Médica dermatologista alerta que o câncer de pele pode ser silencioso e causar, inclusive, a morte
Os meses que estabelecem cores chamam muita atenção do grande público. Por meio deles, é possível conscientizar as pessoas de várias doenças e causas que devem ser defendidas para que a sociedade vá em direção a ter mais saúde. Dezembro não é diferente, pois traz consigo o alerta para um dos tipos de câncer que mais atinge os brasileiros: o câncer de pele. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2018 havia estimativa do aparecimento de 165.580 novos casos, sendo 85.170 homens e 80.140 mulheres. Em 2015, o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) apontou que esse câncer levou à morte 1.958 pessoas, sendo 1.137 homens e 821 mulheres.
Entre o tipo de câncer de pele melanoma, o mais complicado da doença já que pode apresentar metástase (disseminação de câncer para outros órgãos), a estimativa de novos casos no Brasil para este ano eram de 6.260, sendo 2.920 homens e 3.340 mulheres. Em 2015, o SIM havia registrado 1.794 mortes no Brasil, sendo 1.012 homens e 782 mulheres. Embora o câncer de pele represente hoje 30% dos diagnósticos, apenas 3% são melanomas.
A Folha de Campo Largo conversou com a médica dermatologista e cirurgiã dermatológica Gabriela Seidel, que explicou um pouco sobre a doença: “Esse câncer ocorre por um crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Os tipos mais comuns são os carcinomas basocelulares e espinocelulares e o mais grave é o melanoma. Podem manifestar-se de diversas formas, mas entre os sinais mais comuns estão a lesão de aparência elevada, de coloração rósea, avermelhada ou escura, de crescimento lento, porém progressivo; pinta na pele de crescimento progressivo, que apresente coceira, sangramento frequente, ou mudança nas suas características; ferida que não cicatriza espontaneamente em quatro semanas; qualquer mancha de nascimento que mude de cor, espessura ou tamanho”.
De acordo com a médica, a evolução da doença irá depender do tipo do câncer e estágio de evolução quando ele foi descoberto, e que quando descoberto em fases mais avançadas o câncer de pele, especialmente o melanoma, pode levar à morte.
Ela explica ainda que alguns grupos podem apresentar maior propensão a desenvolverem o câncer de pele de todos os tipos, tais como pessoas de pele clara, olhos azuis, cabelos claros ou ruivos, e aqueles que já apresentam alguma doença de pele, como por exemplo pessoas com vitiligo, albinismo. Aqueles que usam algumas medicações que diminuem a imunidade também podem estar mais propensos a apresentar a doença, assim como quem possui história pessoal ou familiar de melanoma, e deve redobrar o cuidado, alerta a médica.
“Crianças, adolescentes e jovens também podem manifestar a doença. Vale ressaltar que um dos fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma - o pior dos cânceres de pele - são as queimaduras que ocorrem na infância. As mesmas medidas de prevenção devem ser adotadas, observando-se que existem protetores solares próprios para uso infantil. Crianças de até seis meses não devem fazer uso de filtro solar, devendo-se nesses casos, evitar a exposição e abusar de chapéus e roupas com fator de proteção”, orienta.
O tratamento desse câncer de pele, segundo a médica, é bastante individualizado e depende do tipo da classificação do câncer, qual estágio ele está e o estado geral do paciente. “A maioria é tratado com retirada cirúrgica e quando se consegue a remoção completa considera-se curado. Entretanto, alguns cânceres de pele podem gerar metástases, e quando essa disseminação é evidenciada às vezes são necessários outros tratamentos e nem sempre se consegue a cura. Existem outras abordagens que não cirúrgicas para aquelas formas mais brandas ou para pacientes sem condições clínicas para operar”, conta.
Prevenir é melhor do que remediar
Dra. Gabriela explica que o câncer de pele pode surgir em qualquer lugar do corpo. Há participação de um componente genético que não se consegue mudar. “Então a única maneira de prevenir é não se expondo ao sol e usando filtro solar em todas as áreas expostas do corpo. Entre as orientações destacamos a não exposição direta ao sol das 10h às 16h; uso regular de filtro solar com FPS de no mínimo 30, lembrando sempre de reaplicar várias vezes ao dia e o uso de chapéus, bonés, roupas com proteção UV. É super importante saber a quantidade certa de cada aplicação, por exemplo, uma colher de chá para a face. Filtros com cor de base acabam protegendo um pouco mais, pois são considerados físicos também”, recomenda.
Aos trabalhadores que precisam ficar por longas horas no sol, a médica recomenda uma atenção especial para os horários de aplicação, procurando ser fiel a eles. “É muito importante que cada pessoa conheça sua pele e realize um autoexame periodicamente. Assim pequenas alterações de pintas já existentes ou mesmo surgimento de novas podem ser prontamente percebidas. Visitas de rotina ao dermatologista devem ser realizadas anualmente ou tão logo se note qualquer alteração”, finaliza.