O médico otorrinolaringologista Rafael Ferri Martins (CRM 21145) explica que há grande diferença entre o quadro viral e o alérgico. “Em momento de troca de estação é quando temos piora nos pacie
No dia 21 de junho inicia o inverno, mas as temperaturas já começaram a baixar há alguns dias. Com isso, existe uma piora no quadro de pacientes alérgicos e com doenças respiratórias crônicas e, com a chegada do Coronavírus, essas pessoas devem ficar ainda mais atentas com os tratamentos realizados e saber quando procurar por auxílio médico.
O médico otorrinolaringologista Rafael Ferri Martins (CRM 21145) explica que há grande diferença entre o quadro viral e o alérgico. “Em momento de troca de estação é quando temos piora nos pacientes alérgicos, especialmente quando é outono ou inverno. Alguns pacientes me procuram e falam ‘saí no vento e acabei pegando um resfriado’, mas isso pode ser mais um quadro alérgico, já que uma infecção por vírus não se manifesta imediatamente após contágio, existe um período de incubação.”
Ele segue explicando que se o paciente diagnosticado com uma alergia está usando a medicação, mas ainda não tem resposta, faz pensar em diagnóstico diferencial, e no momento o Coronavírus é o primeiro quadro a ser considerado. Para o paciente não precisar expor outras pessoas ou ele mesmo aos agentes nocivos que podem estar em todos os lugares, muitos médicos estão realizando a telemedicina, que fará uma triagem, afastando fatores de risco, que permite tirar dúvidas do paciente e preparar para possíveis cenários.
A busca de atendimento médico especializado deve acontecer para três sinais: oximetria (oxigenação) baixa, dificuldade respiratória e febre. “A medição da oximetria pode ser feita em casa, com o aparelho que está à venda na farmácia e é bastante útil para situações em que a pessoa tenha uma doença respiratória crônica. Se ela estiver com a oximetria abaixo de 95%, febre persistente por mais de 24h ou se apresentar dificuldade respiratória, é obrigatório ir buscar atendimento médico, preferencialmente em hospitais de referência, que já estejam preparados para receber pacientes suspeitos de Coronavírus, onde o risco de se contaminar ou de contaminar outros é menor. Não vá para consultórios médicos, vá ao hospital”, enfatiza.
Quando os quadros são leves, são feitos tratamentos sintomáticos e com isolamento total da família, em um quarto separado. Nos casos em que é possível fazer o exame de infecção, facilita para fazer diagnóstico de quadro diferencial e caso o resultado seja negativo para o Covid-19, o tempo de isolamento é menor. Na ausência de exames, prevalece sempre o isolamento por duas semanas.
Dr. Rafael ressalta que mesmo os quadros de gripe e resfriado sempre foram preponderantes para piora em pacientes asmáticos ou com bronquite, que podem entrar em crise. “É muito difícil você identificar a crise da asma de um quadro respiratório infeccioso atual, sem ter sintomas-chave, como febre ou mal-estar, ou sem exames de cultura. O Corona se apresentou como doença grave, mas com uma vasta manifestação, desde quadros de infecção na glândula parótida até infecção no músculo cardíaco, então são em diferentes quadros que estamos acostumados causados por vírus respiratórios”, diz.
Por isso, o médico orienta que a atenção deve estar voltada à manutenção de uma boa imunidade, salientando que é importante manter uma dieta equilibrada e sem dietas restritivas que não estão sendo acompanhadas por profissionais, descansar e dormir bem, manter a hidratação ao longo do dia e não realizar atividades físicas muito cansativas, pois após a contaminação por um vírus, ele pode esperar uma “brecha” na imunidade para atacar. “É preciso ter em mente que 80% dos casos não terá sintomas nenhum de uma infecção em casos do Covid-19, mas esses 20% pode ter a ver com um dia que não tomou cuidado para evoluir para um quadro grave”, alerta.
Ele salienta que esse acaba sendo um ano atípico, por conta do isolamento social provocado pelo novo Coronavírus e que pessoas próximas já notaram a diferença que o contato limitado acaba fazendo. “Muita gente, desde pacientes até amigos pessoais, já me falaram que esse ano notaram especialmente as crianças menos doentes e é natural para o momento que estamos vivendo. As crianças vão para a escola, ficam em uma sala com, às vezes, mais de 30 alunos, participam do intervalo com a escola toda; elas têm contato, compartilham objetos, lanches e garrafinhas de água, por exemplo, o que faz a disseminação de um vírus aumentar muito. Falando em doenças causadas por vírus, o isolamento é a melhor ferramenta para qualquer um deles, desde o vírus da gripe até o Covid-19”, explica.
O que é SARS?
Junto com o Coronavírus veio um termo que por muitos ainda não era conhecido, que é a SARS. O médico explica que a sua tradução é entendida como Síndrome Respiratória Aguda Grave. No pulmão, o ar passa pelos brônquios e chega aos alvéolos, que é um espaço vazio banhado por vasos sanguíneos, onde as paredes são extremamente finas e ocorre a troca gasosa.
“Quando há infecções nós temos liberações em grande quantidade de ocitocinas, que o corpo produz ao agir contra um invasor, causando inflamação, que provoca uma dilatação dos vasos. Isso faz com que os líquidos que estão no sangue extravasem pelos vasos, deixando uma parte do pulmão cheia de líquidos, resultando uma sensação de afogamento, causada porque não há funcionamento completo do órgão. Ela vai respirar mais vezes e terá esforço respiratório. Isso acontece rápido, é preciso fazer o oxigênio chegar com pressão, por isso a intubação é decisiva nesses casos. Quando o líquido é reabsorvido, o paciente deixa de depender da máquina para respirar e é extubado. Esse líquido no pulmão pode abrir espaço para outras infecções, como a pneumonia. Por isso o tratamento envolve também o antibiótico para prevenir o surgimento de uma infecção secundária”, finaliza.