Para quem irá financiar, é importante ficar atento aos juros, que tendem a aumentar ao longo do ano
Seja para investir ou para morar, muitas pessoas tendem a ver no mercado imobiliário um ambiente seguro. Com taxas mais baixas, disponibilidade de crédito e escassez de imóveis prontos para morar, o setor se mostra mais uma vez seguro para investimento durante períodos de economia instável.
Daniel de Brito, economista especializado em Planejamento e Gestão de Negócios e empresário do mercado imobiliário, avalia que 2022 ainda é uma “caixinha de surpresas”. “Nós temos a inflação, que está crescendo bastante, taxa de juros e Selic, que estão aumentando bastante e prejudicam o comprador de renda menor e cria um obstáculo para a compra, fazendo com que ela pesquise mais e considere outros fatores também. Por outro lado, pessoas de média a alta renda procuram por investimentos mais seguros, que são os imóveis, pelo menos para passar esse momento de incerteza.”
Sobre o investimento, Daniel explica que há investidores que percebem a falta de imóveis prontos à disposição do mercado, então adquirem com a intenção de valorizar – regra da oferta e demanda – a curto e médio prazo, conseguindo uma boa margem de lucro.
Para quem quer vender um imóvel, essa pode ser uma ótima oportunidade. Quando há investidores interessados em realizar esse tipo de aplicação, há mais facilidade e até mesmo uma forma de conseguir uma boa proposta. “Se ela estiver vendendo para aplicar esse dinheiro, é importante considerar onde ele será investido, para ver se é realmente a hora de fazer isso. Verifique se é seguro, qual o valor, por quanto tempo. O porquê dessa venda deve sempre ser levado em conta. Se ela está vendendo para trocar por um imóvel maior, o momento é bom, pois o mercado está agitado, por exemplo”, diz.Daniel explica que é importante avaliar com cautela essa situação, pois em uma aplicação errada, dificilmente será recuperado o valor do imóvel que foi vendido, justamente pela tendência da valorização.
Entre os fatores de influência para a caminhada do mercado imobiliário de 2022, Daniel coloca também o ano eleitoral, que torna o setor mais apreensivo, com certa instabilidade, especialmente por ser a nível nacional e estadual, pois apontam tendências para o futuro.
É momento de comprar?
Para quem está procurando imóvel para financiamento, esse é um momento consideravelmente favorável. “Com a baixa na taxa de juros em 2021, que já subiram um pouco neste início de ano e a tendência para que ela suba, esse é o momento para comprar. Se ela tem um imóvel em vista e consegue ter um valor em caixa para esse investimento, é importante que faça, pois dificilmente pegará as mesmas taxas de juros ao longo do ano, que segue para o aumento. No final de 2022 pode acontecer de ter uma queda, mas dificilmente ela será tão baixa quanto hoje”, recomenda.
A aprovação para financiamentos tem sido relativamente fácil, especialmente pela entrada de novos bancos com crédito imobiliário. A exigência não é considerada alta. “Levam em conta uma boa renda, FGTS para dar de entrada – não é comum que o banco financie 100% do valor -, uma reserva para a documentação. Há empresas que facilitam a entrada por meio do parcelamento e outras que dão a documentação do imóvel adquirido no lançamento, por isso vale a pena ficar atento aos benefícios oferecidos pelas construtoras. Há algumas que incluem até o piso, algum ambiente decorado e até mesmo eletrodomésticos”, ressalta.
Locação de imóveis
“Para quem quer, prefere alugar, ela precisa primeiro saber por quanto tempo ela pretende ficar no local. Por exemplo, ‘pretendo ficar na cidade por dois anos’, com certeza a locação é a melhor escolha, não vale a pena comprar – a menos que seja um negócio muito bom, imperdível – pois não vale a pena imobilizar um dinheiro. Às vezes precisa do dinheiro de maneira mais rápida e se vê na situação de vender o imóvel por um valor mais baixo. Para quem quer morar por mais de cinco anos, dependendo das necessidades dela, é mais vantajoso comprar”, orienta. “É difícil perder dinheiro com imóvel, muitas vezes falta planejamento, compras no impulso, então é importante pensar bem antes”, revela.
Na RMC e na capital foi visto um aumento nos valores de aluguéis por conta da falta de oferta de imóveis residenciais prontos, sendo difícil encontrar casas com boa estrutura e localização por valores abaixo de R$ 1.200,00. Comparado com Curitiba, Campo Largo é mais em conta, por isso muitas pessoas buscam a cidade para viver.
“No reajuste dos aluguéis, o IGPM é o mais usado, e que fechou em mais de 30% no ano passado, o que acabou inviabilizando e mudando para o IPCA. A minha empresa já trabalhava antes com o IPCA, pois a oscilação dele é menor e corrige a inflação. Então, o proprietário não tem perda de valor e para o inquilino é uma segurança maior que o imóvel não irá ter aumentos tão significativos ao longo do ano”, explica.
Um panorama de 2021
“Em 2021 foi um ano que no início esperávamos mais conturbado e retraído, mas vimos que houve um aquecimento grande para o setor imobiliário. Na nossa empresa, durante o fechamento de 2021 vimos um crescimento de 50% no número de vendas, o que foi sentido também por colegas da área da Região Metropolitana de Curitiba”, revela.
Segundo Daniel, o ano de 2021 foi bom para vendas e locação de imóveis, que teve bastante procura, surpreendendo os setores de construção civil, que se empenharam em fazer lançamentos de empreendimentos, bem como as imobiliárias, que apresentaram esses imóveis ao cliente.
“É importante nós lembrarmos que o ano de 2021 foi marcado pela redução das taxas, como o aumento no volume de crédito, disponibilizado pelo Governo Federal e até mesmo bancos que não eram tradicionais e ofereceram juros baixos”, explica.
A questão da pandemia mesmo também foi um fator que influenciou na busca. Se antes a procura era maior por apartamentos e segurança em condomínios, foi visualizada a necessidade de casas maiores, com quintais, por conta do isolamento social, home office e escolas remotas.