16-07-2010
Sem receber os salários de junho, os funcionários da Porcelanas Schmidt, estão em greve desde à última terça-feira (13).
16-07-2010
Sem receber os salários de junho, os funcionários da Porcelanas Schmidt, a maior indústria de louça e porcelana da América Latina, estão em greve desde à última terça-feira (13). A Unidade de Campo Largo, responsável pela produção de louça branca e porcelana, tem cerca de 500 funcionários. Há quatro meses a empresa passou por uma situação semelhante, a greve durou uma semana e os salários foram pagos após longa e difícil negociação.
A primeira greve do ano aconteceu em março. O salário de fevereiro dos funcionários da unidade não havia sido pago na data combinada, e no dia oito de março eles se recusaram a entrar na fábrica para trabalhar. Depois de uma semana de negociações, junto com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cerâmica de Campo Largo, os empregados e a empresa entraram em acordo. Os salários foram pagos e a empresa ganhou mais cinco dias, para efetuar o pagamento, nos meses subsequentes.
Novo atraso
Na última sexta-feira (09), os funcionários souberam que os salários não haviam sido depositados em suas contas. Na segunda-feira (12), esperava-se que o dinheiro estivesse no banco. Não estava. Na terça-feira (13), eles pararam e fecharam os portões da fábrica, permitindo apenas ao pessoal responsável pelas áreas essenciais, inclusive da área de manutenção do forno, entrassem na fábrica.
À frente das negociações, representando os trabalhadores, junto aos responsáveis pela empresa, o presidente do Sindicato, Paulo Andrade, solicitou uma reunião de emergência na Delegacia Regional do Trabalho, em Curitiba. Com a presença do responsável pela DRT, Ubirajara Lantman e do fiscal do Trabalho, Niusiber dos Santos Silva, a paralisação dos funcionários foi declarada legal e a empresa intimada a efetuar o pagamento imediatamente, já com a multa de 40%, constante no acordo coletivo assinado em março último. A empresa comprometeu-se a efetuar o pagamento nesta sexta-feira. Até lá os trabalhadores permanecem em greve.
Interferência
Na manhã desta quarta-feira, os trabalhadores informaram por telefone a Redação da Folha, a presença e a interferência do líder sindical e vereador por Campo Largo, Nelson Souza, o Nelsão, no portão da fábrica. A Reportagem da Folha esteve no local e constatou que Nelson Souza discursava, para os trabalhadores, dizendo que estava à disposição deles, para colaborar nas negociações. Disse que não poderia fazer mais porque era candidato a deputado estadual, mas estaria disposto até mesmo a perder o mandato de vereador e ter sua candidatura cassada, para defender o direito dos trabalhadores. O discurso de Nelsão foi acompanhado de longe, pelo presidente do Sindicato, Paulo Andrade, e demais diretores do Sindicato que representa a categoria.
Fogo
Na manhã desta quinta-feira (15), os trabalhadores souberam que a empresa havia burlado o piquete e entrado com caminhões, para carga e descarga. O presidente do Sindicato, mais dez trabalhadores entraram na fábrica, para verificar se havia algum setor trabalhando. Enquanto eles estavam no interior do fábrica, os trabalhadores resolveram fechar a Avenida Porcelana, com galhos de árvores e pneus velhos, e por volta das nove horas atearam fogo na barricada.
O vereador e sindicalista Nelson Souza, estava, novamente, no comando do movimento, microfone na mão e orientando os trabalhadores. Com a chegada de equipes da Polícia Militar, Nelson Souza orientou os trabalhadores para, se houvesse radicalização, eles sairiam dalí para bloquear a BR-277.
Não houve confronto e uma equipe do Corpo de Bombeiros, que chegou em seguida, voltou sem que seus integrantes precisassem entrar em ação. A negociação com a Polícia Militar era para que o bloqueio durasse apenas uma hora.
Enquanto isso, a equipe que havia entrado na fábrica, com o presidente do Sindicato, Paulo Andrade, voltou. Paulo informou aos trabalhadores que a empresa só depositaria os salários na sexta-feira, e eles resolveram permanecer em greve, em vigília, para impedir que caminhões entrem ou saiam da empresa.
Situação
A Schmidt tem três unidades, uma em Santa Catarina, uma em Campo Largo e outra em São Paulo. A situação, nas demais unidades, é igual à de Campo Largo. Em Santa Catarina a unidade está parada e os trabalhadores aguardam em casa. A unidade de São Paulo, onde os trabalhadores ainda não receberam o Vale de junho, também está paralisada.
O presidente do Sindicato, em Campo Largo, Paulo Andrade, disse que a situação é grave, e que o piquete certamente vai continuar, na porta da fábrica, durante o final de semana, se os salários não estiverem efetivamente nas contas dos trabalhadores, na manhã de sábado. "Vamos continuar aqui, até a solução do problema", disse ele, adiantando que na segunda-feira, pela manhã, deverá haver nova assembleia, na porta da fábrica.