Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 11:06:33
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Crianças podem ser diretamente influenciadas pelo conteúdo que acessam na internet

Nos últimos dias os pais ficaram alarmados com o ressurgimento da Momo, porém, o cuidado com os pequenos deve ser constante

Crianças podem ser diretamente influenciadas pelo conteúdo que acessam na internet

Bastante difundida a informação que a boneca Momo influenciava as crianças pequenas que as­sistiam vídeos no YouTube a se cortarem, ainda no ano passado, ela voltou à pauta da grande imprensa no mês de março por reaparecer nos vídeos com a mesma intenção. Apesar de muitos tratarem como uma fake news, há outras ameaças escondidas em sites e vídeos, e os pais devem es­tar sempre atentos ao que seus filhos fazem na internet.

A psicóloga e psicopedagoga Milene Cristianne Ram­pim da Rosa explica que os pais têm a função de serem cui­dadores e educadores dos seus filhos, esse é o primeiro passo para a construção de uma Educação efetiva. “Devem criar e manter uma condição mínima de diálogo com seus fi­lhos, proporcionando uma abertura de confiança para forne­cer e trocar informações básicas e necessárias que possam combater conteúdos impróprios, dentro e fora da internet. É de responsabilidade dos pais conhecer primeiro o que o fi­lho vai assistir, avaliar criteriosamente e depois acompanhar observando de perto, monitorando tanto os conteúdos como os comportamentos manifestados pelos seus filhos, dian­te destes. Pais que instruem e supervisionam formam filhos com ego e autoestima estruturados, capazes de adquirirem maturidade e discernimento.”

Segundo a psicóloga, as crianças em desenvolvimen­to são influenciadas o tempo todo, então se faz imprescin­dível o cuidado e preservação do seu físico e emocional. Ainda assim é possível escolher ambientes seguros para que a criança navegue na internet com segurança. Algumas dicas passadas por ela são “conhecer o conteúdo, avaliá-lo e escolher o mais adequado; dialogar e conscientizar sobre os possíveis perigos online; monitorar de perto; supervisio­nar constantemente sites que possam ou não oferecer al­gum tipo de risco; estipular limite de tempo de uso; consultar sempre o histórico de navegação; atentar a formas de ins­talação de configurações de segurança nos computadores, celulares e tablets (ferramentas que filtram o conteúdo a ser assistido em modos restritos); cuidar com exposições de dados pessoais que possam ser com­partilhados nas redes sociais; autori­zar o bloqueio de canais impróprios; checar as origens das informações; denunciar sempre, conteúdos inade­quados nos sites e plataformas digi­tais de compartilhamento”.

Porém, Milene ressalta a impor­tância de brincar, jogos educativos e fazer atividades ao ar livre, que deve sobrepor ao tempo passado no com­putador. “É importante ter contato com o mundo virtual, porém passar tem­po demais imerso nesse mundo pode causar prejuízos físicos, tais como: problemas de visão e na audição, de­vido ao uso continuado de fones de ouvido; danos posturais em função de pescoço forçado pra baixo e coluna literalmente torta; problemas de psicomotricidade (lateralidade e movimentos normais e habituais comprometidos); problemas psicológi­cos como ansiedade excessiva; intolerância e irritabilidade em níveis preocupantes; problemas cognitivos, por excesso de distração ou por falta de interesse de ler, de escrever, de digitar, entre outros”, alerta.

 O que há por trás

Para que surjam esses jo­gos é preciso de mentes que os elabore, mas o que, ou me­lhor, quem pode estar por trás de tudo isso? Milene explica que no meio digital, essas pes­soas são chamadas de “trolls” ou “haters”. Em geral elas são mal intencionadas e procuram desenvolver formas de causar grandes perturbações, medos e pânicos ou até de promover discursos de ódio, como forma de chamar atenção e exteriori­zar questões inerentes a poder e realização pessoal.

“Na visão psicopatológica, podem ser pessoas carentes afetivamente, inábeis emocio­nalmente, com desajustes e desordens comportamentais que sugerem desvios de con­duta e transtornos de persona­lidade mais severos. Ao menor sinal de perigo, fique em aler­ta. Constatando de fato a gra­vidade, procure imediatamente meios de denúncia e ajuda, in­clusive na mesma plataforma digital onde a ameaça foi en­contrada”, diz.

Ela indica que se a crian­ça já tenha tido contato com um conteúdo perturbador, os pais devem tratar a situação sem pânico, sem maiores alar­des, pra não intensificar des­necessariamente algo que por si só já deixou uma marca ruim. “A Momo, por exemplo, muitas crianças nem viram, mas ficaram sabendo pe­los amiguinhos da escola, por exemplo. Os pais não devem também, em momento algum, utilizarem-se de personagens tipo a Momo para impor arti­manhas de condições puniti­vas com seus filhos, tais como ‘se você não obedecer eu vou chamar a Momo pra te pegar’. A criança pode demonstrar al­gumas mudanças em seu comportamento, seja no sono irregular e perturbado, em epi­sódios de enurese (escape de xixi), no excesso de choro e gritos (os que não são de ma­nhas ou birras), na manifesta­ção de insegurança e medo, na dificuldade nas relações in­terpessoais, num retraimento e apatia, e até nos problemas de aprendizagem”, esclarece.