Deve ser muito bom, ser vereador". Ser vereador, deputado ou senador, deve ser bom mesmo, porque os caras quase se matam para chegar lá, e são capazes de loucuras, para não sair. Muitas vezes gastam muito mais do que ganharão, se forem eleitos. Parece até o velho adágio popular, que diz "dou um boi para não entrar na briga mas dou uma boiada para não sair".
Ser político, no Brasil, é ser um cidadão estigmatizado. As falcatruas cometidas por alguns, ao longo dos últimos 511 anos, acabaram por transformar a palavra "político", em sinônimo de corrupto. Os escândalos se sucedem, não apenas nos municípios e nos estados mas, principalmente, em nível federal. Parece que, uma vez no poder, o político passa a pensar unicamente em tirar vantagem do cargo. Aí, emprega a família inteira, e as famílias dos amigos, dos companheiros de partido, uma festa. Aditivo contratual passa a ser o caminho para abastecer contas, aqui e no exterior.
O mais interessante é que, apesar dos escândalos, ainda não se viu nenhum político tendo que devolver tudo o que dizem que ele roubou. Os acusados pela Mídia somente perdem seus respectivos cargos, se forem do Executivo. No Legislativo, ou nos legislativos, a coisa é mais difícil, tem que haver uma cassação. Mas poucos foram cassados, muitos continuaram ou continuam, apesar de evidências de envolvimento.
Mas em Campo Largo, a situação é diferente. Não se trata de nenhum ato de corrupção, apenas uma questão de decoro parlamentar. Já vamos para cinco meses desde que tudo começou. Uma cabeçada e um flash, pronto, estava armada a confusão. Nelsão, o vereador acusado, foi cassado porque teria dado uma cabeçada no vereador Wilson. Ele só ganhou os votos dos dois amigos, Sergio e Darci. Todos os demais vereadores estavam contra ele. Cassado, Nelsão sentiu-se injustiçado e foi à Justiça Comum. Um juiz concedeu liminar, ordenando que o Legislativo devolvesse o mandato ao vereador cassado.
A ordem judicial enfrentou, nos portões e nos corredores da Câmara Municipal, alguns obstáculos. Como Nelsão havia dificultado o trabalho dos funcionparios da Câmara quando da intimação para que comparecesse à sessão de cassação, uma vez que ele não foi encontrado, ele e o oficial de justiça não encontraram os vereadores, para fazer cumprir a ordem judicial, na Quarta-feira, como ele queria. O resultado foi um principio de tumulto, que precisou até da presença da Polícia Militar, e de uma advertência do juiz, que teria ameaçado até cassar a liminar. Nelsão pegou o microfone do seu carro de som e mandou os companheiros de volta para casa.
Na Quinta-feira à tarde, ele conseguiu, com o oficial de justiça, entregar a intimação ao presidente da Casa para esta
Sexta-feira, está marcado o ato de assinatura do livro de posse dos vereadores. Nelsão deverá assinar o livro e voltar a ser vereador. A Câmara, entretanto, está articulando a cassação da liminar da primeira instância, no Tribunal de Justiça.