O sequestro emocional é uma reação desproporcional apresentada quando o corpo entende que está em uma emergência. Em um curto espaço de tempo, a pessoa é tomada por uma explosão emocional e
Pode ser um termo novo para alguns, mas com reações conhecidas por muitos. O sequestro emocional é uma reação desproporcional apresentada quando o corpo entende que está em uma emergência. Em um curto espaço de tempo, a pessoa é tomada por uma explosão emocional e ação impensada e irracional, cuja a expressão “o que deu em mim” é constantemente usada.
A explicação é da psicóloga Angélica Neris. “O termo, sequestro emocional, é usado pelo psicólogo Daniel Goleman. Goleman explica que o sequestro acontece porque a amígdala cerebral (cérebro emocional) assume o controle do cérebro. A amígdala funciona como um alarme de uma empresa, quando o alarme soa os operadores estão a postos para chamar o corpo de bombeiros ao sinal de perigo. A amígdala é responsável pelo processamento e armazenamento das reações emocionais, ela tem um papel essencial de identificar os riscos e acionar as principais reações ligadas à autopreservação para que possamos reagir, o problema é que ela comete erros, e alguns dos perigos que ela identifica são apenas simbólicos. No sequestro emocional o sistema nervoso dará um sinal de alerta para o organismo e agiremos de um jeito que possamos nos defender da ameaça.”
Basicamente, segundo a psicóloga, ele não é causado por problemas psicológicos, mas sim é quando o cérebro emocional (chamado de límbico) responde mais rapidamente do que o cérebro racional (chamado de neocórtex), pois geralmente suas respostas são menos precisas, já que não passaram por uma análise racional.
Ela explica ainda que a consciência emocional, ou seja, identificar como você se sente diante de uma situação, pode liberar a amígdala de precisar entrar em ação. “Isso porque antes de um sequestro emocional há um transbordamento emocional e é dele que precisamos estar conscientes. Para isso, é importante percebermos os sinais dados pelo nosso corpo como agitação, batimentos cardíacos acelerados, sudorese e as emoções presentes como medo, raiva, decepção, frustração. Desta forma, levamos a situação para o lado racional, evitando, de certa forma uma resposta espontânea. Mas além de identificar os gatilhos que antecedem o descontrole, é necessário lidar com a emoção, encontrar uma válvula de escape, como por exemplo se afastar por alguns minutos da situação, respirar fundo”, orienta.
Racional x emocional
Angélica explica ainda que por mais que o sentimento se manifeste antes do raciocínio, o lado racional é muito mais valorizado do que o emocional. O exemplo usado por ela é o fato de que as pessoas não são educadas para observar seus próprios sentimentos, ou agir com o que se sente. “É pela inteligência emocional que nos motivamos, controlamos nossos impulsos, criamos empatia, conhecemos nosso funcionamento, sabemos gerenciar nossas emoções”, completa.
Para quem é pai e mãe, ou cria alguma criança, esse conhecimento é ainda mais importante, pois pode auxiliar em momentos como as “birras”, momento em que o cérebro está tomado pela emoção, por isso, segundo Angélica, brigar é ineficaz. Cabe ao responsável auxiliar a criança a se acalmar, tentar uma conexão emocional, reconhecer seu sentimento, ajudá-la a nomear e entender o que está sentindo poderá ser mais funcional nesse momento.
“O sequestro emocional não é um incidente isolado e horrendo, ele acontece com muita frequência. Quando foi a última vez que você explodiu com o filho, marido, com alguém no trânsito? E depois que você parou e avaliou, percebeu que sua forma foi imprópria. Embora nem toda resposta límbica (sequestro emocional) é agressiva, (uma risada também pode ser uma resposta límbica), toda resposta límbica é espontânea”, explica.
Por isso, a psicóloga indica que avaliar o que levou a experimentar o sequestro emocional é um jeito de ficar preparado para novas situações. “Ao passarmos por um sequestro estamos reagindo de forma automática àquela situação. Ou seja, o nosso cérebro pensante, que é o neocórtex se esquiva e nos tornamos mais instintivos. Para os antepassados, essa parte emocional, que nos prepara para uma resposta automática, era vital quando se deparavam com inimigo, com animais, com situações de perigo. Na atualidade, essas respostas espontâneas nem sempre são positivas nas relações, pois acontecem numa discussão de casal, no trabalho, com o filho, no trânsito”, finaliza.