Comec e Empresa de Ônibus Campo Largo afirmam que índice de pontualidade supera 95% e respondem aos questionamentos dos usuários do transporte coletivo, como condições da frota e até mesmo sobre pedido de nov
Quase semanalmente chegam à Redação da Folha de Campo Largo reclamações sobre o ligeirinho que liga o Terminal Campina do Siqueira, em Curitiba, ao Terminal Urbano de Campo Largo. Essas reclamações estão ligadas principalmente ao grande número de passageiros, comparado ao número de ônibus disponibilizado pela Comec, bem como as condições que eles se encontram e os locais para embarque e desembarque de passageiros.
Na quinta-feira (19), uma leitora da Folha ligou para a Redação, com tom de revolta, para contar que em meio a uma chuva bastante intensa, o ligeirinho que estava retornando para Campo Largo acabou acusando que estava sem freio, fazendo com que o motorista tivesse que parar em um posto de gasolina, desembarcasse todos os passageiros para esperarem até o próximo ligeirinho passar para embarcar.
“Tinham pessoas com crianças pequenas, idosos e o ônibus estava muito lotado, era próximo das 15h quando saímos do Terminal, para termos que parar no posto e embarcar somente no próximo. Quando chegou o ônibus que completaria a nossa viagem, até o Terminal de Campo Largo, estava praticamente impossível de entrar. O pessoal foi amontoado (sic), do jeito que deu. Ainda ficaram nove pessoas esperando o próximo ônibus. Eu não aguento mais essa situação, cada dia está pior e não é a primeira vez neste mês (setembro) que eu uso o ligeirinho e ele quebra no meio do caminho”, reportou a usuária do coletivo.
Sobre essa situação, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), instituição responsável pelo controle do transporte coletivo intermunicipal na Região Metropolitana, respondeu que: “Durante o trajeto de um dos veículos do ligeirinho J02 - Campo Largo / Campina Siqueira, o motorista constatou, por meio do painel, a acusação da luz do freio ABS. Seguindo as normas de segurança o veículo foi estacionado e os passageiros encaminhados para o veículo seguinte. A Comec compreende que se trata de uma situação incômoda, mas ressalta que a segurança dos passageiros é sempre prioridade. Também informa que as inspeções dos veículos estão em dia, e que intensificará a fiscalização para possíveis melhorias”.
A Folha esteve presente na quinta-feira (26), às 6h30, na Estação Tubo do Ferrari e próximo das 7h no Terminal Urbano de Campo Largo para verificar a movimentação e conversar com alguns usuários da linha. De fato, um número muito intenso de pessoas circulam pelo local e mesmo com a chegada de ônibus articulado não é possível esvaziar o Terminal.
Na Estação Tubo do Ferrari há um grande número de pessoas embarcando, especialmente vindos da região de Bateias e também do ônibus do Hospital do Rocio, que trabalharam à noite, além de moradores da região. Mesmo com a vinda de ônibus em curto espaço de tempo, neste horário, o local não ficou vazio nem por um minuto. Há formação de filas, mas neste dia, não foram filas muito grandes, em contrapartida, usuários comentaram que o dia de maior movimento no local é na segunda-feira pela manhã.
A reivindicação da instalação de um tubo maior já é antiga. Pessoas que usam o transporte público e embarcam ali contam que em dias de chuva não há como se proteger e acabam chegando bastante molhados ao trabalho. Caso dê uma chuva de pedra, como aconteceu dias atrás, a situação pode ficar ainda mais complicada. Alguns acreditam que a instalação de um tubo de três portas seria o ideal, já que a linha conta com ligeirinhos articulados. Os usuários ficam próximo da porta de embarque e não vão até o final do tubo, o que pode gerar uma aglomeração maior para o lado de fora.
No Terminal Urbano, por sua vez, foi possível perceber que a entrada dos usuários do transporte coletivo é bastante ágil, porém, a fila começa já na rampa de embarque. Durante o horário de pico, não deixava de formar filas nem por um instante. Algumas pessoas comentaram que apesar do respeito da maioria dos usuários, não há uma organização na formação destas filas, o que deixa as pessoas um pouco perdidas.
O Terminal tem seis plataformas, onde três são usadas para o desembarque de passageiros e as outras três para passageiros que irão embarcar, entretanto, algumas pessoas acabam embarcando na plataforma para saída, o que deixa algumas pessoas bem irritadas, conforme contaram em entrevista.
Quando questionados sobre a solução para o problema, em 100% das respostas estava a inclusão de mais ônibus na frota, para um rodízio maior e filas menores, além da manutenção mais regular. Várias pessoas comentaram que já chegaram atrasadas porque o ônibus quebrou no meio do caminho, uma delas estava em um que quebrou há menos de um mês. “A gente justifica para o patrão que o ônibus quebrou no meio do caminho, mas quem disse que acredita”, argumentou um passageiro.
Terminal Campina do Siqueira
Perguntamos quais eram as condições do Campina do Siqueira e como seria a volta para casa à tarde e a resposta se repetiu: grandes filas e poucos ônibus, com a justificativa que em dias de chuva tudo fica muito pior. “É um efeito dominó, porque se estraga um ônibus no meio do caminho, já se formam filas gigantes. Em dias de chuva ou quando tem obras na rodovia, as filas ficam ainda maiores”, relata.
A Folha entrou em contato com a Comec para um posicionamento sobre a situação dos usuários do transporte coletivo e informou que está realizando um levantamento e não seria possível disponibilizá-lo nesta semana, para a edição impressa.
Comec e Empresa de Ônibus Campo Largo afirmam que índice de pontualidade supera 95%
Sobre as reclamações, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) informou que toda a operação realizada em Campo Largo é monitorada em tempo real pelo Centro de Controle da Empresa de Ônibus Campo Largo, e sempre que algum imprevisto é identificado, segue protocolos para que ações sejam tomadas rapidamente e com o menor impacto possível aos usuários.
Enfatiza que é preciso que os usuários reconheçam, porém, que muitos destes problemas ocorrem por fatores externos, tais como obras no trajeto, chuvas atípicas, congestionamentos gerados por diversos fatores, entre outros, mas, ainda assim, existe um cumprimento do índice de pontualidade acima de 95%.
Ao mesmo tempo, temos uma grande distância percorrida nesta operação. A linha J62 – Ctba / C.Largo, por exemplo, percorre cerca de 30km em seu trajeto. Qualquer imprevisto durante este atendimento, por mais rápida que seja a resposta, levará um certo tempo para que seja regularizado.
“Quando questionadas, muitas das pessoas acreditam que o problema estaria solucionado com mais ônibus. Na pratica, porém, isso não ocorre, pois grande parte dos problemas é ocasionado por estes fatores externos, acima mencionados. Além disso, mais veículos geram mais custos, e aumentam o valor da tarifa. É por isso que a Comec vem buscando alternativas inéditas no sistema, como é o caso do projeto piloto para a implementação da tarifa diferenciada em horários de menor movimento. Projeto inédito no Brasil. Reconhecemos, é claro, que alguns atrasos são ocasionados por falhas mecânicas, mas estes representam cerca de 1% da nossa operação. O que em um universo de quase 1.000 veículos circulando diariamente, pode parecer algo comum, mas não é. Estes números são considerados, inclusive, bons números dentro da normalidade. Obviamente, qualquer caso atípico rapidamente toma conta dos noticiários e causa a impressão de descaso, quando na verdade não é de fato o que ocorre”, diz a nota.
A Empresa de Ônibus Campo Largo, responsável pelas linhas, disponibilizou à Folha de Campo Largo as datas do período questionado pelos usuários em momentos que foram registrados atrasos, sendo eles dia 17/09 – obras na BR277, próximo ao Contorno Sul, ocasionaram atrasos de 15 minutos nas viagens do pico da tarde, nos horários entre 18h e 19h -, 18/09 - obras na BR277, próximo ao Contorno Sul, ocasionaram atrasos ao longo de todo o dia. Registros de viagens com atrasos superiores a 30 minutos. Também no dia 18 ocorreu forte chuva de granizo, o que aumentou os congestionamentos - 19/09 - obras na BR277, próximo ao Contorno Sul, ocasionaram atrasos ao longo de todo o dia. Registros de viagens com atrasos superiores a 30 minutos e 20/09 - obras na BR277, na região do Cercadinho, ocasionaram atrasos ao longo de todo o dia. Registros de viagens com atrasos de 20 minutos a partir das 15 horas.
A empresa afirma ainda que sempre que possível, tem-se a prática de liberar veículos extras para contornar atrasos mas isso nem sempre é possível visto que, em situações como as acima citadas, veículos extras também acabam ficando presos em congestionamentos.
Condições dos ônibus
Na nota divulgada pela empresa, também trazia o cuidado com a manutenção dos veículos, que passam por manutenções preventivas periodicamente, conforme Plano de Manutenção onde, entre outros, todos os itens de segurança são devidamente inspecionados.
“As manutenções são realizadas de acordo recomendações previstas em manual dos fabricantes. Na realização da manutenção preventiva é levando em consideração os principais componentes mecânicos, elétricos, carroceria, pneus, sistema de portas e rampas, bem como verificação / substituição de peças. Quando o motorista está em operação e detecta alguma irregularidade é feito um registro relatando o problema e aberta ordem de serviço para o setor de manutenção analisar e realizar devidas manutenções de reparo”, diz.
Eles explicam ainda que no período noturno, quando os veículos retornam à garagem, é realizada inspeção geral das condições e aspectos presentes dos veículos. Irregularidades são registradas e repassadas para o setor de Manutenção, que analisa os dados e faz o devido reparo através de ordem de serviço. “Todos os veículos da frota são submetidos a inspeções técnicas veiculares realizadas por empresas terceirizadas e credenciadas ao Inmetro, que emitem laudo técnico de conformidade do veículo (LITV -Laudo de Inspeção Técnica Veicular). Trabalhamos diuturnamente para manter os processos de gestão com foco em resultados, com objetivo de realizar as operações em conformidade e eficiência”, intera.
Tubo novo
Sobre a ampliação pedida pelos usuários da estação tubo Ferrari, a Comec informa que “a ampliação do tubo exige dotação orçamentária, projetos e execução de maior complexidade. Impedindo sua execução de forma imediata. A Comec busca orçamento para este projeto, mas ainda sem previsão de realização. Porém, para minimizar este impacto, estudamos a viabilidade de utilização de mais ligeirinhos articulados. Também vale lembrar que a situação relatada ocorre em horários muito pontuais e específicos, quando há concentração de demanda e o projeto para utilização da tarifa diferenciada, por exemplo, busca justamente enfrentar este problema. Mas ainda é um projeto piloto que deverá apresentar seus primeiros resultados nos próximos meses”.