Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 07:37:48
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Perdão: a primeira atitude para o ano novo que se inicia

Perdoar. Apenas um verbo, mas carregado de sentimentos e significados. Podem ser lembranças, desapontamentos, brigas e reconciliações, mas que são essenciais para a manutenção de um bom relacionamento entre

Perdão: a primeira atitude para o ano novo que se inicia

Perdoar. Apenas um verbo, mas carregado de sentimentos e significados. Podem ser lembranças, desapontamentos, brigas e reconciliações, mas que são essenciais para a manutenção de um bom relacionamento entre os indivíduos sociais.

A psicóloga Angelica Neris explica que esse é um assunto normalmente denso e mais difícil até mesmo para explicar. “O perdoar tem tanto poder que está muito presente na área espiritual, sendo um dos caminhos para a benção de Deus. Religiosidade à parte, as pesquisas indicam que o perdão traz vários benefícios para saúde como um todo. Perdoar não é sinônimo de reconciliar, posso perdoar uma traição sem retomar a convivência com o pessoa que me magoou. Perdoar limpa, organiza e permite seguir em frente, por isso perdoar é necessário e benéfico tanto para o bem-estar físico quanto psicológico. Quem não perdoa pode ficar preso ao passado, preso às lembranças e à pessoa que o fez mal.”

Segundo a psicóloga, perdoar não é aceitação nem esquecimento, mas sim ressignificar a situação para ficar em paz, livre de ressentimentos, mágoas e ruminações. “O perdão deve acontecer mesmo que o outro não o faça. É você que precisará se perdoar, não é só a fala do outro ‘eu te perdoo’ que te trará paz interior, seu nível de autoconhecimento auxiliará neste caminho do perdão”, diz.

O ato de não perdoar pode trazer malefícios inclusive ao físico, como a tensão e estresse, além do mais pode causar tristeza, ansiedade e até mesmo depressão.

Angelica diz ainda que o perdão pode acontecer por duas vias, a unilateral e a bilateral. “Perdoar não é um ato, é um processo de redescoberta onde é necessário perdoar ao outro e perdoar a si. Você pode querer perdoar sem se reconciliar com quem o magoou (unilateral). O perdão unilateral te possibilitará sair da posição de vítima, a evitar ressentimentos, rancor e que as magoas se transformem em doenças físicas e psicológicas. O perdão bilateral é quando existe arrependimento de quem magoou e a vítima deseja manter ou retomar a relação e convivência”, explica.

Pedir perdão pode ser uma atitude difícil, pois acaba mexendo com o ego e as histórias que levaram à briga, por isso, a psicóloga orienta começar o perdão internamente. “Para pedir perdão a alguém você pode focar na forma como se sente diante do que aconteceu, sem buscar culpados ou adjetivar o outro envolvido. Exemplo, ‘eu me sinto envergonhado com o que te falei, estava com muita raiva no momento da discussão, me senti provocado e exagerei’. Veja que o foco é no sentimento e não na acusação, ou culpando a vítima. Mas o perdão também pode começar por um diálogo interno, imaginando a pessoa que quer perdoar vai expor como se sente, falar sobre sua raiva, mágoas, suas emoções. Lembre-se, perdoar não é isentar o que o outro te fez, mas é não ficar com a carga daquilo que não merecemos”, orienta.

Remorso

Angélica explica que na vivência do remorso é comum as pessoas ficarem aguardando no presente que aquele que lhe fez mal (esteja ele vivo ou morto), se arrependa do que fez para que ela possa seguir em frente. “Se não conseguimos perdoar, podemos ficar presos ao passado numa posição de vítima, acusando no presente aqueles que nos magoaram. Ficamos congelados naquela fase esperando que alguém nos salve ou solucione este conflito. O perdão pode acontecer independente se o envolvido já é falecido, pois o perdão tem caráter duplo. Ele é interpessoal (acontece entre duas pessoas) e intrapessoal (consigo mesmo)”, diz.

Brigas e terapia

Para aqueles que precisam de ajuda para resolver problemas e mágoas passadas, a terapia pode ser uma ferramenta bastante eficaz. “A terapia pode contribuir para que as brigas e mágoas deixem de ser impeditivos de viver o presente, e que cada envolvido responsabilize-se pelo que quer, sem esperar naquele que o magoou o arrependimento para só aí seguir em frente.

A psicoterapia auxilia a não ficar preso ao passado, numa queixa e vitimização que refletirá no presente e nas relações que estabelecer”, finaliza a psicóloga.