Nos últimos dias os pais ficaram alarmados com o ressurgimento da Momo, porém, o cuidado com os pequenos deve ser constante
Bastante difundida a informação que a boneca Momo influenciava as crianças pequenas que assistiam vídeos no YouTube a se cortarem, ainda no ano passado, ela voltou à pauta da grande imprensa no mês de março por reaparecer nos vídeos com a mesma intenção. Apesar de muitos tratarem como uma fake news, há outras ameaças escondidas em sites e vídeos, e os pais devem estar sempre atentos ao que seus filhos fazem na internet.
A psicóloga e psicopedagoga Milene Cristianne Rampim da Rosa explica que os pais têm a função de serem cuidadores e educadores dos seus filhos, esse é o primeiro passo para a construção de uma Educação efetiva. “Devem criar e manter uma condição mínima de diálogo com seus filhos, proporcionando uma abertura de confiança para fornecer e trocar informações básicas e necessárias que possam combater conteúdos impróprios, dentro e fora da internet. É de responsabilidade dos pais conhecer primeiro o que o filho vai assistir, avaliar criteriosamente e depois acompanhar observando de perto, monitorando tanto os conteúdos como os comportamentos manifestados pelos seus filhos, diante destes. Pais que instruem e supervisionam formam filhos com ego e autoestima estruturados, capazes de adquirirem maturidade e discernimento.”
Segundo a psicóloga, as crianças em desenvolvimento são influenciadas o tempo todo, então se faz imprescindível o cuidado e preservação do seu físico e emocional. Ainda assim é possível escolher ambientes seguros para que a criança navegue na internet com segurança. Algumas dicas passadas por ela são “conhecer o conteúdo, avaliá-lo e escolher o mais adequado; dialogar e conscientizar sobre os possíveis perigos online; monitorar de perto; supervisionar constantemente sites que possam ou não oferecer algum tipo de risco; estipular limite de tempo de uso; consultar sempre o histórico de navegação; atentar a formas de instalação de configurações de segurança nos computadores, celulares e tablets (ferramentas que filtram o conteúdo a ser assistido em modos restritos); cuidar com exposições de dados pessoais que possam ser compartilhados nas redes sociais; autorizar o bloqueio de canais impróprios; checar as origens das informações; denunciar sempre, conteúdos inadequados nos sites e plataformas digitais de compartilhamento”.
Porém, Milene ressalta a importância de brincar, jogos educativos e fazer atividades ao ar livre, que deve sobrepor ao tempo passado no computador. “É importante ter contato com o mundo virtual, porém passar tempo demais imerso nesse mundo pode causar prejuízos físicos, tais como: problemas de visão e na audição, devido ao uso continuado de fones de ouvido; danos posturais em função de pescoço forçado pra baixo e coluna literalmente torta; problemas de psicomotricidade (lateralidade e movimentos normais e habituais comprometidos); problemas psicológicos como ansiedade excessiva; intolerância e irritabilidade em níveis preocupantes; problemas cognitivos, por excesso de distração ou por falta de interesse de ler, de escrever, de digitar, entre outros”, alerta.
O que há por trás
Para que surjam esses jogos é preciso de mentes que os elabore, mas o que, ou melhor, quem pode estar por trás de tudo isso? Milene explica que no meio digital, essas pessoas são chamadas de “trolls” ou “haters”. Em geral elas são mal intencionadas e procuram desenvolver formas de causar grandes perturbações, medos e pânicos ou até de promover discursos de ódio, como forma de chamar atenção e exteriorizar questões inerentes a poder e realização pessoal.
“Na visão psicopatológica, podem ser pessoas carentes afetivamente, inábeis emocionalmente, com desajustes e desordens comportamentais que sugerem desvios de conduta e transtornos de personalidade mais severos. Ao menor sinal de perigo, fique em alerta. Constatando de fato a gravidade, procure imediatamente meios de denúncia e ajuda, inclusive na mesma plataforma digital onde a ameaça foi encontrada”, diz.
Ela indica que se a criança já tenha tido contato com um conteúdo perturbador, os pais devem tratar a situação sem pânico, sem maiores alardes, pra não intensificar desnecessariamente algo que por si só já deixou uma marca ruim. “A Momo, por exemplo, muitas crianças nem viram, mas ficaram sabendo pelos amiguinhos da escola, por exemplo. Os pais não devem também, em momento algum, utilizarem-se de personagens tipo a Momo para impor artimanhas de condições punitivas com seus filhos, tais como ‘se você não obedecer eu vou chamar a Momo pra te pegar’. A criança pode demonstrar algumas mudanças em seu comportamento, seja no sono irregular e perturbado, em episódios de enurese (escape de xixi), no excesso de choro e gritos (os que não são de manhas ou birras), na manifestação de insegurança e medo, na dificuldade nas relações interpessoais, num retraimento e apatia, e até nos problemas de aprendizagem”, esclarece.