Há cerca de três semanas, um mau cheiro é sentido em alguns períodos do dia na região do Ouro Verde.
Há cerca de três semanas, um mau cheiro é sentido em alguns períodos do dia na região do Ouro Verde. Há relatos de que tem incomodado muito os moradores, comerciantes e também alunos de escolas próximas à Zanlorenzi Bebidas. A Folha foi procurada para esclarecer a situação e entrou em contato com a empresa para entender o motivo que tem levado a isso.
Mateus Poggere, enólogo e responsável técnico pelos produtos da Zanlorenzi, explica que o que está acontecendo é uma alteração no efluente da indústria. “A Sanepar, para aceitar o descarte de resíduo industrial, dá uma Carta de Anuência que segue parâmetros de limites legais e por isso a empresa tem uma Estação de Tratamento de Efluentes. Por ser um sistema biológico, essa estação é como se fosse um corpo humano, o qual tem um sistema digestivo e libera um efluente. O fator que gerou a oscilação no processo e interferiu na ETE foi a combinação da água que lava os tanques com restos de sucos e vinhos”, explica.
Ele detalha que a Sanepar fornece um lodo ativado para fazer o tratamento desse efluente e torná-lo em boas condições para ser lançado na rede de esgoto. “A bactéria é inserida e degrada a matéria orgânica para que o efluente final fique dentro dos parâmetros. Desequilibrou essa combinação do que a bactéria se alimenta”, detalha, informando que o efluente fica a céu aberto, como exigido, e o mau cheiro dessa composição biológica acaba se espalhando.
Consultores foram contratados para resolver o problema o quanto antes, mas Mateus explica que é como quando uma pessoa pega uma virose, leva alguns dias para o diagnóstico e tratamento.
Mensalmente é feita uma amostragem da produção e protocolada em órgãos responsáveis, como IAP. Ele confirma que em nada interfere na qualidade da produção e não tem nenhum contato com o processo produtivo, que é totalmente asséptico. Segundo ele, alguns moradores alegam que está sendo despejado de qualquer jeito no esgoto, “mas o mau cheiro é causado justamente pelo contrário, por terem uma estação de tratamento de efluentes que concentra esses resíduos antes de despejar no esgoto, mas acabou acontecendo essa alteração no efluente bruto”. A Estação tem capacidade para 300 mil litros de efluente, por isso leva alguns dias para resolver.
A empresa fez um plano de ação para receber outras análises de profissionais e retomar a operação normal e também entregaram panfletos na vizinhança convidando para conhecer o processo na Zanlorenzi. Chegaram a parar a fábrica por cinco dias para reduzir a produção de efluentes. Pelos resultados obtidos, em breve deve diminuir o cheiro, segundo ele informa.
Moradores chegaram a falar que algumas crianças passaram mal, sofreram com ardência nos olhos, mas nenhuma confirmação de que a situação na empresa possa causar esses sintomas. Em conversa com a diretora de uma escola particular próxima, ela informou que há reclamações do mau cheiro, mas que nenhuma criança passou mal. A empresa informa que nenhum funcionário, nem mesmo os que trabalham diretamente na Estação chegaram a sofrer algum sintoma.
Thaís Zanlorenzi, superintendente de marketing da empresa, declara que a Zanlorenzi tem 77 anos de história, com certificação internacional de empresa sustentável, passa constantemente por auditorias rigorosas de qualidade e tem um processo bem cuidadoso para chegar a este nível. Lamenta comentários que estão surgindo, contra esse padrão de qualidade e explica que isso pode acontecer, mas que não impacta na qualidade do que a empresa produz. Comenta, também, que foi a primeira indústria de bebidas no Brasil a receber o certificado internacional de Empresa B, que está ligada à capacidade de promover desenvolvimento social e ambiental seguindo altos padrões e atuando com transparência e responsabilidade. Apenas 140 empresas no Brasil têm esse certificado.
Aproveitam para pedir desculpa pelo transtorno, enfatizam que não ficam felizes com a situação, mas que estão trabalhando para resolver. Seguem com as portas abertas para quem quer conhecer o sistema, o que é possível mediante agendamento de horário.