Na vida corrida dos profissionais acaba sobrando pouco tempo para os pais entrarem em ação e isso pode trazer prejuízos às crianças. Um tempo de qualidade com os filhos é aquele que o pai, a mãe, ou o responsável pela criança dedica à exclusiva atenção a ela, sem se importar com os outros afazeres e compromissos.

“A criança precisa de atenção e dedicação, então o melhor momento para se dedicar ao filho é aquele em que você pode se desligar de tudo que estiver fazendo (por exemplo, celular, televisão, computador, trabalho, tarefas do lar). Se serão 10 minutos ou uma hora, que esse período seja só para eles, vale lembrar que a prioridade é a qualidade do tempo, não a sua duração”, é o que explica a psicóloga Evelaine Tozzeto.

A falta desse tempo pode trazer prejuízos à criança, uma vez que para desenvolver a sua saúde emocional elas precisam de vínculos afetivos, do contato, da atenção, do interesse. “Os pais são os principais responsáveis por ensinar os filhos a desenvolverem emoções e comportamentos assertivos. Se acontece falta de interação e contato com os pais, a criança poderá apresentar comportamento agressivo, choros e birras como uma forma de ser notada, chamar a atenção para si, e consequentemente, para os pais o dano aparecerá em dificuldade em ter autoridade e frustração”, diz a psicóloga.

Os pais também podem ser emocionalmente impactados, com o sentimento de culpa por não poderem passar um tempo de qualidade com as crianças. O conselho da psicóloga para quem já apresenta esse traço é mapear a agenda para ver quanto tempo está sendo gasto em cada atividade e em que momentos é possível diminuir os esforços e dedicá-los a um tempo com a criança, procurando estimular a afetividade entre a família.

Evelaine diz que uma rotina pode contribuir muito para mudar a divisão do tempo. “A rotina é muito importante e saudável, toda criança precisa de rotina para se sentir segura e confiante e, assim, aprender sobre senso de organização, regras, obrigações. A repetição das atividades no dia a dia dá entendimento à criança de que tudo tem um tempo para acontecer, comer, dormir, brincar. Ela saberá, por exemplo, que o pai sai para trabalhar todos os dias, mas que também sempre volta. Além de aumentar a confiança da criança, a rotina trará aos pais uma maneira de calcular, organizar e distribuir melhor o tempo que poderá passar com ela”, orienta.

Tem como recuperar?

Existem famílias que já estão prejudicadas por essa falta de tempo. O relacionamento pode estar distante e não existir confiança. Para isso, a psicóloga aconselha a buscar conviver com a criança ou o adolescente, empenhando tempo em atividades, conversas, demonstrações de carinho e interesse em ouvir e conhecer os gostos e sentimentos dos filhos. “A comunicação e o diálogo precisam ser estimulados, somente se mostrando disponível emocionalmente é que você estará proporcionando verdadeira qualidade na relação”, diz.

Ela lembra também que os pais não devem buscar suprir essa necessidade de tempo com presentes e mimos, e devem ensinar que o carinho e o relacionamento são mais importantes que as coisas materiais. Segundo ela, o presente foi feito para datas comemorativas e se está sendo utilizado como ferramenta de compensação da ausência ele não cumpre sua função.

Planejamento familiar

Evelaine diz ainda o tempo é determinante para o relacionamento do casal que planeja ter filhos. “Antes mesmo da chegada dos filhos, um casal precisa de tempo de qualidade, de convívio, reservar momentos para conversar, fazer planejamento familiar. Quando os filhos chegarem as responsabilidades vão aumentar, mas o casal precisa compreender que a convivência também precisará crescer, a unidade na família se aplica em ouvir, compreender, se dedicar e principalmente priorizar. Quando o lar é prioridade os ponteiros do relógio têm uma sincronia diferente e a falta de tempo pode ser só uma questão de horas e não de momentos especiais”, finaliza.