Com retorno gradual acontecendo desde o final de julho, na próxima semana serão as turmas
de Infantil 4 e 5 e as Escolas Especiais que voltam às aulas, fechando o retorno escalonado
O ritmo ainda é de retorno para a Educação Municipal, mas os resultados já se mostram positivos. O retorno gradual implementado pela Secretaria Municipal de Educação fez com que na última segunda-feira (23) alunos dos 1º anos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais das instituições públicas de toda a cidade voltassem às salas de aula. Na próxima segunda-feira (30) o retorno será de alunos das turmas de Infantil 4 e 5 e das Escolas Especiais, fechando o calendário de escalonamento implementado pela SME. CMEIs ainda não têm previsão de retorno.
“O retorno das aulas presenciais estão acontecendo de maneira satisfatória e produtiva conforme adequações exigidas pelos protocolos de biossegurança, cuidados individuais e coletivos em consonância com documentos encaminhados pela Secretaria Municipal de Educação e as possibilidades de uso contínuo dos meios tecnológicos. Os alunos estão empolgados e as famílias que optaram pelo ensino híbrido estão participando ativamente da instituição em que estão ligados (semana em sala de aula com interação online/remota) e as famílias que optaram somente pelo remoto estão correspondendo às atividades curriculares propostas”, explica Dorotea Stoco, secretária responsável pela pasta.
Escola Municipal Maria Joana Ferreira Marochi
Ainda na semana passada, a Folha de Campo Largo conheceu o trabalho desempenhado no retorno dos alunos da Escola Municipal Maria Joana Ferreira Marochi, localizada no bairro Jardim Esmeralda. No local atuam 45 colaboradores, que atendem 570 alunos, divididos em 11 turmas no período da manhã e mais 11 turmas à tarde, onde atendem alunos desde o Infantil 4 até o 5º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.
“Ao recebermos a notícia da necessidade de suspensão das aulas, iniciamos imediatamente a publicação de atividades pedagógicas nas redes sociais da escola, para continuar estimulando os alunos. Essa foi uma providência interna da escola e a resposta foi muito positiva, as famílias participaram, além de ajudar os alunos a não perderem o ritmo de estudo”, conta a diretora da instituição, Josélia de Costa Barros.
“Quando percebemos que a pandemia da Covid-19 seria mais duradoura, não semelhante ao que vivemos com a epidemia de H1N1, nós nos organizamos para conseguir ter um contato mais próximo com as crianças. Nossa equipe docente foi muito proativa e criativa para encontrar meios de estimular os alunos. Os pais elogiavam essa atitude e isso motivava as professoras ainda mais”, ressalta a pedagoga Patrícia Xavier Küster.
Em um segundo momento foi necessário ter um contato mais aproximado com as famílias pela internet, foi quando realizaram a transição das publicações no Facebook para os grupos de WhatsApp, que estão em operação até agora – quando há ensino hibrido e remoto. Os materiais eram disponibilizados por turmas.
Poucos estudantes não tinham acesso à internet ou a um smartphone. A ONG Amor Viral se prontificou a instalar internet gratuita em algumas residências que não contavam com este suporte, o que deixou o trabalho mais fácil. Estudantes que não tinham internet retiravam na escola as atividades impressas. A percepção das profissionais foi de continuidade do acompanhamento, mas houve mais dificuldade por conta do trabalho dos pais e responsáveis.
“Até metade de outubro, toda a concretização do ensino remoto se deu com material de uso pessoal dos professores. Hoje, a escola tem um celular institucional, mas em 2020 e grande parte de 2021 as atividades são enviadas a partir dos equipamentos próprios. A Secretaria começou a viabilizar a compra de equipamentos para conseguir suprir essa necessidade e existem muitos trâmites burocráticos ainda, que acabaram deixando o processo moroso”, acrescenta a pedagoga Patrícia.
Sobre o retorno, na pesquisa feita pela escola houve uma divisão praticamente igual entre os que desejavam ensino híbrido e quem queria permanecer no remoto. “Nós preparamos toda uma estrutura para receber os alunos, seguimos os protocolos para garantir a segurança de todos. Hoje já percebemos que há famílias optando pelo ensino híbrido, por constatarem todo esse cuidado”, ressalta.
Muitos pais procuraram a escola para se informar sobre o transporte escolar, então a partir do momento que as famílias viram que havia uma estruturação do transporte, também foi visualizada uma maior procura pelo ensino híbrido. A vacinação das famílias também foi um ponto de preocupação para o retorno dos estudantes, visto que muitos pais e avós eram jovens e ainda não haviam recebido a primeira ou segunda dose da vacina. Para não se exporem, preferiram manter o ensino remoto.
De novo às salas de aula
O primeiro sentimento em ver a escola recebendo novamente alunos foi de emoção para a equipe pedagógica, pois há mais de um ano e quatro meses não havia fluxo de estudantes na instituição. “Mesmo com a emoção, percebemos que os alunos estavam um pouco apreensivos, pois durante todo esse período eles acabaram consumindo notícias a cerca da pandemia. Aos poucos eles foram se sentindo seguros e passaram a se soltar mais. Temos turmas com nove alunos no máximo, que é o que comportam as nossas salas de aula”, relembra Juliana Poletto Czekalski, pedagoga.
“Quando o primeiro ônibus escolar chegou, nosso coração disparou, foi o mesmo sentimento da primeira vez em sala de aula, pois temos amor pela nossa profissão, pela Educação. Muitas professoras até se emocionaram. Esse sentimento nós revivemos todas as semanas, com a chegada de outras turmas também”, completa a diretora.
Ainda não é algo natural para os alunos não ter o contato físico, pois a vontade é de voltar a brincar. Como estão sob constante supervisão, torna-se um hábito manter o distanciamento social e o não empréstimo de objetos e materiais pessoais, por exemplo.
A pedagoga e professora Maria Elisete Vieria, regente de uma turma de 5º ano, retratou um quadro de preocupação com os alunos em um primeiro momento. “Queria saber o que eles tinham aprendido, como aprenderam. Minha preocupação é grande quanto ao aprendizado, desenvolvimento, organização do caderno, para que eles absorvam o máximo possível de tudo. Hoje temos alunos que vieram com muita defasagem. Muitas coisas básicas que ainda precisam ser trabalhadas com eles, coisas que eles já deveriam ter adquirido, mas que precisaremos reforçar neste retorno após uma certa quebra de vínculo com a rotina escolar”, diz.
Além do trabalho em sala de aula, a professora comenta que precisa trabalhar também com os alunos do ensino remoto. “Precisei fazer algumas readequações no planejamento original, quando percebi que teria que enfatizar mais um assunto ou que uma atividade que demoraria 30 minutos, leva mais tempo para ser finalizada. Quanto à socialização dos alunos foi muito interessante, pois eles conversam pelo chat do Meet. Em algumas ocasiões precisei desabilitar o chat, pois eles não paravam de trocar mensagens. Em sala de aula eles conversam entre eles, temos momentos apropriados para essa roda de conversa. Eles até sugeriram que nós abríssemos uma Meet no sábado somente para eles conversarem. Assim como nós nos adaptamos, eles também encontraram estratégias para manter a proximidade”, finaliza a professora.