Hoje, o cidadão brasileiro deveria dedicar 13 anos de estudo para conquistar o diploma do Ensino Médio, jornada que inicia aos 04 anos de idade, início da educação básica, até os 17 anos, segundo a Lei 12.796, de 04 de abril de 2013, sancionada pela ex-presidente da república Dilma Rousseff.
Porém, apesar de ser lei, a educação ainda enfrenta algumas dificuldades no Brasil, uma delas é o desinteresse dos alunos. Lorena Maria Laskoski, pedagoga, psicopedagoga e doutoranda na Área de Saúde da Criança e do Adolescente, conta que em um de seus levantamentos realizados no Estado do Paraná, constatou que as maiores taxas de abandono/evasão são encontradas nos sextos e sétimos anos, mas com adolescentes na faixa etária de 14 a 16 anos, como a principal causa o desinteresse.
“Também podemos verificar que o desinteresse ocorre por dificuldades de aprendizagem, as instabilidades emocionais e sociais, necessidade de trabalhar, gravidez precoce, uso indevido de substâncias, dentre outros problemas. A Escola se sente desamparada nesse processo todo, pois atendemos questões que fogem do âmbito educacional.”
O processo educacional também deve ser de responsabilidade da família, a qual deve incentivar e propiciar locais e ajudar a estabelecer uma rotina de estudos em casa. “É necessário um horário de estudos, e ele precisa ser seguido de segunda a sexta, no mínimo uma hora por dia. Estudar não é só fazer as tarefas de casa, é importante que os estudantes releiam o que foi trabalhado em cada disciplina para melhorar a aprendizagem e também refaçam atividades trabalhadas em sala”, recomenda Lorena.
A pedagoga ainda orienta que para os estudantes mais novos e que apresentam dificuldade na interpretação de textos, é importante que após os estudos ele relate o que aprendeu ao seu responsável, pois assim, além de trabalhar com a questão de interpretação de textos e memorização, ajuda a estreitar os vínculos familiares.
Ainda há tempo para implantar essa rotina em casa e recuperar notas baixas do primeiro semestre. “Precisa reforçar para recuperar, além da nota, o conteúdo não aprendido”, aconselha.
Mas, nesses casos, é válida também uma conversa com a escola, verificar como está o comportamento do estudante. “Temos muitos problemas de não aprendizagem por indisciplina: alunos que conversam, brincam, brigam com colegas, desrespeitam professores, gazeiam aulas e até mesmo dormem durante as aulas. É importante que os pais saibam que após a avaliação, todas as escolas realizam a retomada dos conteúdos e depois aplicam uma reavaliação. Porém, temos casos em que os alunos negam fazer a reavaliação”, aconselha Lorena.
Abandonar a escola nunca é uma saída
O Instituto Unibanco fez um estudo Aprendizagem em Foco, com base nos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mostrou que 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o Ensino Fundamental.
Ainda de acordo com o levantamento, há grupos de risco em que jovens de baixa renda, em sua maioria negros, trocam com frequência os estudos por um trabalho precário ou que ficam grávidas já na adolescência.
Para a pedagoga, a família não pode permitir que isso aconteça e precisa ser rígida, garantindo a frequência do estudante, além de realizar o acompanhamento do processo educacional. “O que percebemos no cotidiano são pais que acabam sendo escravos de seus filhos, sendo omissos nesse processo educacional. Não podemos achar normal que um adolescente de 14 anos não queira mais estudar. Sabemos também que a escola, muitas vezes não é atrativa, mas o papel da escola não é de ser o lazer”, conclui.
O mesmo levantamento mostrou ainda que apenas 2% das meninas que se tornam mães em fase escolar continuam os estudos. “Para as mães estudantes percebo que é imprescindível a participação da família. Cuidar de uma criança, principalmente no seu primeiro ano de vida, pode ser uma tarefa muito desgastante, ainda mais se unirmos com a frequência escolar”, finaliza.