Quinta-feira às 21 de Novembro de 2024 às 05:37:14
Opinião

Proteja as nossas crianças e adolescentes

Dia 18 de maio é um dia marcado pela tristeza e revolta de um dos casos criminais mais emblemáticos do Brasil.

Proteja as nossas crianças e adolescentes

Dia 18 de maio é um dia marcado pela tristeza e revolta de um dos casos criminais mais emblemáticos do Brasil. A morte da pequena Araceli Crespo, de 08 anos, que foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no dia 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória, no Espírito Santo, ecoa outras milhares de violências cometidas contra crianças nas mais variadas vielas, famílias, nas cidades e estados do nosso País. É um dia que reflete o movimento que nunca pode  cessar, que é o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.

É importante compreender melhor o que significa essa luta e o que devemos combater. Tudo começa no esclarecimento do que são estes crimes. O abuso sexual é qualquer abordagem sexual, neste contexto, contra uma criança ou adolescente. Segundo a organização civil Faça Bonito, que é referência no combate à prática, ela geralmente é praticada por alguém do convívio, que usa da confiança da criança e dos demais familiares para praticar este ato escabroso, indecente, imoral e principalmente perverso. Já a exploração sexual de uma criança ou adolescente é igualmente desumana, acrescentada de adjetivos como maléfico, impiedoso, vil, cruel... Trata-se do uso de crianças e adolescentes para fins sexuais visando lucro, seja no compartilhamento de conteúdo e imagens de abuso, na prostituição, participação em redes de tráfico ou turismo com motivação sexual. A moeda de troca pode ser dinheiro, comida ou qualquer outro objeto, ainda assim é um crime. Importante frisar que são crimes diferentes e com penalidades distintas, mas igualmente terríveis e capazes de causar marcas e consequências por toda a vida de uma vítima, independente de quem elas sejam, afetando inclusive toda a família.

A notificação de crimes dessa natureza devem acontecer imediatamente ao ter conhecimento e deve ser feito na delegacia, Ministério Público, Conselho Tutelar, Polícia Militar, Guarda Municipal e até mesmo na escola. O caso será investigado e um processo será instaurado. Sempre o primeiro passo é o afastamento desse malfeitor da sua vítima.

Infelizmente, o Brasil ocupa hoje o segundo lugar no ranking mundial em casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, registrando, segundo o Instituto Liberta, 500 mil vítimas anualmente. Somente em 2022, segundo a Fundação Abrinq, a cada 24 horas o país registrou 124 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. Ainda de acordo com a pesquisa, de cada quatro vítimas de violência sexual no Brasil, três são crianças ou adolescentes.

É urgente que se estabeleçam políticas públicas de combate, adequadas e que mostrem um resultado efetivo. A situação é extremamente alarmante e não deve ser jogada para debaixo do tapete. Esse é um assunto bastante sensível, mas é imprescindível debater mais sobre ele, apontar falhas e buscar meios de corrigi-las para garantir a segurança de crianças e adolescentes que não devem passar por um trauma tão grande. Já passou da hora de vermos essa situação como um caso distante, enquanto ela acontece diariamente, no popular "embaixo do nosso nariz". Estejamos prontos para lutar por nossas crianças e adolescentes, defendê-los quanto for possível e vestir essa camisa não somente em maio.