Sabado às 29 de Junho de 2024 às 05:13:09
Opinião

Valorização da notícia que está próxima de você

Com um sentimento de tristeza e de preocupação recebemos nesta semana a notícia do encerramento das atividades de um dos jornais mais antigos do Sul do Brasil

Valorização da notícia que está próxima de você

Com um sentimento de tristeza e de preocupação recebemos nesta semana a notícia do encerramento das atividades de um dos jornais mais antigos do Sul do Brasil, o Diário Popular. Foram 133 anos escrevendo a história da cidade de Pelotas e da região sul do Rio Grande do Sul, tornando-se um dos mais importantes veículos de comunicação da região, sempre contribuindo de maneira significativa para a disseminação de informações e a defesa dos interesses da comunidade, que é a principal função de um jornalismo local. Quando um jornal local fecha, toda a sociedade sente, visto que há um enfraquecimento do diálogo democrático e do acesso às informações cruciais para o cidadão, do ambiente onde ele vive, dos locais que frequenta e para dar voz àquele que precisa reivindicar direitos e mudar o local que ele vive.

A nota oficial não traz o motivo específico do porquê um jornal com 133 anos de história encerrou suas atividades. Não há como saber se foram pelos prejuízos devido às chuvas, que deixaram a cidade de Pelotas debaixo d'água ou se a parte financeira acabou impactando de tal forma, que seria impossível continuar. Cabe a nós lamentarmos um fato tão triste como esse, em um período histórico e trágico que atravessa o Estado do Rio Grande do Sul.

A sociedade precisa ver o jornalismo local como a espinha dorsal da democracia naquela comunidade onde está inserido, e essa é uma das primeiras lições que aprendemos ao estudar o Jornalismo. São nas páginas impressas, nos sites, nas redes sociais, nas transmissões ao vivo ou nas ondas do rádio que a população pode encontrar a abertura que procura para trazer questões que afetam as vidas dos cidadãos de maneira diária. Por meio dessas publicações, conseguimos trazer respostas, melhorias e principalmente informações sobre realizações de audiências públicas, sessões ordinárias e diálogo direto do Poder Público com a população. É possível promover a transparência das ações e prestação de contas do trabalho das autoridades locais e das instituições, além de promover um serviço informativo e educacional por meio de reportagens diversas, e preservar a identidade cultural de uma sociedade, destacando novos talentos e promovendo eventos significativos.

É certo que com o advento das redes sociais muita coisa mudou, especialmente com relação ao jornalismo impresso, que é visto por muitos - de maneira infeliz - como algo passado ou obsoleto, quando na verdade é uma das maneiras mais eficientes da educação midiática, onde consegue-se compreender os encaixes feitos nas matérias, as relevâncias das informações publicadas, a documentação daquele fato. É como um quebra-cabeças, que exercita a mente e provoca reflexões. O imediatismo é importante; ter o conhecimento do que está acontecendo agora é essencial. Porém, tenha em mente o valor destas páginas que segura nas mãos, do trabalho que existe por trás, não só destes profissionais, mas dos colegas campo-larguenses, independente do veículo que eles estejam, do formato que informem. Devemos tratá-los como guardiões da sociedade, confiar e acreditar em seus trabalhos, quando feitos de maneira séria.