Foi realizado na manhã desta segunda-feira (02) um ato público em memória ao camponês Antônio Tavares, que faleceu em 02 de maio de 2000.
Foi realizado na manhã desta segunda-feira (02) um ato público em memória ao camponês Antônio Tavares, que faleceu em 02 de maio de 2000. O ato reuniu participantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sindicatos, organizações e coletivos de direitos humanos no Km 108 da BR 277, local em que onde está localizado o monumento projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em homenagem ao trabalhador e a todas as vítimas do latifúndio.
Conforme divulgação do MST, durante o ato, cartazes foram erguidos denunciando a violência vivida no campo durante o período do governo Lerner – governo vigente na data da morte de Antônio Tavares. Nos cartazes estavam escritas as frases: 31 tentativa de homicídio; 16 assassinato; 134 despejos violentos; 7 vítimas de tortura; 47 ameaçados de morte.
“A violência desde então não acabou nem diminuiu, entre 2011 e 2015 foram registrados 6737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. No período seguinte, de 2016 a 2021, esses números subiram para 10.384 conflitos atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial crianças, jovens e mulheres. Os assassinatos saltaram de um total de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Os dados foram registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT)”, ressalta a publicação feita pelo MST.
Processo
Em julho de 2021, a Folha trouxe uma reportagem sobre o certame envolvendo a empresa campo-larguense Postepar e o MST a cerca da retirada ou não do monumento a Antônio Tavares fixada no terreno. O monumento está instalado desde fevereiro de 2001 e o processo ganhou até mesmo repercussão internacional. A discussão pode fazer o monumento, em homenagem ao trabalhador e manifestante Antônio Tavares Pereira morto em confronto com a Polícia Militar e assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, mudar de endereço no futuro, a depender da decisão do processo.
A área do terreno da Postepar onde está instalado o monumento faz parte de um acordo de comodato entre a empresa e várias entidades, com validade de cinco anos e vinha sendo prorrogado automaticamente a cada vencimento por mais cinco anos desde 2001. Porém, conforme retratado em 2021 pela Folha, desde 2016 a Postepar vem notificando que não há interesse em dar continuidade a este contrato, visto que possui outros planos de ampliação da empresa para esta área.
A Folha tentou contato com a Postepar e o advogado que representa a empresa no processo, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Em seu site oficial, o MST abordou o caso do processo e afirmou que o manifesto realizado na última segunda-feira também aconteceu para reivindicar o tombamento do monumento como patrimônio histórico. “O caso Antônio Tavares ainda aguarda a definição de data para que a Corte Interamericana convoque uma audiência pública. Essa audiência está prevista para ocorrer durante o 149ª Período de Sessão Ordinária da Corte IDH, entre 13 de junho e 1 de julho”, declara o MST em seu site oficial.
No site do MST, Roberto Baggio, integrante da direção nacional do MST, declara que “o monumento é uma obra viva, que expressa a atualidade da Reforma Agrária, denuncia a violência do passado e o presente de paralisação da Reforma Agrária e continuidade da violência”. Completa ainda dizendo que “Tavares foi assassinado lutando para trabalhar, ter um pedaço de terra, estava se somando com demais para que os demais camponeses tivessem também. Esse monumento expressa um projeto de sociedade, essa é sua força maior. Alimento, educação, esperança e fé em diversas dimensões. Por isso é um momento que tem que se manter vivo. É um momento de memória, mas atual porque alimenta o direito à vida”.
O posicionamento do MST traz ainda que a “realização da audiência na Corte nas próximas semanas será uma importante oportunidade de resgatar o contexto histórico dos fatos e também apontar as permanências que devem ser enfrentadas de maneira estrutural pelo Estado”.