A SB pode afetar a capacidade profissional do trabalhador, porém mais do que isso: por se tratar de uma condição que não surge de um dia para o outro, até que se atinja o nível de síndrome
Alteração de humor, problemas gástricos, falta de sono, abuso de substâncias como álcool e drogas, esgotamento, além de mudanças na forma de se relacionar com os colegas, baixa no rendimento e sensação de insatisfação profissional são apenas alguns dos sintomas de quem desenvolve a Síndrome de Burnout (SB). Amplamente divulgada pela mídia após a demissão da jornalista global Izabella Camargo, diagnosticada com a doença, o mal afeta milhões de brasileiros, com estimativa de 40% dos trabalhadores estarem em níveis de estresse alarmantes.
Alana Zanlorenzi, psicóloga pós-graduanda em Psicologia Analítica e capacitada em Orientação Profissional e de Carreira (CRP 08/22144), explica que a SB é o resultado de do estresse crônico que vem do ambiente do trabalho. “A SB pode afetar a capacidade profissional do trabalhador, porém mais do que isso: por se tratar de uma condição que não surge de um dia para o outro, até que se atinja o nível de síndrome, vários prejuízos podem ir sobrecarregando a pessoa e afetando sua vida no geral, desde a saúde física e emocional, até a forma de se relacionar com as pessoas ao nosso redor, passando pela dificuldade de almejar e atingir conquistas profissionais.”
A psicóloga ressalta ainda que a SB é diferente do estresse profissional e que todo trabalho tem uma dose aceitável de desgaste, mas que só pode ser considerável saudável até o momento que a pessoa sente que consegue se desconectar do trabalho e recarregar as energias para a próxima jornada. Entretanto, quando ele “invade” outros momentos e impede que a pessoa desenvolva outras áreas de sua vida é o momento de buscar ajuda profissional. “Caso o ambiente do trabalho seja favorável a isso, é possível recorrer a superiores e pessoas de confiança dentro do trabalho, buscando compreender os fatores que aumentam o nível de estresse como um todo e desenvolver maneiras mais eficazes de fazer com que o clima profissional seja mais tranquilo. Infelizmente, na maioria das vezes, só se percebe que é necessário pedir ajuda quando e estresse atingiu um nível insuportável. Nesses casos, é necessário buscar auxílio médico e psicológico para compreender e lidar com os sintomas mais intensos e buscar estratégias que vão gradualmente aliviar a condição”, orienta.
Quem são os mais atingidos?
Existem profissionais mais propensos a desenvolverem a SB, como aqueles que trabalham diretamente com o público, que são expostos a riscos, que exigem reações rápidas e que têm condições de trabalho mais desconfortáveis, como por exemplo professores, policiais, profissionais da área da saúde, assistentes sociais, bombeiros, entre outros, entretanto, ela ressalta que todas as profissões podem desenvolver a SB, em qualquer momento da carreira.
Um exemplo dado por ela, são pessoas que estão em início de carreira e acabam enfrentando certas ansiedades e incertezas que podem gerar insegurança e estresse e se não receber a devida atenção há chances de se encaminhar gradualmente para a SB.
“Da mesma forma que não surge de um dia para o outro, a síndrome não vai embora após um fim de semana de descanso ou tirando um período de férias. O tratamento é necessário para lidar com todas as consequências, que são tão impactantes que levaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a incluir a SB na próxima classificação de doenças a ser lançada em 2022”, completa.
Como prevenir?
“Encontrar atividades prazerosas que permitam que a pessoa se desconecte das obrigações profissionais e se conecte consigo própria e com pessoas importantes da sua vida pode ser uma forma de driblar o esgotamento. Não há uma receita pronta que funcione para todos, mas no geral atividades que gerem relaxamento e permitam recarregar as energias são boas pedidas”, aconselha.
A psicóloga orienta ainda que durante a rotina de trabalho, o trabalhador encontre pequenos intervalos para espairecer e evidencia que o ideal é buscar se aproximar de um equilíbrio onde o trabalho continue tendo seu espaço, mas que não sobrecarregue o rendimento e a relação com outras pessoas.