Expôr crianças a tecnologia desde cedo pode trazer consequências à saúde. Segundo pesquisa, crianças que passam muitas horas em frente dos aparelhos têm tendência a apresentar Déficit de Ate
23/05/2016
Um artigo recente publicado na Inglaterra aponta para a preocupação na exposição de crianças na fase da primeira infância (os cinco primeiros anos) a equipamentos tecnológicos, em especial televisores, smartphones e computadores. Segundo a pesquisa, crianças que passam muitas horas em frente dos aparelhos têm tendência a apresentar Déficit de Atenção e também problemas físicos. Com a pesquisa, os pais questionam qual a idade certa para disponibilizar aparelhos para as crianças ou então quantas horas ele pode ficar com o aparelho.
A psicóloga Angelica Neris explica que é preciso uma análise antes de definir uma idade para deixar as crianças começarem a usar aparelhos eletrônicos, uma vez que elas já nascem imersas à uma sociedade depentente deles. “Um simples questionamento pode auxiliar os pais a encontrar a melhor idade para seu filho ter acesso aos aparelhos tecnológicos, basta se perguntar para quê. Para ele aprender, para se divertir, para interagir, para ficar quieto. Encontrar o ‘para quê’ disponibilizamos tão cedo estes aparelhos aos nossos filhos é o passo número um. Não existe um jeito certo ou errado para lidar com aparelhos eletrônicos na infância, mas existe o jeito mais adequado para ser utilizado dentro da sua família, dentro do seu contexto, da sua realidade”.
Na pesquisa publicada na Archives of Disease in Childhood, entre outras doenças que podem ser causadas, a principal e que merece maior atenção é o desenvolvimento do Déficit de Atenção, que também é conhecido como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Muitas vezes é descoberto durante a idade escolar e tem como principais sintomas a desatenção, inquietude e impulsividade.
Os pais devem ter o maior cuidado com o diagnóstico, caso desconfiem que o filho tem TDAH. “Vemos hoje muitas crianças recebendo diagnósticos de TDAH. Há muitos cuidados a se tomar ao realizar um diagnóstico, até mesmo porque agitação, desatenção e impulsividade pode ser um comportamento comum a várias crianças e isso não é sinônimo de patológico. Quando estes comportamentos estiverem presentes é importante a avalição de um profissional, que poderá definir o que é e indicar o caminho para o tratamento mais adequado”, aconselha a psicóloga.
O TDAH está relacionado com a exposição a aparelhos eletrônicos porque na primeira infância o cérebro tem uma considerável plasticidade, e a televisão, videogames e smartphones, com suas rápidas mudanças de imagens e cenas, pode superestimular a criança e afetar o desenvolvimento do cérebro. A atenção exige concentração mental, essa fragmentação das impressões sensoriais e das ações pode levar a problemas de atenção.
Muitos pais já perderam o controle sobre o uso de aparelhos e muitas crianças já possuem celulares por motivos de segurança, porém a psicóloga alerta para a necessidade de limites. “Se sou um adulto que não consegue desconectar-se, que prioriza o virtual, como posso mostrar ao meu filho a importância de limites no uso de tecnologias? Ensine a criança a fazer suas escolhas, a reconhecer seus limites, que a tecnologia faz parte da nossa vida e não nós fazemos parte da vida dela”, aconselha.
Ela ainda atenta para a importância da interação com o mundo real. “Uma criança que passa muitas horas diante de aparelhos eletrônicos está deixando de interagir com a realidade. As tecnologias não são ruins quando aprendemos a fazer bom uso delas. A tecnologia não substitui o real, que o contato olho no olho é mais rico que a interação com a tela do tablet, celular, TV, computador”, finaliza.
Sedentarismo e obesidade
Além de problemas ligados ao psicológico da criança, há também complicações que surgem pelo sedentarismo, como a diabetes, colesterol, hipertensão, problemas cardíacos e a obesidade infantil, que a cada dia acomete mais crianças no mundo. Crianças são naturalmente ativas e dispostas para realizar atividades físicas ao ar livre, mas para isso os pais devem incentivá-las. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 300 mil pessoas morrem em decorrência do sedentarismo e os problemas que ele pode causar. Uma criança obesa tem cerca de 80 a 90% de chance de se tornar um adulto obeso. A prevenção deve começar na infância, para assim ter uma vida mais saudável.