Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 08:26:49
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Sequestro emocional precisa ser entendido e controlado

O sequestro emocional é uma reação desproporcional apresentada quando o corpo entende que está em uma emergência. Em um curto espaço de tempo, a pessoa é tomada por uma explosão emo­cional e

Sequestro emocional precisa ser entendido e controlado

Pode ser um termo novo para al­guns, mas com reações conhecidas por muitos. O sequestro emocional é uma reação desproporcional apresentada quando o corpo entende que está em uma emergência. Em um curto espaço de tempo, a pessoa é tomada por uma explosão emo­cional e ação impensada e irracional, cuja a expressão “o que deu em mim” é constante­mente usada.

A explicação é da psicóloga Angélica Ne­ris. “O termo, sequestro emocional, é usado pelo psicólogo Daniel Goleman. Goleman explica que o sequestro acontece porque a amígdala ce­rebral (cérebro emocional) assume o controle do cérebro. A amígdala funciona como um alarme de uma empresa, quando o alarme soa os operadores estão a postos para chamar o corpo de bombeiros ao sinal de perigo. A amíg­dala é responsável pelo processamento e armazenamen­to das reações emocionais, ela tem um papel essencial de identificar os riscos e acionar as principais reações ligadas à autopreservação para que possamos reagir, o problema é que ela comete erros, e alguns dos perigos que ela iden­tifica são apenas simbólicos. No sequestro emocional o sistema nervoso dará um sinal de alerta para o organismo e agiremos de um jeito que possamos nos defender da ameaça.”

Basicamente, segundo a psicóloga, ele não é causado por problemas psicológicos, mas sim é quando o cérebro emocional (chamado de límbico) responde mais rapida­mente do que o cérebro racional (chamado de neocór­tex), pois geralmente suas respostas são menos precisas, já que não passaram por uma análise racional.

Ela explica ainda que a consciência emocional, ou seja, identificar como você se sente diante de uma situação, pode liberar a amígdala de precisar entrar em ação. “Isso porque antes de um sequestro emocional há um trans­bordamento emocional e é dele que precisamos estar conscientes. Para isso, é importante percebermos os sinais da­dos pelo nosso corpo como agitação, batimentos cardíacos acelerados, sudorese e as emoções presentes como medo, raiva, decepção, frustra­ção. Desta forma, levamos a situação para o lado racional, evitando, de certa forma uma res­posta espontânea. Mas além de identificar os ga­tilhos que antecedem o descontrole, é necessário lidar com a emoção, encontrar uma válvula de escape, como por exemplo se afastar por alguns minutos da situação, respirar fundo”, orienta.

 Racional x emocional

Angélica explica ainda que por mais que o sentimento se manifeste antes do raciocínio, o lado racional é muito mais valorizado do que o emocional. O exemplo usado por ela é o fato de que as pessoas não são educadas para observar seus próprios sentimentos, ou agir com o que se sente. “É pela inteligência emocional que nos motivamos, controlamos nossos impulsos, criamos empatia, conhecemos nosso funciona­mento, sabemos gerenciar nossas emoções”, completa.

Para quem é pai e mãe, ou cria alguma criança, esse conhecimento é ainda mais im­portante, pois pode auxiliar em momentos como as “birras”, momento em que o cérebro está tomado pela emoção, por isso, segundo Angélica, brigar é ineficaz. Cabe ao responsável auxiliar a criança a se acalmar, tentar uma co­nexão emocional, reconhecer seu sentimento, ajudá-la a nomear e entender o que está sentin­do poderá ser mais funcional nesse momento.

“O sequestro emocional não é um inciden­te isolado e horrendo, ele acontece com muita frequência. Quando foi a última vez que você explodiu com o filho, marido, com alguém no trânsito? E depois que você parou e avaliou, percebeu que sua forma foi imprópria. Embora nem toda resposta límbica (sequestro emocio­nal) é agressiva, (uma risada também pode ser uma resposta límbica), toda resposta límbica é espontânea”, explica.

Por isso, a psicóloga indica que avaliar o que levou a experimentar o sequestro emocio­nal é um jeito de ficar preparado para novas situações. “Ao passarmos por um sequestro es­tamos reagindo de forma automática àquela si­tuação. Ou seja, o nosso cérebro pensante, que é o neocórtex se esquiva e nos tornamos mais instintivos. Para os antepassados, essa parte emocional, que nos prepara para uma respos­ta automática, era vital quando se deparavam com inimigo, com animais, com situações de perigo. Na atualidade, essas respostas espon­tâneas nem sempre são positivas nas relações, pois acontecem numa discussão de casal, no trabalho, com o filho, no trânsito”, finaliza.