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UPA atende mais de 1.800 pessoas no final de semana e pacientes seguem reclamando da demora

Em uma situação exposta em tribuna na Câmara dos Vereadores, paciente que esperou por um ano e três meses por exame de imagem foi encaminhada para clínica errada

UPA atende mais de 1.800 pessoas no final de  semana e pacientes seguem reclamando da demora

A Prefeitura de Campo Largo divulgou na última quarta-feira (29) a informação que a Unidade de Pronto Atendimento de Campo Largo “bateu recorde” em número de atendimento no último final de semana, quando alcançou 1.808 pacientes atendidos, em três dias seguidos de plantões de 24h (sexta, sábado e domingo).

Entre adultos e crianças, na sexta-feira, dia 24/06, foram 660 pessoas atendidas. Já no sábado, dia 25/06, foram 566, enquanto que no domingo foram 582 casos atendidos pelos médicos. Essa situação, na comparação com os dias do fim de semana anterior (17/06 - 452, 18/06 - 393 e 19/06 - 371, total de 1.216), revela um aumento de 61% na procura.

Segundo a Prefeitura, o movimento é monitorado diariamente pela pasta e ultrapassou dias em que, de forma recorrente, a demanda costuma ser maior como, por exemplo, segundas-feiras (após as 18h). E revela que tanto a escala atual do quadro de médicos quanto o protocolo recém implantado - chamado Classificação de Risco - estão ajudando a dar vazão nesse aumento exponencial da demanda que, segundo o quadro médico, se deve a muitos casos com sintomas respiratórios.

Reclamações
A Folha recebe quase diariamente reclamações de pacientes que esperam longas horas por atendimento na UPA. Na quarta-feira (29), por exemplo, uma mãe relatou ficar desde às 8h30 até próximo das 15h com seu filho pequeno, com febre de 39oC e dores na garganta, aguardando atendimento de um pediatra.

Outro leitor também entrou em contato. “A reclamação não é só por mim, mas por todos aqui de Campo Largo. Hoje (20) fui três vezes lá, tinha uma fila enorme, só um médico para atender, então saí sem ser atendido. Há pessoas aguardando há horas lá, idosos. Eu pergunto onde estão os médicos para o atendimento?”, indaga.

Uma mãe contou que esperou cerca de seis horas somente para realizar o exame da Covid-19 nela e em seu filho, que teve resultado negativo. “Precisei aguardar seis horas para passar pela consulta e pegar a guia para o exame da Covid-19, graças a Deus não era. Mas penso, quantas pessoas acabam sendo expostas a doenças esperando por um atendimento médico. Algo precisa ser feito com urgência”, comenta.

Sobre as reclamações da demora no atendimento a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta edição.

Atendimento UPA
Conforme divulgação do texto da Prefeitura de Campo Largo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, foi decidido implementar na UPA, gradativamente, o protocolo criado pelo Ministério da Saúde e utilizado por todo o Sistema Único de Saúde (SUS) porque a ferramenta serve para os profissionais de saúde definirem prioridades de atendimento e organizarem as filas de espera por atendimento. Tal método de classificação é amplamente utilizado no mundo (em mais de 25 países) e determina quais são os atendimentos prioritários na unidade de emergência.

Muitos pacientes que estão no aguardo não entendem como funcionam os critérios para atendimento, especialmente nos casos de urgência. “Lembramos que a maior parte dos casos atendidos na UPA são demorados porque se tratam de urgência e emergência, ou seja, casos mais graves com risco de morte ou que exigem atendimento na hora, bem como transferência para hospitais de referência (um trabalho conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde), procedimento este que possui um tempo de espera. E, nessa rotina, a adoção do protocolo possibilita identificar rapidamente quais são os pacientes estáveis e quais casos precisam ser priorizados”, explica a secretária municipal de saúde, Danielle Fedalto.

Para se entender melhor a demora nos atendimentos é necessário compreender a situação que  muitos pacientes  chegam à UPA. São desde  crises de convulsão, paradas cardiorrespiratórias, hemorragias sem controle, queimaduras  no corpo, até tentativa de suicídio, entre outros  e que, via de regra, não são atendimentos rápidos e que exigem uma equipe para atendimento. Ou seja, em situações assim os médicos que estão em consultório na UPA precisam deixar de atender para, rapidamente, compor a equipe de urgência e emergência.

Sendo assim, a Prefeitura solicita que a população colabore procurando por atendimentos que não são de urgência e emergência nos dias de atendimento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos seus bairros. Também se mantém a recomendação do uso de máscaras, pois as mudanças típicas de temperatura somadas à flexibilização do uso de máscaras vem ampliando os casos de Síndrome Respiratória e o vírus da Covid-19 segue circulando.

Situação exposta na Câmara
Na sessão ordinária da última segunda-feira (27), o vereador Alexandre Guimarães expôs uma situação de uma paciente durante o uso da palavra em tribuna. Segundo o vereador, uma paciente saiu do interior do município – região do São Pedro – no dia 08 de junho para realizar um exame de imagem – ultrassonografia de mama, paciente portadora de câncer que ficou mais de um ano e três meses na fila – e ela acabou sendo encaminhada pela Secretaria de Saúde para o Consórcio Metropolitano, como trâmite normal. O exame saiu para uma clínica localizada em Colombo. Quando chegou em Colombo foi informada que não era lá o atendimento, mas sim na Unidade Dante em Campo Largo.

 “Nós sofremos com falta de informação e de uma logística para fazer o encaminhamento dos pacientes em determinado serviço de saúde. Essa é uma situação absurda, que aconteceu há alguns dias, e que foi motivo de denúncia para a Comissão de Saúde da Câmara e que iremos  ter que tomar providências, pois não pode passar em branco. A paciente só não perdeu a consulta porque ela entrou em contato com Miguel Marques, que foi diretor de algumas instituições de saúde e é funcionário público aposentado e tinha informações corretas para passar para ela e conseguiu – após tentar muito – ser atendido no Gabinete e fez com que ela não perdesse a consulta após mais de um ano de espera”, frisou o vereador.

Ele ainda reiterou que a Comissão de Saúde irá pedir todas as informações que forem pertinentes à Secretaria de Saúde, para que possam “corrigir distorções como essa para que elas não aconteçam mais”.
A Folha questionou essa situação em específico e aguarda o posicionamento da Prefeitura.