Inaugurado oficialmente no final do ano de 1910, o Colégio Estadual Macedo Soares, mas com ano letivo iniciado apenas em 03 de janeiro de 1911
Inaugurado oficialmente no final do ano de 1910, o Colégio Estadual Macedo Soares, mas com ano letivo iniciado apenas em 03 de janeiro de 1911, faz parte da história de milhares de estudantes e profissionais da Educação em Campo Largo. Atualmente são 65 colaboradores, aproximadamente, que trabalham na instituição.
Michele Cordeiro, diretora do Macedo Soares desde 2022, conta que durante o ano passado a instituição participou de um resgate histórico, revitalizou a galeria de diretores e a história do Macedo Soares. “São 113 anos de história. Soube por meio da nossa equipe que está há mais tempo aqui, que durante a comemoração dos 100 anos da instituição, muitas personalidades estiveram presentes, que estudaram na instituição. É um dos colégios mais antigos de Campo Largo. O prédio ainda é da década de 1940, sendo reformado ao longo dos anos, mas mantendo as características. A entrada antes era pela Rua XV de Novembro.”
A diretora comenta que quando tinha ensino noturno chegava a 800 estudantes e muitos colaboradores são de muitos anos de trabalho ali, e que sempre é um grande desafio estar à frente de um colégio tradicional e grandioso, mas que encontrou um grande apoio no restante da equipe.
O desafio maior em 2024 é a implementação do modelo Cívico-Militar. Em 2023 o colégio passou por consulta pública e a comunidade optou pelo novo modelo. “Já no ano passado fizemos reuniões e todos tiveram contato com a proposta. Mesmo sendo um colégio centenário, é como se fosse novo, porque é uma nova fase, para a equipe, para os estudantes e suas famílias. Pedagogicamente, poucas coisas mudam.
O que muda é a carga horária, mas é considerado um grande ganho para o estudante. Temos a formação no pátio e eles têm aula de Cidadania e Civismo, que contribuirão bastante”, completa.
“Nossas portas estão sempre abertas para receber os ex-estudantes, pessoas que trabalharam aqui, sentem saudades e querem visitar”, afirma.
Cursos técnicos
O Macedo Soares também possui cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Hoje oferecem técnico em Administração e Eletrotécnica em parceira com o Senai, com aulas práticas e específicas no laboratório serão no Senai.
Colaboradores relembram a história
A Folha ainda teve a oportunidade de conversar com algumas colaboradoras que fazem parte do quadro de funcionários do Macedo, entre elas a professora Matilde Moares, a cozinheira Márcia Chipanski e as agentes educacionais 2 – da secretaria – Ivonete Cequinel e Roseli do Carmo Vaz Leal.
Perguntamos sobre fatos marcantes da instituição e a resposta unânime foi a comemoração do centenário do colégio, que aconteceu em 2010. Descreveram que foi possível rever muitos estudantes e ex-colegas de trabalho que passaram por ali, em uma grande festa que movimentou a comunidade campo-larguense.
Comentaram também sobre a oportunidade de trabalhar com gerações de famílias inteiras, que fazem questão que seus filhos estudem no Macedo Soares e do amor que compartilham por fazer desta instituição um marco na cidade.
Relembraram também da importância da árvore ipê-amarelo, que foi plantada por uma aluna e é sempre celebrada quando floresce, dando cor e vida ao pátio do colégio.
História do colégio
A Escola Macedo Soares, como semi-grupo, naquela época contava com apenas turmas de 1ª a 4ª séries e iniciou seu primeiro ano letivo em 03 de janeiro de 1911. À época, não existia o período de férias como há hoje. Os primeiros alunos que se formavam na Quarta Série, recebiam o diploma do Curso Primário e logo conseguiam emprego nas fábricas. Os que tinham condições financeiras iam estudar em Curitiba, prosseguindo os estudos no curso Ginasial.
Em 1920 a escola passou a chamar Grupo Escolar e seu primeiro diretor foi João Batista Valões, que permaneceu até 1930. Em 1934, o Macedo Soares ganhou mais duas séries, como opção para os estudantes que quisessem fazer o Exame de Admissão para o Ginásio, em Curitiba, para concluir os estudos com o Científico ou Comercial, o hoje Ensino Médio, ou entrar para a Escola Normal do Instituto (Juvenato) Santa Terezinha, em Campo Largo, o Sagrada Família.
O Macedo Soares funcionou até o ano de 1939 onde hoje é a Praça Getúlio Vargas. Com o crescimento da demanda, a escola teve que mudar de endereço, para atender o maior número de alunos. Em 1940, a escola passou a funcionar na nova sede, na XV de Novembro, local do antigo Cemitério Municipal. O prédio antigo foi ocupado pelo Fórum Municipal, os muros derrubados e o terreno em volta transformado em praça, a Praça Getúlio Vargas. Hoje o prédio é ocupado pelo Museu Municipal.
Em 1970 o prédio foi ampliado e em 1973 a escola passou a funcionar de 5ª a 8ª Séries, o antigo Ginasial. Em 1991 passou a funcionar também com o Segundo Grau (noturno) e em 1996, o Ensino Médio Diurno. Texto da Folha de Campo Largo, publicado em 26 de novembro de 2010.
Quem foi Antônio Joaquim de Macedo Soares
Filho do Dr. Joaquim Mariano de Azevedo Soares e D. Maria de Macedo Soares, Antônio Joaquim de Macedo Soares nasceu em 14 de janeiro de 1838, na vila de Maricá, província do Rio de Janeiro. Foi casado com D. Teodora Alvares de Azevedo.
Fez os estudos preparatórios no Seminário Episcopal do Rio de Janeiro, de onde saiu, em 1855, com o curso de Teologia, obtendo as mais distintas notas. Sem vocação para a vida religiosa, mas com facilidade para as letras jurídicas, seguiu com destino à capital da província de São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito de São Paulo, se formando em 1861 em bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.
Foi advogado, mas em 1874 foi nomeado juiz de Direito da comarca de São José e Campo Largo, na província do Paraná, entrando em exercício no dia 10 de julho. Foi o primeiro juiz de Campo Largo. Ingressou no Supremo Tribunal Federal, sendo nomeado Ministro, em decreto de 25 de janeiro de 1892; tomou posse a 29 do mesmo mês.
Macedo Soares tomou assento na Assembleia Legislativa de sua província natal e foi agraciado, por D. Pedro II, com o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa, em decreto de 30 de novembro de 1866. “Muito ilustrado, perfeito conhecedor das teorias e práticas do Direito, foi um grande cultor das letras; seus numerosos e apreciados trabalhos jurídicos e literários são testemunhas do seu talento, virtudes e aprofundados estudos”, descreve o texto do Supremo Tribunal Federal. Foi responsável por escrever, entre muitas obras, o “Diccionario Brazileiro da Lingua Portugueza” e também na campanha jurídica pela libertação dos escravos de 1867 a 1888. Como Juiz, tornou-se notável pela sua atitude em favor da liberdade dos escravos, não tendo jamais lavrado uma sentença contra eles.
Faleceu em 14 de agosto de 1905, na cidade do Rio de Janeiro, sendo sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier.
Referência:
LAGO, Laurenio. Supremo Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal: dados biográficos 1828-2001. 3. ed. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2001. p. 194-196.