Beatriz Sofia Carrião está no 2º ano do Ensino Médio e sempre foi destaque nos estudos e irá morar e estudar em uma província canadense que chega a registrar -30°C
Uma oportunidade que pode impulsionar o futuro acadêmico, profissional e pessoal foi conquistada pela aluna Beatriz Sofia Carrião, do 2º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Otalípio Pereira de Andrade, localizado em Bateias. Beatriz conquistou uma vaga no Programa de Intercâmbio Internacional Ganhando o Mundo, criado pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) para ofertar a estudantes do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná formação acadêmica durante o primeiro semestre em instituições de ensino estrangeiras, que ofereçam curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
A campo-larguense ficará na província de Newfoundland e Labrador, no Canadá, na casa de uma hostfamily no período de 09 de fevereiro a 02 de julho de 2022. O período entre a seleção e a viagem dos estudantes envolveu meses de preparo, inclusive mudança de destino, pois inicialmente os estudantes iriam para a Nova Zelândia – que fechou as fronteiras por conta da Covid-19, e agora irá para o Canadá.
A Folha conversou com a Beatriz e com a mãe dela, Priscila Santos, que contaram mais sobre a experiência. “A Beatriz sempre foi uma menina muito estudiosa e que conseguiu acompanhar bem os conteúdos durante a pandemia. Ela se inscreveu em uma oficina de Leitura da Biblioteca Pública, fez cursos online e conciliou com o curso de inglês – o que ela já faz há mais tempo, como o curso de aprimoramento feito pelo Estado”, revela a mãe, Priscila.
Sobre o curso de inglês, uma história em particular chama a atenção. Beatriz, hoje com 16 anos, teve a oportunidade de escolher entre ganhar um celular ou um curso de inglês como presente de 13 anos. Hoje ela percebe que fez a escolha certa. “Sempre gostei de aprender, é divertido para mim, o estudo e a leitura. Lembro quando eu era pequena, que a minha mãe me levava para a faculdade com ela, via ela sempre estudando e outros membros da minha família também. Sempre tive acesso fácil aos livros, tenho uma estrutura que me permite pesquisar e ler muito, então é tudo natural para mim”, comenta Beatriz.
Sobre o momento de pandemia, Beatriz diz que conseguiu aproveitar ainda mais, pois usava o tempo que estaria em deslocamento entre colégio e casa para se dedicar às atividades extracurriculares.
Construção do aprendizado
A diretora do Otalípio, Andresa Fontoura, destaca que a vida escolar da aluna Beatriz foi construída com muita dedicação dela e da família. “Ela é muito dedicada, atenciosa e faz os trabalhos com muita excelência, sempre vai além do esperado. Fui professora da Beatriz e percebia que ela sempre primava pelo conteúdo e profundidade nos assuntos que eram colocados para o estudo. Foi uma construção de conhecimento ao longo desses anos e ela sempre teve o apoio da família, da mãe, que é grande incentivadora.”
Ela destaca ainda que durante a pandemia Beatriz não enfrentou dificuldades para estudar e criou uma rotina própria. “Ela relatava para nós que sentiu muita falta da parte social, pois ela é uma pessoa querida pela turma. Dentro o aspecto escolar, com a dedicação, nós percebemos que foi ainda maior, sempre realizando as atividades propostas no Classroom, participando do Meet e assistindo as aulas da TV Paraná”, comenta.
Seus pontos altos foram justamente a frequência e “todas as notas altas e 10 que ela tirou”, retratou a diretora.
Uma alegria indescritível
Beatriz conta que viu no Instagram da Secretaria de Educação do Estado a divulgação dos nomes dos classificados para o intercâmbio. “Quando abri a lista não enxerguei meu nome. Então falei para a minha mãe que não tinha passado. Então decidi abrir novamente e ver quem tinha se classificado, pois estavam concorrendo um aluno de cada cidade do Paraná para 100 vagas. Foi então que eu vi meu nome. Em um primeiro momento eu não tive reação. Depois saí pulando e gritando pela casa, falei para a minha avó, que é minha vizinha, que eu tinha passado e até uma vizinha próxima ouviu e mandou mensagem. É uma alegria indescritível”, relata a estudante.
Para a mãe, o coração dividido entre o orgulho da conquista e também por considerar a filha tão jovem para viver a experiência. “Eu sempre tive a certeza que ela faria um intercâmbio, mas achei que seria na faculdade. Quando ela conquistou a bolsa, pensei ‘ela ainda é um bebê!’”, relembra. “Mas, quando fomos conhecendo o programa com mais profundidade, fiquei muito confiante com a ida dela e penso que quando ela retornar será uma pessoa diferente, com muita bagagem. Abrirá muitas portas para ela no futuro, tanto no acadêmico, como profissional, estou muito orgulhosa”, acrescenta Priscila.
Durante todo o tempo, o Estado está oferecendo o suporte necessário. Inclusive, no domingo (23) Beatriz viajou até São Paulo para tirar o visto canadense. No dia 24 foi o aniversário de 16 anos e pela primeira vez ela passou a data toda praticamente longe da família, pois o retorno aconteceu na noite de 24 de janeiro.
“Já pesquisei muito sobre o local onde irei morar nos próximos seis meses. Sei que na cidade tem uma universidade com mais de um milhão de livros e milhares de artigos científicos voltados para Filosofia e História, duas áreas do meu interesse. É um dos locais mais frios do Canadá e chega a temperaturas de -30oC. Por isso, vamos ganhar do estado do Paraná e da organização do programa bota e casaco especiais para frios intensos. A nossa hostfamily também nos auxiliará neste sentido. Ainda não sabemos em qual colégio eu irei estudar, mas estou muito feliz por tudo o que está acontecendo”, comenta.