Sem demonstrar ansiedades e preocupações exageradas, o melhor caminho para quem optou
pelo ensino híbrido é demonstrar confiança na escola, professores e protocolos adotados
Uma nova fase da Educação pública campo-larguense está para começar a partir da próxima semana, com o retorno das aulas no modelo híbrido. Conforme divulgou a Secretaria de Educação de Campo Largo, 51,42% dos responsáveis pelos estudantes da Rede Municipal de Ensino haviam optado pelo ensino híbrido na última pesquisa realizada, no final de junho. O início está previsto de maneira escalonada para o dia 26, então pais, responsáveis, alunos e profissionais precisam estar preparados para este momento, principalmente seguros dos protocolos adotados.
“Esse retorno é essencial, porque além da aprendizagem, a escola é um espaço de envolvimento de pessoas, sentimentos, interações e é fundamental para questões de aprendizagem e social da criança, em seus aspectos de desenvolvimento de princípios, valores, convivência social, para o desenvolvimento social saudável de crianças e adolescentes. O ser humano é social, por mais que hoje o contato precise ocorrer por outras dimensões. Antes era abraço ou beijo, que faz parte da nossa cultura como brasileiros. Hoje não podemos fazer dessa forma, mas podemos readequar esses estímulos, descentrando o bem-estar, emoção, possibilidade de acolhimento, com o olhar, a voz, mensagem acolhedoras, a postura, entre outras”, explica Joyce Mendes, psicopedagoga, neuropsicopedagoga, especialista em Desenvolvimento Infantil, Orientação Familiar e Escolar, acadêmica de Psicologia.
A profissional segue dizendo que é imprescindível que a família apresente e reforce para seus estudantes as medidas sanitárias de segurança, mas que, além disso, busque fortalecer o emocional da criança e do adolescente. “Não projete as inseguranças das crianças, mas diga que as aulas voltarão e ele estará seguro. Ao proferir frases como ‘você não vai para a escola porque o bichinho está lá’, pode deixá-lo muito inseguro, inclusive ameaçado. As crianças são mais propensas a mudanças do que os adultos, que são mais conservadores, além de conviverem com alinhamento de regras, visto que já compreendem o que é respeitar os limites, os combinados pedagógicos, o que precisamos é resgatar isso após tanto tempo”, acrescenta.
Joyce comenta ainda que é importante que esse retorno seja bem programado para que as lacunas tanto de habilidades e conteúdos como as sociais também sejam sanadas, para evitar consequências no futuro. “Não devemos focar em quantidade, conteúdos programáticos, mas precisamos adaptar nosso parâmetro curricular, sem privar a criança do que ela deve saber, mas dar mais enfoque no qualitativo, fortalecendo as habilidades da criança neste processo de transição. Alguns elementos básicos de concentração, memorização, controle inibitório, conceitos específicos que serão pilares para eles, mesmo que eles não consigam alcançar a quantidade, daremos seguimento e continue sem ter muitas lacunas”, ressalta.
Assim, neste primeiro momento as avaliações diagnósticas são capazes de nortear um grande trabalho de toda a equipe pedagógica, pois será possível identificar as maiores dificuldades.
Para quem permanece no remoto
A mesma pesquisa mostrou que mais de 49% dos estudantes irão permanecer no ensino remoto e, além disso, por conta da alternância, os próprios alunos do ensino híbrido precisarão fazer as atividades de casa. Para esses casos, as ordens são rotina e muita organização para alcançar bons resultados. “Temos que programar uma rotina com essas crianças, mas não no sentido de imposição, mas promovendo a participação para que elas se sintam pertencentes a esse processo e tenham responsabilidade. Estudos apontam que quando trabalhamos com rotina, as crianças ficam menos ansiosas, mais propensas a aceitar as demandas, um recurso que vai auxiliar contra a fuga das tarefas”, diz a psicopedagoga.
Entre outras orientações está a importância de um ambiente adequado para as tarefas, não colocando a criança pra fazer tarefa com televisão ligada, para que ela não se distraia com objetos e os pais não fiquem estressados com isso. Se for preciso, faça pausas, pois jornadas maiores de estudos tendem a dispersar as crianças, principalmente as menores – pausas de 10 a 15 minutos são ótimas.
“Interaja com elas e pergunte para que contribua com a aprendizagem, fomente o pensamento, a criatividade e a tire da zona de conforto. Não faça a atividade para a criança, pois muitos professores relatam que percebiam que eram os pais que faziam. O erro também é um fator importante para a aprendizagem, pois é por meio dele que o estudante vai pensar em novas estratégias e o professor poderá melhorar o planejamento para atender aquela demanda”, orienta.
Faça elogios à criança ou ao adolescente, para que eles tenham uma motivação maior, principalmente fazendo com carinho, sem críticas e comparações, também são muito importantes.
“No presencial os professores têm um olhar mais efetivo para a criança, com a reação às respostas das atividades e é muito mais fácil de observar dificuldades. Mas, em casa, a qualquer sinal de dificuldade que ela tenha, é importante que os pais comuniquem ao professor e equipe pedagógica para que sejam oferecidos estímulos necessários e seja mantido o reequilíbrio dos seus saberes, por meio de recursos que se adequam às necessidades delas. Se necessário, uma ajuda de especialista também é muito bem-vinda”, finaliza.