Se tem um desafio que marcou a pandemia de muitas famílias ao redor do mundo todo, este foi o período da alfabetização. Ensinar uma criança a ler, com qualidade, não é uma tarefa fácil e é de grande reconhecimento dos professores que o fazem ano após ano, em turmas muitas vezes com mais de 20 alunos, em ritmos diferentes.

A professora Izabél Cristina Bonato Theis, coordenadora de Alfabetização da Secretaria Municipal de Educação de Campo Largo, conversou com a Folha de Campo Largo sobre este processo, o qual explicou ser bastante dinâmico e quando feito em sala de aula necessita de muita interação entre professor e estudante. “É um processo que envolve os fatores Emocional, Motor e Cognitivo, além de um ambiente alfabetizador. Desde que nasce e na Educação Infantil, a criança está cercada e participa de diferentes práticas letradas, mas é no 1º e no 2º ano do Ensino Fundamental que se espera que ela se alfabetize, avançando em outros aspectos notacionais da escrita, como pontuação e acentuação, assim como a ortografização para os demais anos do Ensino Fundamental (BNCC – Base Nacional Comum Curricular).”

A professora segue explicando que a alfabetização é um processo bastante complexo, que exige o desenvolvimento de muitas habilidades, por isso um único método não é eficaz. “Sendo assim, atualmente são trabalhadas diversas abordagens para atingir as necessidades de cada estudante, como cada um aprende. O trabalho a partir dos textos dá o significado ao que se aprende, pois a língua escrita é um objeto de comunicação do mundo, não apenas da escola. O interesse é primordial para que a criança aprenda, por isso, o que se aprende precisa ser significativo”, diz.

Alfabetização na pandemia
Assim, para que as atividades pudessem dar seguimento neste momento de pandemia, a professora Izabél comenta que as escolas precisaram encontrar meios para que as crianças possam ser alfabetizadas de maneira remota. Entre eles estão o material impresso, vídeos explicativos, jogos e brincadeiras, contação de história, aulas virtuais pelo Google Meet, chamadas de vídeo e até mesmo aulas presenciais para os estudantes com maiores dificuldades em casos específicos, além da primordial comunicação com as famílias, classificada por ela como fundamental neste processo.

Assim, a professora segue explicando que, para que os estudantes tenham sucesso, os professores precisam de auxílio dos pais/responsáveis para a execução das atividades propostas, atendo-se aos vídeos explicativos, orientações e tirando as dúvidas que surgirem. “O diálogo é fundamental. Relatar ao professor os progressos e dificuldades de seu filho para que ele possa auxiliar, lembrando que os pais e responsáveis não são professores”, reforça.

Uma orientação dada pela professora Izabél é o contato com a língua escrita, para tornar mais fácil o aprendizado da alfabetização. “As famílias podem auxiliar muito no seu cotidiano: pedindo para que a criança ajude a ler a receita na hora de cozinhar, que escreva a lista para as compras, ajude a guardar as compras e leia os rótulos, escreva um bilhete para alguém da família, um cartão de aniversário, as regras de um jogo ou brincadeira, deixar um bilhete para ela ler, ler histórias e pedir que ela leia também”, aconselha.

Agora um alerta importante é não fazer comparações de maneira alguma. “Cada criança tem seu ritmo, mas todas podem aprender. Omitir ou trocar letras e seus sons, escrever uma palavra grudada na outra, encher a linha com quaisquer letras, fazem parte de um processo que cada criança precisa passar. ‘Errar’ faz parte da aprendizagem. Baixar a ansiedade e dar valor a cada conquista da criança fará com ela se estimule a aprender. O carinho, a atenção e sentir-se segura é o que ela precisa neste momento”, orienta.

Formação continuada
Embora a experiência seja um importante pilar na carreira do professor, a formação continuada e a atualização são essenciais para que novas metodologias sejam aprendidas e aplicadas nas aulas.

“A Secretaria Municipal de Educação oferta todos os anos formação e orientação aos professores para que continuem aperfeiçoando sua prática. Neste ano, os professores alfabetizadores estão participando de uma formação oferecida pela Secretaria do Estado, que tem um material de apoio impresso para os estudantes. Os profissionais da Secretaria Municipal de Educação estão à disposição dos professores, mas também das famílias que precisarem de orientações”, finaliza.