Independência e autonomia são naturais no processo de desenvolvimento da criança e cabe aos pais incentivá-la
Já percebeu como ele/ela cresceu rápido? Em um piscar de olhos já vai ao banheiro sozinho, escolhe o que vai comer, o que vestir, toma banho sozinho e até ajuda nas tarefas diárias para manter a casa arrumada. Isso pode soar até um pouco assustador para alguns pais, mas é extremamente positivo para o amadurecimento da criança.
A psicóloga e especialista em Psicologia Clínica e Terapia Cognitivo-Comportamental, Priscila Stocco, explica que uma sensação de angústia quando percebe-se que a criança não é mais aquela “pequenininha” é natural, entretanto, os pais devem levar isso a sério e mudar algumas atitudes com relação a ela, respeitando o seu nível de desenvolvimento, sem subestimar suas capacidades. “Pais que não permitem que os filhos tomem iniciativas para resolverem seus problemas diários ou os superprotegem, resolvendo tudo em seu lugar, atrapalham a construção de sua independência, além de favorecer um comportamento inseguro e dependente, que pode se estender para a vida adulta. Os pais precisam oferecer uma base segura para se tornarem adultos confiantes. Deixar que a criança erre para aprender a fazer as coisas por conta própria é uma necessidade para o desenvolvimento pessoal, por isso as tentativas devem ser estimuladas e amparadas com muito amor.”
Algumas crianças acabam apresentando comportamentos de teimosia nessa fase também, a saída, segundo a psicóloga, é sempre buscar dar escolhas a ela. “Uma alternativa bastante útil é apresentar duas opções para a criança, ou seja, o adulto faz a seleção de dois comportamentos esperados e os apresenta para a criança optar entre um ou outro.”
Para quem está passando apuros com crianças teimosas, a psicóloga explica que muitas vezes esse comportamento mostra que elas querem fazer o que avaliam como melhor opção, entretanto, é preciso que os pais deixem claro que eles são a autoridade, que ela ainda é pequena demais para fazer determinadas escolhas. A psicóloga sugere um quadro de regras para a casa, que pode contribuir para o controle dos pais.
Outro aspecto importante, segundo a psicóloga, é que a criança começa a perceber as consequências das suas escolhas. “Na infância as crianças estão se descobrindo no mundo. No decorrer de suas tentativas elas poderão aprender, por si próprias ou por outros pares, se as escolhas feitas são boas ou não, de acordo com as consequências. Ensinar a criança a refletir sobre suas próprias escolhas sem decidir por ela é um ótimo caminho. Já quando algo não sai tão bem como o planejado é fundamental confortá-la, como forma de incentivo para a persistência”, aconselha.
Está atrasado?
Por outro lado, sinais de dependência também são um pouco preocupantes aos pais. “Crianças que não realizam atividades esperadas para a idade podem sofrer de falta de estimulação ou, em situações mais evidentes, de problemas cognitivos que necessitam de avaliação profissional, como dificuldades na fala, na coordenação motora e na realização de tarefas simples”, explica.
Assim, os pais devem respeitar o ritmo particular da criança, mas podem perceber se ela responde aos estímulos de maneira coerente ao mínimo esperado, para então seguir com as tarefas mais complexas, explica. Entretanto, Priscila diz que precipitar a independência atribuindo muitas tarefas à criança pode afetar no aspecto emocional, gerando frustrações desnecessárias.