11-03-2011
Um novo aparelho desenvolvido nos EUA promete identificar o agente causador da pneumonia. A doença pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e protozoários, mas o microrganismo responsável só é identificado em até 40% dos casos da infecção.
A invenção funciona de forma simples: o paciente tosse no bocal do aparelho, que, segundo os fabricantes, é capaz de separar as partículas do pulmão das da boca. Depois, o filtro é levado para análise clínica, que identifica o agente causador da pneumonia.
O aparelho, que se chama PneumoniaCheck, foi desenvolvido no Georgia Institute of Technology, em Atlanta (EUA) e teve a sua comercialização aprovada pelo FDA (agência que regulamenta remédios nos EUA). No mês passado, ele foi lançado comercialmente naquele país e poderá ser vendido em outros locais nos próximos dois anos, segundo o fabricante.
Em geral, o diagnóstico da pneumonia é feito por exame clínico e físico, radiografia dos pulmões e exame de sangue, que pode mostrar sinais que indicam uma infecção. Mas o exame é baseado em presunções e não é definitivo, segundo Elie Fiss, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC e pneumologista do hospital Oswaldo Cruz.
Menos Antibióticos
Um estudo que mostra a eficácia do novo aparelho foi publicado em dezembro no "Journal of Medical Devices", por técnicos do mesmo instituto que desenvolveu o PneumoniaCheck. A pesquisa aponta que os filtros do aparelho são capazes de coletar 99,9% das partículas com vírus e bactérias da amostra das vias superiores do pulmão.
Segundo Sarah Ku, coordenadora de produtos da MD Innovate, empresa fabricante do aparelho, a identificação do agente leva a um tratamento mais personalizado, com menos antibióticos, que, se usados amplamente, podem aumentar a resistência das bactérias.
Hoje, os antibióticos são as drogas mais usadas contra pneumonia, mesmo sem a identificação do agente causador da doença.
Segundo Fiss, as diretrizes das sociedades médicas apontam que as bactérias são as maiores responsáveis pela pneumonia. Para eliminar a doença, são usados antibióticos de maior espectro.
Segundo Mauro Zamboni, da Sociedade Latino-Americana do Tórax, o aparelho é interessante, e algo similar já vem sendo testado para doenças como a tuberculose.
Já para Fiss, aparelho não deve ser eficaz, devido à dificuldade em separar as partículas das vias aéreas inferiores e superiores. "Faltam estudos maiores com grupo-controle e placebo."