Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 06:28:30
Geral

Drogas e problemas familiares podem levar jovens a desvios de condutas

Um filho suspeito de matar o próprio pai preocupa a sociedade, que questiona até onde esses jovens podem chegar. Psicóloga orienta que indícios primários devem ser observados

Drogas e problemas familiares podem levar jovens a desvios de condutas

A notícia do último domingo (14) de que o filho é suspeito de ter matado o próprio pai levanta diver­sos questionamentos do que está acontecendo com muitos jovens, do que leva a tanta violência principal­mente quando se fala da relação familiar, em que o senti­mento deveria ser totalmente o oposto.

A Folha conversou com a psicóloga e psicopedagoga Milene Christianne Rampim da Rosa, que atende muitas fa­mílias e também já tem experiência de ter trabalhado no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS. Segundo ela, são muitos os fatores que podem desencadear um ato abusivo e até fatal de violência doméstica. Estão relacionados tanto à desestruturação de personalidade do indivíduo quanto a problemas familiares e sociais.

O que pode ocasionar situações como essa também é o consumo de drogas. “O uso de drogas é um agente sig­nificativo e gerador de comportamentos violentos, pois são substâncias psicoativas, que interferem negativamente nas funções biopsíquicas no organismo, alterando os sentidos nas percepções básicas e potencializando sentimentos e emoções, como a raiva e a frustração, por exemplo. A de­pendência das drogas e a abstinência podem provocar re­ações comportamentais violentas e quadros de desvios de conduta severos”, explica a psicóloga.

Muitos pais não sabem lidar com a falta de controle dos jovens e por muitas vezes não seguirem suas orienta­ções. Milene comenta que é essencial ter uma “responsa­bilidade afetiva”, que é um olhar atento a todas as etapas do desenvolvimento da criança e adolescente. “Eles sinali­zam em momentos específicos na infância e adolescência os indícios primários de desequilíbrios e dificuldades. Essa observação cuidadosa previne situações agravantes de so­frimento, tanto do causador de um comportamento violento, como o da vítima que sofre tal agressão”, completa ela, de­talhando que intervenções pontuais são de suma relevância durante o crescimento dos filhos, para que estes desenvol­vam condições psicológicas adequadas que gerem compor­tamentos de boa conduta na vida adulta.

O processo educativo pode ser repleto de lacunas e ge­rar consequências graves. Mas, para ela, existe uma chan­ce de reverter, quando a pessoa reconhece a necessidade e aceita uma chance de tratamento, junto a órgãos que pro­movam programas sócioeducativos, terapias ocupacionais individuais e em grupo, terapias familiares, acompanhamen­to medicamentoso e psicológico. Além disso, conclui que manter-se informado e poder contar com a disponibilidade de orientação e acompanhamento profissional especializa­do são recursos de ajuda preventiva e de tratamento.