No final de abril, a Sociedade Chauá recebeu, representado por Pablo Hoffman, engenheiro Florestal e diretor executivo da Ong, o Prêmio Whitley
No final de abril, a Sociedade Chauá recebeu, representado por Pablo Hoffman, engenheiro Florestal e diretor executivo da Ong, o Prêmio Whitley, emitido pela Whitley Fund for Nature (WFN), fundação de conservação da vida selvagem sediada no Reino Unido, e o valor de 40 mil libras, aproximadamente R$ 250 mil.
“É um prêmio de destaque para conservação, destinado a Ongs que fazem a diferença no local em que atuam, na preservação da natureza. Nós nos inscrevemos e passamos por uma série de etapas, é bem concorrido. Nós já nos inscrevemos três vezes, mas o projeto ainda estava em uma fase inicial no ano de 2015, em 2019 ficamos entre os 30 melhores e este ano conquistamos. Este prêmio é um tipo de Oscar mesmo da conservação ambiental, tem alto valor de reconhecimento. Receber este prêmio é muito gratificante, porque é todo um trabalho de vida, dedicação diária que recebe este reconhecimento”, enfatiza Pablo em entrevista à Folha de Campo Largo.
Ele destaca a relevância em ver a Floresta com Araucárias, objeto de pesquisa da Ong, ser reconhecida e debatida em todo o mundo. O trabalho da Sociedade Chauá volta-se especialmente para o estudo da floresta com araucárias. Pablo frisa que a floresta com araucária é um ecossistema no qual Campo Largo está inserido, que toma cerca de 40% do Estado do Paraná e antes da colonização era dominante.
“Hoje em termos de área preservada existe menos de 1% - aquelas que são parecidas com as originais, com grande porte de árvores, diversidade de arbustos e demais árvores e mesmo de animais. Há vários remanescentes, que nem sempre são bem cuidados e de qualidade. Essa era uma floresta que cobre pelo menos 40% do estado, ainda é pouco quando vamos atrás de áreas bem preservadas. Mesmo quando temos remanescentes, é comum perceber que eles são afastados uns dos outros, não possuem ligação entre si, o que vai causando perda de qualidade do ambiente, as espécies vão sendo extintas daquele local e vai diminuindo o ecossistema existente ali. É um sistema extremamente ameaçado, provavelmente o mais ameaçado do Brasil e um dos mais ameaçados do mundo”, completa.
Pablo explica que é comum que pessoas justifiquem que há muitos pinheiros de araucárias espalhados no Paraná, mas que isso não é suficiente. O pinheiro de araucária é uma árvore predominante e de fácil identificação, mas junto desta espécie, quando se fala em floresta com araucárias, há pelo menos de 250 a 300 espécies de árvores e arbustos, formando um ecossistema.
“Quando diminui a área da floresta com araucária, essas espécies ficaram muito mais ameaçadas e raras, pois mesmo em uma área determinada, muitas vezes se encontra uma planta em cada 100 de determinado tipo. Temos uma lista muito grande, que compreende cerca de 700 ervas, bromélias, arbustos, trepadeiras, orquídeas, cactos, entre outros, que vivem em um ecossistema ou que deveriam compor ele hoje”, explica.
Ele comenta que este é um prêmio bastante importante porque expande a oportunidade de troca de informações entre Ongs voltadas à conservação ambiental e permite que continuem a submeter o projeto para o reconhecimento em anos subsequentes, além da parte de divulgação e comunicação, que auxilia a expandir o projeto.
O reconhecimento internacional não é novidade na Chauá. Em 2018 eles receberam o uma premiação de outra instituição da Inglaterra, o Marsh Awards.
Culpados da degradação
A degradação é composta de muitos fatores. Entre eles está o manejo ilegal e a exploração desenfreada deste ecossistema.
Outra situação são as espécies invasoras, trazidas de outros ecossistemas, se reproduzindo de maneira mais voraz e tomam espaço, nutrientes, prejudicam e muitas vezes matam as espécies nativas, e se estabelecem naquele local, formando uma floresta de invasoras.
“Se formos investigar, mesmo em um pedaço pequeno vamos encontrar muitas invasoras. Este é o segundo fator que mais promove a degradação de ecossistemas no mundo. Na nossa região temos o pinus, uva do Japão, amora preta, o beijinho, lírio do brejo, entre outras”, exemplifica, enfatizando que não se deve disseminar sementes de plantas exóticas e invasoras.