Você já escutou alguém reclamar que tal pessoal não sai da frente do computador, celular ou internet ou que está viciada?
Você já escutou alguém reclamar que tal pessoal não sai da frente do computador, celular ou internet ou que está viciada? Acredito que sim! Talvez até você já tenha se perguntado se não está exagerando no uso da Internet, dando-se conta de que precisa de mais moderação. A vida humana acabou afetada em diversos sentidos com a chegada da internet e a evolução tecnológica. Hábitos, costumes e tradições foram mudados a partir do momento em que incorporamos em nosso dia a dia o prazer de navegar pela web e consumir informação.
Antes do surgimento da internet, tínhamos o rádio e televisão como a grande sensação, mesmo o tempo passando e eles ainda estão presentes em nossas vidas, seja dirigindo, cuidando da casa, estamos com algum aparelho ligado, ouvindo e vendo idéias, musicas, noticias e acontecimentos externos, estamos conectados ao mundo.
Porém, incontestavelmente a internet predomina como fonte de informação e conexão com o mundo. Cada dia mais acessível através de dispositivos como computadores, celulares, tablets, smartwatch (os famosos relógios inteligentes) que chegam a ser em alguns casos considerados como uma extensão do corpo da pessoa, monitorando batimentos cardíacos, pressão, glicemia dentre outros parâmetros vitais, além de localização, percursos, agenda etc… O fato é que toda essa diversidade tecnológica trouxe alterações em nossa vida, mas a tornando inimaginável sem a tecnologia.
Tudo isso faz parte da nossa rotina, mas para os jovens, a tecnologia é mais do que facilidade e comunicação, é também fonte de prazer e satisfação. Quando observamos os adolescentes nesse contato mais intenso com o mundo digital e virtual vemos que está além de um simples meio facilitador das coisas, acabando por se tornar uma dependência. Provavelmente até mesmo você já tenha se deparado com o desafio de se desconectar um pouco mais do mundo virtual e voltar para a realidade. Essa divisão de atenção entre os dois mundos acaba gerando alguns problemas, especialmente aos jovens, com suas mentes mais agitadas e sedentas por novos estímulos.
Quando observamos jovens no âmbito estudantil ou acadêmico, constatamos a necessidade da busca constante por informações para complementar os ensinamentos passados por seus professores. Segundo índices apontados pelo Comitê Gestor de internet no Brasil, as informações buscadas por esses jovens e suas trocas de mensagens na internet são muito maiores para atividades que não envolvem assuntos escolares. Esses resultados demonstram o quanto é preocupante a utilização descontrolada, pois problemas como isolamento social, ansiedade e perda de interesse pelos estudos são exemplos de consequências que afetam diretamente a cognição dos jovens e adolescentes nesse contexto.
A cada dia a tecnologia está mais avançada e à medida que os estímulos visuais advindos dela aumentam, igualmente crescem os problemas psicológicos. Mesmo com a facilitação dos processos e automação das rotinas humanas, teoricamente teríamos mais tempo livre e liberdade para melhor utilizarmos o tempo para outras coisas, mas o que vemos são pessoas se tornando mais sedentárias e acomodadas devido a facilidade, rapidez e flexibilidade que a aquisição de informações são providas pela tecnologia.
O fato é que infelizmente não estamos sabendo lidar com toda essa enxurrada de informações que a tecnologia nos apresenta. Seja na cama, no sofá, andando ou parado estamos utilizando nossos celulares, notebooks e dispositivos conectados a internet, esse uso desenfreado acaba gerando uma dependência, que traz consigo a ansiedade e que por sua vez encontra brechas no medo de em algum momento faltar internet, uma resposta a uma mensagem ou um like tão esperado que não chega.
Além desses fatores existem outros que podem ser levados em consideração, como a falta de atenção ao interagir com outras pessoas. Essa excitação advinda da realidade virtual com estímulos visuais constantes acabam por desinteressar os jovens de relações corriqueiras e triviais. Não dá pra negar que o jovem prefere viver a vida virtual, muitas vezes se desconectando totalmente da realidade. Sim, esse é um desafio para os dias atuais! Como lidar com essa realidade em que vivemos e a realidade virtual que a cada dia arrasta mais pessoas para seu meio?
Primeira coisa que precisamos compreender é sobre o interesse e potencial que ambas as realidades despertam e têm a oferecer. Muito provavelmente os benefícios e as possibilidades de satisfação e prazer que a realidade virtual oferecem sejam mais atrativas do que a dura realidade da vida real. Alguns encaram a realidade do mundo real de forma muito desafiadora, saem dispostos a matar um leão por dia, já outra parte significativa dos jovens internautas, simplesmente se acomodam em suas cadeiras gamers e não tem tanta disposição para encarar esses desafios, preferem a realidade virtual onde as verdades podem ser distorcidas ou ofuscadas pela beleza das cores e encantos das novidades.
O fato é que tanto na vida real, quanto na vida virtual existe um fator determinante que precisa ser levado em conta ao acordar ou ao se conectar, o fator tempo. Em ambas realidades podemos utilizá-lo ou descartá-lo, produzindo ou regredindo. Sem traçar um breve paralelo entre a realidade da vida real e virtual, fica difícil determinar como uma ação que proporcione o equilíbrio possa ser tomada. Porque de uma coisa estamos certos, não temos como impedir que a atual geração e as que virão adentrem nesse universo paralelo de possibilidades infinitas, que aparentemente exigem tão pouco esforço do nosso corpo físico, mas um esforço muito maior precisa ser feito em uma parte central, que mesmo não sendo um músculo, deve ser exercitado como um, para conseguirmos seu melhor desempenho. Me refiro ao cérebro, pois é com ele e por ele que todo o mundo virtual acontece.
Então, antes de explorarmos mais a fundo sobre a realidade virtual, precisamos iniciar nosso entendimento a partir da causa de tudo, afinal é da mente humana que surgiram todas as expressões expostas nas realidades virtuais, especialmente do metaverso, o qual pretendo abordar em artigos futuros. Esse desejo da mente humana em alcançar e conhecer o universo, planetas, estrelas e galáxias é imensurável, está intrínseco à sua natureza. No entanto, precisamos compreender as limitações que existem em nossos cérebros no que tange ao processamento de informações simultâneas. Por isso processadores e super computadores foram desenvolvidos, para executarem tarefas que até então eram limitadas. Esse grande volume de informações e dados recebidos pelo cérebro em diversos formatos como textos, imagens, vídeos, etc, podem fazer com que a memória acabe sobrecarregada e com isso ocorra uma sobrecarga cognitiva. O resultado é que as informações recebidas acabam por não gerar conhecimento.
O acesso à diversas informações não é garantia de que se obterá um verdadeiro e significativo conhecimento e, muito menos, uma aprendizagem eficaz. Para que isso ocorra, é necessário que, frente às informações apresentadas, as pessoas possam reelaborar e organizar o seu conhecimento, visando uma nova construção. Essa construção deverá estar alicerçada em parâmetros cognitivos que envolvam a autorregulação, aspectos motivacionais, reflexão e criticidade frente a um fluxo de informações que se atualizam permanentemente.
Há quem diga que esse excesso de informações gerem conhecimento, mas isso não é aprendizagem, os jovens não estão tendo uma compreensão necessária e com isso as informações não estão sendo processadas nem associadas e muito menos interligadas, são informações soltas, aleatórias incapazes de gerar um entendimento mais profundo sobre os temas.
Isso significa que quando estamos tratando de suprir os anseios da nossa mente por mais saberes, muitas vezes o mais pode ser menos. Essa variedade de informações, com diversas janelas abertas ao mesmo tempo no computador, assim como mensagens chegando sem parar, músicas tocando, celular tocando sem parar, fica difícil selecionar qual a atividade principal a ser focada, causando distrações. Como resultado, o que vemos é cada dia mais jovens distraídos e vivendo apenas o momento, deixando de planejar e organizar seu futuro.
Constatamos então, que a relação entre os entes queridos foi completamente modificada nos dias atuais, mesmo com todos os benefícios gerados pela tecnologia, há que se pesar os problemas comportamentais que afetam esses jovens. Infelizmente, o que vemos é que ainda são bastante vulneráveis por estarem em uma idade de intensas transformações psicológicas e biológicas.
Com isso, podemos concluir a necessidade de avaliarmos os impactos advindos dessa era tecnológica, como o isolamento social, depressão, ansiedade, dependência e narcisismo que afetam essa geração de uma maneira mais séria, restando aos pais, professores e profissionais da educação uma intervenção. Fica-se então, nas mãos dos responsáveis tomarem as melhores decisões, buscando estratégias adequadas e gerando um ambiente mais propício para o verdadeiro desenvolvimento do saber.
Em artigos futuros pretendo trazer idéias e sugestões de como estratégias e gestão do saber, podem ser desenvolvidas para que possam prender a atenção dos jovens ao mesmo tempo em que desperte interesse. Então, fiquem ligados nas próximas publicações.
Cristhian Bini
Analista de Suporte e Gestor de Redes