Chegaram as tão esperadas férias, e com elas a dúvida que paira na cabeça dos pais: o que fazer nesses quase dois meses com as crianças em casa? Crianças também precisam de um tempo de folga
Chegaram as tão esperadas férias, e com elas a dúvida que paira na cabeça dos pais: o que fazer nesses quase dois meses com as crianças em casa? Muito embora atividades dirigidas façam total diferença na construção de um adulto, as crianças também precisam de um tempo de folga, para fazerem e brincarem com o que quiserem.
Quem explica a necessidade desse tempo mais “a vontade” é a psicóloga Letícia Moraes. Ela diz que as crianças estão propensas a resolverem suas necessidades e desejos de forma muito rápida, resultando em dificuldade de esperar, baixa tolerância a frustração, entre outros. “O tempo ocioso estimula a capacidade de resolução de conflitos, leva as crianças a pensarem sobre o que fazer, como fazer, se sentem estimuladas a inventar mais, além de estimular a autonomia. Esse tempo sem fazer nada, deve ser estimulado durante o ano todo, pelo menos em um dia da semana, ou algumas horas do dia, os pais devem deixar as agendas dos filhos livres para que possam aproveitar o dia. Isso trará benefícios no rendimento escolar das crianças. Um momento sem cobranças, sem tecnologia, incentivando a reflexão criativa.”
O período mais propício para que esses momentos ociosos aconteçam acabam sendo as férias, já que é normal que toda a família acabe entrando nesse clima. Com isso, a psicóloga orienta que deve-se aproveitar para brincar livremente, sem ficar agarrado aos eletrônicos. “A falta de tempo no dia a dia impede que os pais passem maiores períodos de tempo livre com os filhos e isso afeta a relação familiar. Portanto aproveitar as férias para criar esses momentos é fundamental, com isso, fortalecem os vínculos e a confiança entre eles, além de colaborar com o desenvolvimento infantil. Vale ressaltar que esses momentos devem ser decididos em família, e podem incluir brincadeiras em parques, diversão na própria casa, por exemplo, montar cabanas, brincadeiras com água, atividades culturais, são algumas opções para as famílias”, aconselha.
Socializando nas férias
Longe das salas de aula e dos amigos de escola, porém jamais sem contato com crianças da mesma idade. É importante que esse contato aconteça para que a criança seja cada dia mais estimulada ao convívio social, conforme explica Letícia. “Por meio da socialização a criança compreende o mundo a sua volta, exercita habilidades físicas, aprende conviver com o outro, a compartilhar, tolerar, respeitar, seguir regras, etc. Além disso, por meio das interações a criança aprimora sua linguagem”, diz.
Letícia também ressalta a importância da criança passar mais tempo com outros familiares, como avós, primos e tios. Segundo ela, permitir que os filhos durmam na casa dos avós, passem momentos com os primos, ou façam passeios com os tios, por exemplo, permitem que a criança se sinta pertencente a um grupo, fortaleça os vínculos familiares com os outros integrantes da família e também acrescente em desenvolvimento.
Criança preguiçosa?
Mas, com essas exceções, quais os riscos de tornar a criança preguiçosa? De acordo com a psicóloga, se ela for estimulada de forma adequada isso não irá acontecer. “Hoje as crianças estão cada vez mais atarefadas, os pais devem criar em casa junto com a criança uma rotina diária. Isso ajuda as crianças a se organizarem com o que precisam cumprir durante o dia. Nessa rotina os pais podem planejar juntamente com os filhos, um momento de tempo livre. Cabe ressaltar que durante o período de tempo ócio, as crianças precisam deixar de lado os estímulos eletrônicos”, alerta.
E essas regras podem sim se tornarem mais flexíveis durante o período de férias, desde que a criança tenham em mente que ao retorno da rotina escolar tudo voltará ao normal, diz Letícia.
Adolescentes também precisam desse tempo
Uma pesquisa realizada pela National Sleep Foundation, nos Estados Unidos, mostrou que os adolescentes com idades entre 13 e 17 anos precisam dormir por dia cerca de 10 horas para garantir uma mente sadia e crescimento e desenvolvimento adequado, por isso é importante que os pais respeitem o tempo livre dessas pessoas, tudo sem descuidar do que estão fazendo.
“A fase da adolescência é um momento de transição, os jovens já não se sentem mais crianças e ainda não são adultos, seus gostos e preferências também se alteram. Com essas mudanças, preferem ficar sozinhos, porém, os pais devem se atentar ao isolamento demasiado, é importante respeitar a privacidade dos filhos, mas sempre monitorar o que estão fazendo. O tempo livre é necessário, mas da mesma forma é fundamental envolver os adolescentes em atividades dirigidas”, diz.
Assim, a psicóloga recomenda que os pais busquem descobrir o que o adolescente gosta, quais são suas preferências, propondo atividades para que eles se sintam motivados. Passeios em família ao ar livre, como, cachoeiras, parques, trilhas, cinemas, etc.