O mercado tem sido visto como uma oportunidade para produtores rurais, que chegam a produzir 500 toneladas por ano
Muito associado como um remédio natural pelos brasileiros, a média de consumo do mel no país é de apenas 100 gramas por habitante ao ano, enquanto na Europa, por exemplo, o consumo chega a 1,5 kg por ano, por habitante. O que pouca gente sabe é que Campo Largo tem sido uma cidade onde a produção tem crescido ano após ano, chegando à marca de 500 toneladas, que são vendidas diretamente ao consumidor final ou também são compradas por outras empresas, que beneficiam, envazam e comercializam em várias outras regiões.
A zootecnista Cassiane Pereira Torres conta que, em Campo Largo a criação de abelhas voltada para a produção de mel é uma diversificação de renda, um extra. “Existem locais onde o mel é o carro-chefe, que chegam a ter 800 apiários, com uma grande colheita de mel, que acontece principalmente entre os meses da primavera e do verão, com uma agroindústria para beneficiar este mel e vendem, mas não é a maioria, grande parte é para conseguir um extra.”
Ela explica, ainda, que destes produtores campo-larguenses, a maioria ainda produz o mel de abelhas com ferrão, que são vendidos até R$ 20 o quilo direto do produtor, chegando aos mercados com valores até R$ 30. “Mas também já temos produtores de mel de abelhas sem ferrão, ainda poucas pessoas nesse nicho, mas esta produção é vendida a preços bem mais caros, entre R$ 50 e R$ 70 por 70 ou 100 gramas. É um mel supervalorizado, muito caro porque a produção dele é menor, além dele ter um sabor mais suave. Existem situações em que eles são coletados com a pipeta, de tão pouco que é produzido”, ressalta.
Além disso, a produção do mel gera outros subprodutos que podem ser comercializados e são de grande procura do público em geral, como própolis, a geleia real e outros.
Como se tornar produtor de mel?
Primeiramente o produtor precisa ter uma área grande, especialmente se for criação de abelhas com ferrão, longe da edificação – para ter uma margem de segurança. É importante que fique fora da área de humanos e animais, pois a agressividade de algumas abelhas pode gerar acidentes fatais.
Ela explica ainda que, para que a produção de mel aconteça, o espaço deve ter vegetação, especialmente floradas, para que as abelhas consigam a matéria-prima para a produção do mel. “Existem alguns plantios que exigem a presença de abelhas para que a produção seja bem desenvolvida, como é o caso da maçã, do maracujá, por exemplo. Quando são utilizadas para ajudar nesse cultivo, é muito comum que o mel também tenha traços dessas floradas específicas, sendo bastante apreciado por esse motivo. Em geral, os agricultores que possuem abelhas em suas plantações colhem frutos maiores, mais bonitos e suculentos. Embora essa não seja propriamente minha área de atuação, sei que existem estudos que comprovam os benefícios das abelhas para a agricultura”, diz.
“Existem pessoas que acabam falando que o apicultor explora as abelhas para conseguir o mel, mas isso não é uma verdade. As abelhas são animais exigentes, que caso não se sintam bem no local, alçam voo e procuram outra localidade para fazer sua morada. Os apicultores precisam tratá-las muito bem, para que o mel seja produzido. O mel comercializado é o excedente, não é o mel de cria, que elas fazem para consumo próprio. As abelhas não vão para o abate e, para que elas produzam bem, é preciso que exista um ecossistema bem preservado, com pouco agrotóxico, que pode ser fatal para ela. É uma forma de cuidar da natureza também”, finaliza.
Fique de olho
É bem difícil definir se o mel está adulterado ou não apenas no olhar, mas uma boa escolha começa diretamente da embalagem. “Existem produtores que são sérios, que possuem registro para vender sua mercadoria, assim como também existem aqueles que compram um quilo de mel e produzem três, com adulteração, adição de açúcar e xarope de milho ou glicose. Muita gente diz que se o mel cristaliza, é adulterado, mas é mito. Outro mito é sobre a cor, dizem que se ele for claro é batizado, mas tudo depende da espécie da abelha que produziu e o tipo de vegetação que ela está inserida. O ideal é comprar direto do produtor ou em mercados onde há uma inspeção maior”, alerta.