Embora primeiro mês do ano já esteja quase acabando, nunca é tarde para planejar o futuro. Planejar pode resultar em bons frutos, entre eles uma maior motivação e vontade de viver.
Embora primeiro mês do ano já esteja quase acabando, nunca é tarde para planejar o futuro. Planejar pode resultar em bons frutos, entre eles uma maior motivação e vontade de viver. “Que tal começar a planejar seu futuro hoje?”, é o que propõe Marília Boaron Spréa, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, pós-graduanda em Terapia do Esquema.
Ao contrário do que alguns podem pensar, que ao planejar o futuro e estabelecer metas pode deixar a vida monótona, a psicóloga explica que isso só acontece quando esses objetivos não estão ligados às características e valores pessoais do indivíduo. “Cada vez que se cumpre uma meta nosso cérebro ativa um sistema neurobiológico de recompensa que proporciona mais energia para realizar outras coisas que desejamos. A experiência prazerosa produz um neurotransmissor chamado dopamina, portanto cumprir metas pode ser um recurso natural de produção de dopamina.”
Assim como o planejamento pode trazer alegrias à vida da pessoa, também pode fazer com que ela esteja preparada para conseguir lidar com as adversidades da vida e aprender com elas. “A maneira mais interessante de contornar os desafios ao longo da trajetória da meta é justamente ter a certeza de que você terá problemas e desafios. Faz parte do planejamento o imprevisto e o inesperado. Por exemplo, você planejou arrumar seu quarto num determinado dia e horário, mas nesse dia você acordou tarde. Aí se não cumpriu, então joga fora todo o planejamento? Não! Começa a partir do momento que conseguir se organizar pra fazer. Uma parte realizada é melhor do que nada. A auto-sabotagem, geralmente está presente em pessoas que determinam metas muito complexas ou quando estão apenas em busca de prazeres imediatos”, alerta.
De acordo com Marília, as metas podem compreender vários aspectos da vida, metas para situação financeira, para lazer, para relacionamentos, para situação profissional, para relacionamento familiar, para desenvolvimento intelectual.
Portanto, para quem está começando a construir metas agora, recomendação é que se inicie com objetivos realizáveis, simples, pequenos e possíveis. Isso porque, conforme explica, o caminho neurológico que a pessoa faz para traçar um objetivo simples é o mesmo que de um objetivo complexo. Portanto, meta cumprida, mesmo que seja pequena, tem o mesmo poder de metas gigantes. Assim, o mesmo caminho para poder ter metas mais complexas e demandantes, como uma viagem para o exterior, comprar uma casa, passar num concurso, conseguir aquela vaga de emprego, é tendo objetivos mais simples, como por exemplo: faxinar a casa, estudar, ler um livro, ser mais organizado.
Sendo uma pessoa melhor
Os resultados de ter objetivos na vida podem ser visto tanto pela própria pessoa, como também por aqueles que convivem com ela. De acordo com a explicação de Marília, quando são estabelecidas metas, o indivíduo se torna protagonista da sua vida e do que quer.
Porém, algo que a psicóloga ressalta é a importância de diferenciar o planejamento da preocupação. “Planejamento é um plano de ação, um plano que movimenta. Já a preocupação está associada à ansiedade. Tem muita gente preocupada, acreditando que é adequado se preocupar para evitar que eventos negativos aconteçam. Mas não é se preocupando que se resolve, e sim planejando. É preciso entender os limites do que caracteriza o planejamento e quais pensamentos estão ligados à preocupação”, diz.
Na preocupação os pensamentos estão mais acelerados, as emoções mais intensas e acredita-se, de forma equivocada, que com esses pensamentos a pessoa encontrará soluções melhores para seus problemas ou vai garantir que você cumpra suas obrigações. Entretanto, conforme explica a profissional, uma vida ligada apenas em planejamento, tiraria a espontaneidade e o prazer que são imprescindíveis para a saúde mental.
O estabelecimento dessas metas também beneficiam pessoas que apresentam transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. “Nos casos de transtornos psicológicos funcionam muito bem ajustando e adaptando técnicas. Essas técnicas não são só interessantes para quem tem transtorno psicológico, mas para qualquer pessoa que possa ter dificuldade em se organizar e estabelecer metas. Técnicas de dividir o tempo em partes e fazer pausas, usar lembretes, usar aplicativos que auxiliem no cumprimento das tarefas, escrever as metas, desenhar, enfim os registros ajudam muito nessa hora”, diz.
Metas em família
Como um homem não é uma ilha, as metas também podem ser coletivas. “Quando as metas são familiares, reuniões periódicas são necessárias para conversar sobre como cada um está se sentindo com relação ao processo. Apesar de ser uma meta coletiva, é importante que a meta esteja em conexão com valores individuais. Às vezes é necessário ajustes para que a caminhada siga de forma mais eficiente. Nos objetivos coletivos precisa adequar às possibilidades de cada um dos membros e ainda se certificar de tempos em tempos se aquela meta ainda está alinhada com os interesses da família”, orienta.
Mas Marília faz um alerta: “obrigar que a família cumpra com objetivos pessoais individuais pode ser danoso, porque a meta precisa estar em sintonia com valores e nem sempre os membros da família têm os mesmos valores. Não ter os mesmos valores não deveria ser um problema, agora querer que o outro trilhe os passos por você não vai trazer satisfação nenhuma para nenhum lado”, finaliza.