Domingo às 07 de Julho de 2024 às 05:28:39
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Grupos de indígenas realizam manifestação na BR-277 e em vários pontos do país para cobrar atendimento às famílias indígenas gaúchas

Grupos de indígenas realizam manifestação na BR-277 e em vários pontos do país para cobrar atendimento às famílias indígenas gaúchas

Acontece desde o início desta quarta-feira (03) um protesto em Campo Largo, km 111 da BR-277 sentido interior do Paraná, e em vários pontos do país para pedir atenção das autoridades no atendimento às demandas das famílias indígenas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul e também à crise climática.

A Folha de Campo Largo conversou com Juliano de Araújo, que é diretor técnico do Instituto Internacional Arayara, organização que atua há 33 anos nas questões climáticas, ambientais, diagnósticos e estudos para a transição energética e os impactos da indústria fóssil no clima e que tem sedes em Brasília, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro e Manaus. “A manifestação está sendo realizada por um grupo de indígenas Guaranis, Kaigangues e Xoklengs, que estão acampados na região e que foram vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul e da crise climática. Severas enchentes acometeram as aldeias no estado e também em Santa Catarina, mas que até o presente continuam sem o devido atendimento.”

Ele explica que neste momento há manifestações em vários lugares, inclusive em Brasília, onde ocorre o acampamento Terra Livre. “A liderança indígena Cacique Kretan Kaigangue - também secretário executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) - denunciou o avanço da indústria do petróleo e do carvão mineral sobre territórios indígenas e quilombolas em diversos estados do Brasil. O Instituto Internacional Arayara apoia as dezenas de protestos, pois realizou os estudos e diagnósticos que comprovam os danos aos seus territórios e os riscos ao seu direito de existir”, diz.

Através da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPINSUL) e da APIB, as famílias atingidas têm sido acompanhadas. Essas instituições têm prestando assistência das comunidades que perderam suas casas no Rio Grande do Sul. “Migraram do Rio Grande do Sul um total de 1.618 pessoas para o Paraná, que estão distribuídos em vários acampamentos. A situação de saúde física e psicológica de muitos indígenas é bem grave, sem contar as questões de desnutrição. Eles não foram atendidos lá no Rio Grande do Sul e, passados 60 dias das enchentes, até agora não tinham tido atendimento do governo estadual gaúcho e do Governo Federal. Esse protesto visa acelerar suas demandas e atendimento aqui no Paraná. A situação de direitos humanos é bem grave”, enfatiza.

“As mobilizações fazem parte das deliberações do Levante pela Terra, realizado em Brasília nos dias 24 a 28 de junho e de onde as lideranças indígenas reafirmam o estado permanente de luta”, finaliza nota enviada por Juliano.

Segundo a Via Araucária, o congestionamento gerado pelo protesto passa dos 11 km, mas o trânsito já está liberado. 

Foto: PRF