Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 01:07:41
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Produto colonial não é sinônimo de alimento sem rótulo e sem fiscalização

Produtos coloniais são sempre apreciados pelos consumidores, principalmente porque o sabor é bem diferente dos industrializados.

Produto colonial não é sinônimo de alimento sem rótulo e sem fiscalização

Produtos coloniais são sempre apreciados pelos consumidores, principalmente porque o sabor é bem diferente dos industrializados. Porém, é sempre importante ressaltar que produtos coloniais são apenas feitos em pequena escala, mas em padrões de higiene semelhantes ao praticado por grandes empresas, com instrumentos adequados, em locais limpos, com armazenamento, distribuição e venda que garantam a qualidade do produto.

Para fabricar ou envazar qualquer produto de origem animal, o produtor precisa ter um selo de inspeção municipal, que é obtido por meio da Casa do Agricultor em Campo Largo, que também faz a parte da fiscalização da produção. Cabe à Vigilância Sanitária a fiscalização do comércio, envase e todo esse trâmite. “Produto colonial não é sinônimo de produto sem rótulo e sem fiscalização. Desde venda de ovos, mel, queijos, salames, geleias, doces, entre outros precisam conter as embalagens com código de barras, avisos sobre contato com componentes que possam causar alergias e o número do SIM, que é o Serviço de Inspeção Municipal, que é indispensável para quem quer comercializar seus produtos”, explica Viviane Janz Moretti, chefe da Vigilância Sanitária.

O SIM serve para quem quer comercializar dentro do município, o SIP (Serviço de Inspeção do Paraná) para o Paraná e o SIF (Serviço de Inspeção Federal) para conseguir vender os produtos para todo o país. “Com uma alteração na Legislação, está entrando o Selo Arte: os estabelecimentos irão se adequar junto aos órgãos fiscalizadores e, com este selo, eles poderão vender em todo o território nacional, mas a inspeção feita será muito mais rigorosa do que já é hoje”, diz.

Viviane relata que existem muitas apreensões de produtos que estão sem rotulagem, pois existe a falsa sensação que, se tiver, perde a característica de produto colonial. “Existe um grande risco de contaminação nesses produtos. Se o queijo não for feito com leite pasteurizado, por exemplo, ele pode trazer zoonoses, como a brucelose e tuberculose, por exemplo”, alerta.

Sobre o salame, Viviane explica que podem gerar outros tipos de contaminação, por coliformes fecais, tanto por causa do ambiente, como das mãos que estão preparando, casos de salmonela e botulismo – uma doença que pode ser mortal. “Quando ele entra no processo de defumação, ele fica sem oxigênio dentro da tripa e, se não estiver com o conservante bem misturado, forma bolsões de ar, onde o botulismo se reproduz. Se consumir cru, pode até morrer”, enfatiza. É possível perceber na aparência do salame, por exemplo, se ele dá sinais de que não está apropriado para consumo, como se a tripa está intacta ou rugosa, apresenta bolores, que podem indicar falha na produção ou na conservação do alimento.

Ela conta que a Vigilância Sanitária está mais ainda incisiva na fiscalização por recomendação do Ministério Público, que encaminhou uma recomendação administrativa para vários municípios, destacando que é preciso fiscalizar com mais atenção o comércio de produtos animais e também por causa da legislação de autosserviço, quando existem produtos como queijos, embutidos no geral e carnes fatiados e prontos para o consumo. Neste caso, seria necessário um responsável técnico, especialmente por causa das máquinas, ou ser feito na frente do cliente, a não ser que tenha SIM.

Falha na conservação
“Algumas vezes o produto vem de uma procedência adequada, mas na hora da armazenagem ou exposição – que fica no sol, insetos podendo ter contato podendo passar vetores – existe contaminação. Por isso a conservação é extremamente importante que seja em um local adequado”, reforça a sanitarista.

Sobre os cuidados ao adquirir de ambulantes, Viviane alerta para que o produto tenha a origem, com rotulagem completa, uma cópia da licença sanitária – para empresas de pequeno porte -, até mesmo produtos menores, como balas e salgadinhos. Deve ter cuidado com a temperatura, mesmo para aqueles que possam ser armazenados em temperatura ambiente, pois eles têm uma temperatura limite e dentro do carro, essa temperatura pode exceder. Por isso é importante que seja armazenado em veículos isotérmicos ou caixa térmica, que estejam limpos. Aqueles que estiverem vendendo queijos precisam, inclusive, levar termômetro e caixa térmica com gelo reciclável.

Bolos de pote, bolos em fatias, salgados, pamonhas e todos os outros produtos também precisam ter rotulagem ou licença do local de produção. “Se for produção própria, eles dão entrada como MEI, nós realizamos uma inspeção no local de produção e daremos orientações sobre rotulagem – ingredientes, peso, data de validade, componentes alérgicos – e então poderão comercializar”, destaca.

Denúncias
As denúncias podem ser feitas pelo telefone 156 ou diretamente no site www.campolargo.pr.gov.br - vale lembrar que as denúncias são anônimas e os dados do denunciante são coletados apenas para fins de esclarecimentos sobre o caso, sem identificá-lo ao denunciado.