Dezembro Vermelho alerta para prevenção e combate à Aids e HIV. Médica enfatiza principalmente a importância do uso de preservativo
Dezembro já está chegando ao fim, mas é importante manter a atenção voltada para a prevenção. Seja contra o câncer de pele, que é o Dezembro Laranja, como também contra a AIDS e o HIV, principalmente nas épocas de verão e Carnaval, que apresentam relacionamentos mais passageiros.
A médica especializada em Medicina da Família e diretora técnica do município, Dra. Kathyn Pereira, explica que o único método capaz de prevenir com eficácia o vírus HIV é a utilização do preservativo. “Independente se for preservativo masculino ou feminino, esse é o único método de prevenção, pois os demais, previnem a gravidez não planejada, mas as DSTs continuam sendo transmitidas. Essa prevenção deve acontecer em todas as idades, desde os mais jovens até a terceira idade, pois, apesar da faixa etária com maior recorrência do contágio do HIV ser de 20 a 25 anos, a terceira idade também tem apresentado números alarmantes de contágio de DSTs, como sífilis e hepatite.”
É importante saber ainda que sempre que suspeitar que existe a possibilidade do contágio com o vírus, em uma relação sexual desprevenida, por exemplo, é importante procurar uma Unidade Básica de Saúde, que oferece testes rápidos, que levam em média 30 minutos para ficarem prontos, oferecidos gratuitamente pelo Ministério da Saúde, tudo feito de forma discreta. Caso o resultado dê positivo, o paciente já é encaminhado para o atendimento médico, que pedirá exames complementares. Quando o resultado dos exames laboratoriais comprovarem que o paciente está com a doença, será realizada uma avaliação com a infectologista, para verificar a necessidade do início da medicação, o chamado TARV, que consiste em três remédios diferentes, usado em 90% da população que tem a doença.
“Tudo irá depender da carga viral daquela pessoa. Se ela tiver uma carga viral baixa, em alguns casos é tão baixa que torna-se indetectável, mas o vírus continuará sempre no sangue, não há necessidade do início dos remédios. Isso é muito comum quando a doença é descoberta na fase de latência, que pode durar até 10 anos. Ou seja, a pessoa é contaminada, tem sintomas muito parecidos como de um resfriado muito forte, por até 30 dias. Aquele mal estar passa e ela entra na fase de latência, que pode durar todo esse tempo, pois ela apresenta uma carga viral muito baixa. Depois desse período que ela pode começar a construir uma carga viral alta e necessitará da medicação, é aí que começa a AIDS – antes ela é apenas portadora do vírus HIV”, explica.
Com a carga viral alta, sem o uso da medicação, a pessoa contaminada tem a expectativa de vida de apenas mais três anos. “Essa pessoa fica sem defesa no organismo, então qualquer doença, que seria simples para uma pessoa saudável, torna-se extremamente complicada para ela. Se ela ficar doente, essa expectativa de vida cai para apenas um ano e meio. Em contra-partida, aqueles que fazem o acompanhamento, tomam todos os medicamentos receitados pelo médico e levam uma vida saudável, têm a expectativa de vida igual a de uma pessoa que não tem AIDS”, diz.
A Medicina ainda não encontrou cura para a AIDS ou algum remédio que seja capaz de exterminar o vírus HIV, porém, quem é diagnosticado e faz o tratamento pode levar uma vida normal, podendo inclusive ter filhos. “Mesmo que a pessoa mantenha a carga viral baixa, ela sempre irá transmitir a doença, é importante que isso fique claro. Mas é possível que casais, ambos com o diagnóstico, ou um deles sendo soro negativo, tenham filhos. Para isso é importante ter orientações do infectologista e do ginecologista. Na hora do parto, há manobras para evitar que tenha o contato do sangue da mãe com a criança, independente se o parto for normal ou cesárea. Esse mesmo teste feito nas UBS, são realizados nas mulheres em trabalho de parto que não fizeram exame pré-natal”, conta.
Além da transmissão via relação sexual ou parto, o HIV pode ser transmitido via contato com sangue – considerado raro pela Medicina -, por transfusões de sangue anteriores a 1992.
Sem vergonha de contar
A médica ressalta a importância da sinceridade nos relacionamentos. “Tem muita gente que não conta por vergonha ou medo da rejeição, mas é imprescindível ser sincero, seja com o parceiro ou com toda a família. Isso fará com que você proteja todos ao seu redor e eles saibam o que fazer para te ajudar. Lembre-se sempre de se proteger, zelar por sua saúde e, para quem tem filhos, sempre alertá-los da necessidade do preservativo, que é distribuído gratuitamente na rede pública”, finaliza.