Sexta-feira às 01 de Novembro de 2024 às 04:30:19
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Agricultor campo-larguense investe em Araucária enxertada que acelera produção de pinhão

Osvaldo Sikora tem uma propriedade rural na comunidade Dom Pedro II, em Campo Largo. Há dois anos decidiu investir no plantio de araucária, árvore conhecida popularmente como pinheiro do Paraná.

Agricultor campo-larguense investe em Araucária  enxertada que acelera produção de pinhão

Osvaldo Sikora tem uma propriedade rural na comunidade Dom Pedro II, em Campo Largo. Há dois anos decidiu investir no plantio de araucária, árvore conhecida popularmente como pinheiro do Paraná. Ele conta com orientação e apoio do técnico Vanderlei Peres, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) de Campo Largo, que acompanha a propriedade.

O objetivo é formar um pomar. Para acelerar o processo, o agricultor optou por plantar mudas enxertadas. Se tudo correr bem, a primeira produção de pinhões deve acontecer em três ou quatro anos, período muito menor do que nas plantas sem enxerto, cuja produção só ocorre após 12 a 15 anos.

O interesse de Osvaldo pelo plantio de mudas enxertadas surgiu quando conheceu o trabalho desenvolvido pelo professor Flávio Zanette, que há 34 anos pesquisa a araucária. Ele desenvolveu a técnica de produção de mudas enxertadas que possibilita árvores mais baixas e que produzam pinhões em menos tempo.

Pomar
A araucária tem a característica de possuir árvores do sexo masculino e feminino. Para que seja possível a produção dos pinhões são necessárias plantas dos dois sexos na mesma área. Osvaldo adquiriu 87 plantas femininas em julho de 2021, que foram plantadas logo depois do período de geadas. Em agosto do ano passado foi a vez de plantar outras 12 mudas masculinas, distribuídas pela mesma área. “Eu mantenho as araucárias no limpo, sem mato ao redor, e tenho feito adubação conforme orientação. A área ocupada pelas mudas é de cerca de meio hectare ou 5 mil metros”, explicou Osvaldo.

O técnico do IDR-Paraná, Vanderlei Peres, informou que o manejo do pomar de araucárias consiste em fazer o coroamento das mudas, deixando-se um círculo sem vegetação ao redor dela até que a planta ganhe força para se desenvolver de maneira satisfatória. Ao menos quatro vezes ao ano é preciso fazer a manutenção do coroamento. O produtor retira os galhos do porta-enxerto, para que somente a copa se desenvolva. “Na média, as plantas cresceram um metro em um ano e meio”, informou.

Segundo pesquisas da Embrapa Floresta, a produtividade das mudas enxertadas de araucária pode chegar a 20 kg por árvore no primeiro ano, aumentando com o decorrer do tempo. A intenção de Osvaldo é vender a produção de pinhão para supermercados locais. Ele também deve se associar a uma cooperativa de Rio Branco do Sul que faz o beneficiamento da semente, com o cozimento e embalagem a vácuo.

Outro segmento que produtor pretende atender é o da merenda escolar, já que o pinhão foi incluído no cardápio de muitas escolas. “Essa propriedade é herança de família. Sei que daqui a cinco ou seis anos posso ter algum retorno com a venda de pinhão, ou não. Se não der o resultado esperado, pelo menos terei um bosque de araucárias bem bonito”, afirmou Osvaldo.

De acordo com informações da Embrapa Florestas, a araucária é, certamente, uma das espécies florestais mais emblemáticas para a população. Seu uso indiscriminado, desde a segunda metade do século XX, a levou para a lista de espécies ameaçadas de extinção. Por isso, diversas iniciativas procuram estimular novos plantios e a possibilidade de uso e geração de renda com a espécie. Para isso, a pesquisa vem estudando como a araucária pode participar da economia de forma sustentável.

Transformar a araucária em espécie cultivada, produtiva e lucrativa é uma forma de preservar a espécie tão cara para o meio ambiente, sobretudo nos estados do Sul do Brasil. Além disso, o consumo do pinhão faz parte da cultura de muitos estados.