Dia das Crianças está próximo e o Natal logo chega também. Famílias costumam se perguntar como presentear as crianças, um costume, consideravelmente comum.
Dia das Crianças está próximo e o Natal logo chega também. Famílias costumam se perguntar como presentear as crianças, um costume, consideravelmente comum. Porém, nem sempre objetos, presentes físicos são as opções mais assertivas. Considerar a ideia de presentes “abstratos”, como passeios simples, momentos de diversão em família e viagens.
Quem explica mais sobre a possibilidade é Letícia Gonçalves, psicóloga e neuropsicóloga infantil. “Levar a criança a entender os presentes abstratos, como passeios e viagens, é de extrema importância. O mundo de hoje é consumista e o modo que criamos as crianças também pode levá-las a um perfil mais consumista. Se ela sabe que tudo o que ela quer os pais compram, ela não dará tanto valor para o presente ganho, esquecendo o porquê o ganhou.”
Ela comenta que uma orientação que dá para as famílias é elas pensarem o porquê estão dando o brinquedo para a criança. “Ao trocar e dar opção de presenteá-la com passeio, acabamos envolvendo a criança no projeto, ela vai se entusiasmar. Devemos dar opções para ela, deixar com que ela escolha e o adulto se mostrar entusiasmado à atividade, o que a torna muito mais atrativa para a criança”, orienta.
Retrata ainda que esses passeios são mais oportunos quando acontecem ao ar livre, na natureza, do que em shoppings, por exemplo.
Também comenta que é importante repensar a atitude de presentear a criança, qual o sentido. “Nós observamos que as crianças se mostram muito mais entusiasmadas contando sobre passeios e viagens com a família do que ao contar que ganhou determinado brinquedo. Muitas vezes as crianças pedem o brinquedo não porque ela realmente quer, mas porque o amigo ganhou e comentou com ela. Não precisa planejar uma semana em viagem, cheio de programações e roteiros, mas pode ser uma tarde de qualidade, com atenção voltada 100% nela, um passeio ao parque, tomando um sorvete, coisas simples, mas que será memória dela momentos afetivos”, completa.
Se o presente físico for a melhor opção
Caso a família queira presentear a criança com um brinquedo, é importante levar em consideração alguns pontos. “É necessário avaliar se a criança tem idade suficiente para entender o brinquedo, se será atrativo para ela. Se dá um brinquedo muito além do que a criança tem entendimento para brincar, ela não vai se interessar por ele, o mesmo acontece ao inverso”, indica.
Entre os citados pela psicóloga, os mais indicados são os que levam a criança a pensar, que desenvolve atenção, como jogo da memória, quebra-cabeça, cubo mágico, do que brinquedos prontos, que não a fazem pensar ou planejar. Brinquedos eletrônicos também não são indicados – como celular, videogamaes etc – e quando dados necessitam de supervisão e rotina com horários definidos para uso.
Solidariedade desde a infância
A doação é um ato que torna as pessoas mais humanas, fazendo-as enxergar além da própria realidade. “Doação de brinquedos e objetos que não usamos mais em casa é muito importante, mas a criança só fará se ela ver o adulto fazer o mesmo. Não é simplesmente tirar porque o armário ou a caixa de brinquedos está cheia, mas há uma reflexão por trás disso. Mostrar que está chegando o Dia das Crianças, Natal e muitas não ganham presentes nessa época, e esse é o momento de fazer essas que precisam felizes. Isso vai levar ela a pensar o porque está guardando tantos brinquedos, que muitas vezes estão esquecidos”, aconselha.
Ainda, diz que deve ser trabalhado mostrando que o brinquedo deve estar em bom estado, enfatizando a empatia. É importante que ele também reconheça outra realidade, portanto, participe dessa doação. Também não é aconselhado fazer isso escondido, sem a criança perceber, por exemplo.
“As crianças estão desenvolvendo sua personalidade, então as experiências que elas vivem, o ambiente que ela está inserida, irá interferir diretamente na vida dela. Então se hoje ela tem acesso a tudo o que quer, no futuro, quando precisar lidar com situações em que o acesso ao que ela quer, ficará frustrada e não saberá administrar a situação. Quando enfatizamos o compartilhamento, estamos mostrando para as crianças que ninguém é autossuficiente, que precisamos ajudar nosso próximo. Se ela não compartilha nada quando criança, será que ela vai compartilhar quando for adulta?”, finaliza.