Desde fevereiro de 2022 os alunos que ingressaram no Ensino Médio, seja de colégios públicos ou particulares, em todo o Brasil, iniciaram o programa intitulado de Novo Ensino Médio. O programa, previsto na Lei Federal nº 13.415/2017, traz ampliação de carga horária e aprofundamento em áreas do conhecimento que têm relação com o futuro profissional e acadêmico dos estudantes, para desenvolver suas aptidões e interesses.

A Folha de Campo Largo conversou com Vaness Ruthes, coordenadora do Novo Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação – Seed – que explicou melhor sobre o programa. “A implantação do novo modelo é gradativa e começa pelos alunos que entraram agora para o Ensino Médio e estão no primeiro ano. Para os alunos do segundo e terceiro anos nada muda. A implementação seguirá em 2023 para as segundas séries e, em 2024, completando o ciclo, para as terceiras séries.”

“Tivemos a ampliação de 200 horas/relógio de disciplinas que estão sendo acrescentadas ou com uma aula extra, quando o aluno fica até 12h45 pela manhã no colégio ou em dia específico na semana, que o aluno fica o dia todo na escola. Para os estudantes do noturno, foi realizada uma pesquisa, em que a maioria declarou ter dificuldades em chegar mais cedo e era inviável permanecer no colégio por mais uma aula à noite, então dispomos de atividades assíncronas, pelas plataformas digitais ou aulas aos sábados”, relembra.

Assim, Vanessa explica que a carga horária mínima do estudante no colégio vai de 800 horas para mil horas anuais, totalizando três mil horas ao longo dos três anos, sendo 1.800 destinadas para a Formação Geral Básica (FGB) e 1.200 para a realização dos itinerários formativos.

Para os alunos do diurno, a disponibilidade deste complemento de aulas é variável de acordo com a realidade local, como se há transporte escolar disponível, entre outros fatores. Inclusive a Seed se preocupou em oferecer um cardápio mais reforçado no lanche para que os alunos possam aguentar mais uma aula confortavelmente.

Os alunos possuem os itinerários formativos, que conforme explica Vanessa, podem ser explicados como um conjunto de trilhas de aprendizagem, que são organizadas a partir de uma ou mais áreas do conhecimento. Ela cita a Matemática e suas Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Para cursos que fazem parte do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, há possibilidade de escolher um itinerário de formação técnica ou profissionalizante, como a formação de docentes.

“O aluno escolhe do itinerário formativo a partir do Projeto de Vida, que acontece no primeiro ano do Ensino Médio e mostra as possibilidades que o aluno tem dentro destes aprofundamentos. Por exemplo, se ele quer estudar Direito, o mais indicado é um aprofundamento de Linguagens e suas Tecnologias. Se o desejo for a Engenharia, será encaminhado para Matemática e suas Tecnologias. Ele pode até mudar o itinerário formativo ao longo do Ensino Médio, mas será feito um trabalho para reconhecer o que o fez mudar de ideia e instruí-lo da melhor forma”, completa.

Vanessa ainda acrescenta que existem sim aplicações de atividades avaliativas, como provas e trabalhos, além de faltas para quando os alunos não comparecem e podem acontecer reprovações nesta disciplina. Ela ressalta que nenhuma disciplina foi suprimida do currículo dos estudantes e que foram integradas aos itinerários formativos também, portanto, alunos que tenham interesse pela área do conhecimento receberão esses conteúdos de maneira aprofundada.

Segundo a divisão divulgada pelo Estado do Paraná, as disciplinas da Formação Geral Básica estão organizadas nas quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, formada pelos componentes curriculares de Arte, Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Educação Física; Ciências da Natureza e suas Tecnologias, com Química, Física e Biologia; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, composta por História, Geografia, Sociologia e Filosofia e Matemática e suas Tecnologias, que contempla somente o componente de Matemática.

Projeto de Vida
Conforme explica Vanessa, no Projeto de Vida, o estudante irá desenvolver habilidades e receber apoio para pensar sobre seus sonhos e objetivos. Assim, ele se sentirá mais preparado para escolher itinerário formativo e planejar seus próximos passos nas vidas acadêmica e profissional.

Segundo a Seed, “o professor do Projeto de Vida atuará como um mediador entre os estudantes e suas expectativas, auxiliando na construção das dimensões profissional, cidadã e pessoal de cada um. Essa orientação acontecerá, por exemplo, por meio de atividades sobre o mundo do trabalho e as possibilidades de atuação profissional (incluindo conversas sobre carreira, emprego, renda, empreendedorismo e inovação)”.

Formação de professores
A Seed divulgou ainda que, ao longo do ano de 2021, foram promovidas ações de formação para preparar os profissionais da educação para  implementar o novo modelo. Entre novembro e dezembro, aconteceu o Seminário de Formação sobre o Novo Ensino Médio, destinado a professores. Já em setembro e outubro, houve uma série de oficinas presenciais de formação com os pedagogos. Os diretores, por sua vez, tiveram reuniões com a Seed-PR acerca do Novo Ensino Médio nos meses de agosto e setembro.