Os alimentos cultivados serão deixados para uso na merenda escolar,
além do espaço ser considerado uma “herança” para turmas futuras
Um local sem uso deu espaço para um belo trabalho voluntário, que incentiva o cuidado à natureza, incentivo à saúde e também ao trabalho em equipe. Assim está sendo a execução de uma horta comunitária no Colégio Estadual 1º Centenário, um projeto que partiu dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, após trabalharem o tema Direitos Humanos, no subtema Cidadania, durante as aulas de Sociologia, com o professor Vanderlei Hermes.
O diretor da instituição, José Anselmo de Messias, conta que antigamente o colégio dividia o espaço com a Escola Municipal O Ateneu, mas depois da saída, um espaço ao final do terreno acabou não sendo usado, que hoje está sendo aproveitado para construção da horta. O projeto começou em setembro e contou com a participação especialmente dos alunos Milena de Paula, Allan Monteiro, Diogo de Almeida e Juliana Santos, além dos demais alunos do terceiro ano.
“Eu assisti um documentário e fiquei muito inspirada, mas a minha ideia inicial não era fazer propriamente uma horta, mas sim plantar árvores neste espaço. Porém, o professor Vanderlei foi modificando o projeto até começar a horta. Quando definimos, espalhamos a ideia e pedimos patrocínio para os alunos que estudam aqui, em todos os turnos, para que nós pudéssemos comprar o material necessário. Nós deixamos uma caixinha em cada sala e ao final do dia passávamos recolhendo os valores. No final de uma semana deu R$ 144 e à turma que mais arrecadou demos bombons e balas”, relembra a aluna Milena de Paula.
Foi preciso limpar o local antes de começar a construção e para isso os próprios alunos se empenharam, por meio de mutirões realizados fora do horário da aula. Eles contaram com doações de empresas locais, por meio de ofícios, para a compra dos tijolos e o pai de um dos professores conseguiu um caminhão de terra para poder realizar a plantação. “Eu já tinha uma noção do que fazer, de como trabalhar nesta construção, mas foi um trabalho realizado entre várias pessoas, tanto professores como alunos de várias turmas”, reforça o aluno Diogo de Almeida. Os alunos ainda destacam a importância do professor Vanderlei neste processo. “Ele veio aqui vários dias para ajudar, dia de folga ou quando ele não tinha aulas aqui, se dispôs. Isso foi muito importante para que o projeto não deixasse de ser executado, isso é muito importante porque aprendemos o conteúdo na prática”, reforça Milena.
“Tudo o que nós cultivarmos aqui será revertido para incrementar os nossos lanches da escola mesmo. Nossa intenção é plantar especialmente temperos como salsinha, cebolinha, coentro e até mesmo algumas hortaliças, como alface. Nós vamos conversar com as mulheres responsáveis pela merenda, ver o que elas sentem mais falta, o que elas usam, para nós plantarmos”, conta o aluno Allan Monteiro.
Uma herança para as próximas turmas
Neste ano, os alunos do terceiro ano já irão se formar e se despedir da instituição, porém deixarão uma “herança” bem valiosa para os demais. “Esperamos que os outros alunos cuidem da horta e que ela se perpetue até chegar aos alunos dos 6ºs anos, que foram os mais animados. Isso vai ajudar muito no cuidado com a natureza, que tem sido desrespeitada cada vez mais. É de pequeno que nós ensinamos a importância deste cuidado. Hoje somos nós que estamos fazendo, mas contamos com a ajuda de todos, isso é muito legal”, diz Allan.
Aqueles que quiserem realizar doações de mudas e materiais para a manutenção da horta, podem entrar em contato diretamente com o colégio.
Aprendizado para a vida toda
O professor Vanderlei explica que a iniciativa de uma horta comunitária se encaixa perfeitamente dentro do conteúdo passado em sala de aula, na temática de Direitos Humanos e Cidadania. “Por meio da horta, nós experimentamos a cooperação, a questão do coletivo, pois estamos vivendo em uma sociedade cada vez mais individualista. É importante que as pessoas aprendam a se unir para chegar à solução de um problema social, aqui era um espaço público que não estava sendo utilizado. O que vemos hoje é uma sociedade que acredita que o Estado deve resolver tudo em nossa vida, ficando em uma posição mais passiva. Eles aprenderam com esse projeto que nós podemos tomar uma posição mais ativa, fazendo a nossa parte enquanto cidadão”, finaliza.