Durante a missa solene, Padre Chiquito declarou que a fé ajuda na formação de bons cristãos
Às 9h do dia 02 de fevereiro de 2022 os sinos ressoaram, anunciando à comunidade que a celebração iria começar. O silêncio tomou conta por alguns minutos dos fiéis que já estavam presentes na Praça Atílio Almeida Barbosa, a popular Praça da Matriz Nossa Senhora da Piedade e marco zero de Campo Largo. Aos poucos, mais fiéis chegavam, encontravam um lugar e formavam uma pequena multidão movida pela fé. Assim iniciaram as comemorações dos 196 anos de construção da primeira paróquia de Campo Largo e do dia de Nossa Senhora da Piedade, padroeira da cidade.
Além da comunidade, autoridades municipais, como o prefeito Maurício Rivabem, o presidente da Câmara de Vereadores, secretários, autoridades policiais e representantes da Guarda Municipal estiveram no local, prestigiando a celebração.
No primeiro ato, a Banda da Polícia Militar alegrou o local, tocando várias músicas aos que estavam presentes. A atmosfera de festa, comemoração e fé, após praticamente dois anos de pandemia tomou conta dos fiéis presentes, que participaram com palmas e sorrisos. Em seguida, o início do Ato Cívico se deu com o Hino Nacional, Hino de Campo Largo e Hino da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, enquanto as bandeiras do Brasil, Paraná e Campo Largo eram hasteadas pelo prefeito Maurício Rivabem, o presidente da Câmara, Pedrinho Barausse e o pároco, Padre Chiquito.
Discursos do Ato Cívico
O primeiro a discursar foi o prefeito Maurício Rivabem, que destacou que os planejamentos para a festa da padroeira eram maiores do que foi feito no ano de 2021, mas infelizmente, a cidade – assim como o mundo todo – foi acometido por mais uma cepa da Covid-19. “Graças a Deus, hoje nós temos somente duas pessoas internadas, embora a cidade registre centenas de pessoas contaminadas. Das pessoas que estiveram internadas, 77% são pessoas que não vacinaram, 14% que vacinou com uma só dose e somente 9% são pessoas que tomaram as duas doses. Desses 9%, a maioria são pacientes que apresentam comorbidades graves, como diabetes e problemas renais. Nós temos que ter a consciência da nossa proteção e dos nossos queridos que infelizmente ainda não vacinaram.”
O prefeito continuou reforçando que almeja a cidade livre da doença, onde todos possam celebrar momentos especiais juntos novamente e reforçando a necessidade da oração. “Nós temos que orar e agradecer por nossas vidas e também pelos 500 campo-larguenses que faleceram por conta desta doença e por suas famílias enlutadas”, declarou.
“Estamos planejando grandes obras para a comemoração dos 200 anos de construção da Paróquia Nossa Senhora da Piedade. Já estamos fazendo projetos para a praça, que se tornou municipal e deve começar a partir deste ano e permitirá que o campo-larguense possa estar aqui, comemorando e celebrando”, revela.
O Padre Chiquito também discursou durante o ato cívico. “Tivemos uma missa pela manhã, cedo, com grande participação e teremos novamente à noite, encerrando os festejos. Que Deus abençoe sempre a todos nós, nossas famílias e toda a bela e grande Campo Largo. Que Nossa Senhora da Piedade possa sempre olhar com carinho de mãe para todos nós.”
Entre o ato cívico e o início da missa, foi realizada a bênção das velas, pois é a data litúrgica da apresentação do Senhor ao templo.
Celebração da missa
Durante a celebração da missa, o Padre Chiquito agradeceu a presença de toda a comunidade e das autoridades presentes. Ressaltou a importância da estruturação da fé também para a construção do cidadão de bem. “Essa, mais do que a nossa festa em celebração a Nossa Senhora da Piedade, é a festa da nossa cidade. Começamos com o ato cívico, importante para termos a consciência de que somos cidadãos. Para ter bons cidadãos, é importante sermos bons cristãos, com valores da fé bem trabalhados e com constante aprimoramento”, disse.
“Enquanto acontecia o ato cívico, fiquei pensando ‘que bom seria se toda a Campo Largo parasse, ao menos para agradecer a Deus, independente da sua denominação, pelo amor de Deus’. Todas as missas que celebro, faço para toda a alma que reside nesta cidade”, ressaltou.
Disse ainda, durante a mensagem, que Nossa Senhora da Piedade, com Cristo morto em seus braços reflete a imagem de um momento de sofrimento, mas remete também a importância de todos trabalharem para amenizar as dores daqueles que sofrem. Ele relembrou ainda que imagem peregrina já passou por muitos lugares, seja em casas de fiéis, hospitais, capelas, entre outros, onde trouxe conforto e esperança às pessoas. “A Palavra de Deus nos molda e o evangelho de Jesus nos traz conforto, alegria e paz”, concluiu.
Início de tudo
Em texto lido durante a abertura, os cerimonialistas relembraram o início da história.
“No ano de 1709, na vasta região dos Campos Gerais, era erigida a Capela Nossa Senhora da Conceição, construída pelo Coronel Antônio Luiz, primeiro habitante de Campo Largo. Essa capela, ficou sobre os cuidados dos frades Carmelitas, os quais atendiam também os habitantes da cidade de Palmeira.
Passados 112 anos, em 1821, iniciou a construção da primeira igreja, sendo conduzida pelo Capitão Jerônimo José Vieira e tendo por administradores o Capitão João Antônio da Costa e Padre José Joaquim Ribeiro da Silva. Na primeira igreja, as paredes eram de pedra, com quase um metro de espessura. Foram cobertas com argamassa de cal e areia. Após anos de construção, no dia 02 de fevereiro de 1826 a igreja foi finalmente inaugurada solenemente. Porém, somente em 24 de fevereiro de 1827, que a construção foi abençoada. A imagem de Nossa Senhora da Piedade, em madeira, veio da Bahia em 1816, foi transladada da casa do Tenente Joaquim Costa Lopes Cascaiz até a igreja no dia da inauguração.
Em 16 de outubro de 1828, o Capitão Joaquim José Vieira solicitou ao Bispo Dom Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, que eleva de capela a capela curada, sendo nomeado oficialmente o capelão o Padre José Joaquim da Silva, com limites territoriais definidos pelo governo imperial.
No dia 24 de maio de 1841, Dom Ático Eusébio da Rocha eleva a capela à paróquia inamovível. Os capitães Pedro Martins Saldanha e José Joaquim Ferreira de Moura, no dia 30 de janeiro de 1879 doaram uma pia batismal em mármore, com tampa talhada e envernizada, que é utilizada até hoje.
Neste dia importante e histórico, o espírito dos imigrantes que trouxeram consigo uma religiosidade muito profunda e forte. Em Campo Largo é marcante a veneração a Nossa Senhora da Piedade, e a paróquia, como centro da vida social de Campo Largo. São imigrantes de vários locais do mundo e que se instalaram aqui, que ousaram em construir esse monumento sacro, histórico e cultural de Campo Largo. Foi a partir da construção desta igreja Matriz, que nasceu Campo Largo, que completa neste ano 151 anos de emancipação política.”