22/02/2014
Quando os primeiros homens brancos se estabeleceram em toscas cabanas às margens dos rios da região onde garimpavam Ouro, a partir do ano de 1.600, não sabiam, mas estavam dando os primeiros passos para a fundação de Campo Largo. A “Febre do Ouro” transformou rapidamente a região, com um “boom” de exploração desse metal. Vieram as famílias dos garimpeiros, floresceu a agricultura de subsistência, nasceu o comércio.
Os garimpeiros, em sua maioria originários de Santos, São Vicente e Paranaguá, subiram a Serra do Mar, desde Paranaguá, Antonina e Morretes, e atingiram a região de Curitiba e, em seguida, Campo Largo. O Ouro, explorado principalmente nos rios Verde e Açungui, foi a base do desenvolvimento econômico da região, com a fixação de famílias de exploradores, comerciantes e fazendeiros, em meados dos anos 1.600.
História
Onde os garimpeiros e seus familiares se fixaram, nasceram vilas, que cresceram e se transformaram em cidades. Campo Largo era um desses aglomerados que cresceram rapidamente, se urbanizaram e se transformaram em pontos de referência, em cidades. O Município conquistou sua Emancipação Política no dia 23 de fevereiro de 1871. Neste 23 de fevereiro de 2014, o Município comemora o seu 143º aniversário.
O nome da região, localizada entre Curitiba e o Segundo Planalto, nasceu do próprio acidente geográfico, um campo largo. Logo a cidade assumiu a denominação, Campo Largo
A Lei Provincial do Paraná N.º 219, de dois de abril de 1870, deu à cidade, então um povoado, a categoria de Vila e sede do Município. A Emancipação Política, entretanto, só aconteceu quase um ano depois, com a instalação, em 23 de fevereiro de 1871, data na qual é festejado o aniversário de Emancipação Política.
Os garimpeiros “batizaram” muitos rios, acidentes geográficos e regiões de Curitiba e Campo Largo. Rio Passaúna, Rio Verde, Rio Itaqui, Campo Comprido, Campo Magro, Campo do Timbotuva, Campo Largo, Bateias, Ouro Fino, são nomes que remontam àquela época. São nomes inspirados nas primeiras impressões dos exploradores.
Habitavam esta região os índios Tinguis e os Cabeludos. Historicamente, só existem registros oficiais sobre o aparecimento de ouro, na região, no ano de 1679. No registro “Informação sobre as Minas de São Paulo” foi expedida ordem, em 13 de agosto de 1679, aos paulistas (em tropa) – Luiz de Góes, Antonio Luiz Lanin (o Tigre), Guilherme Dias e Agostinho Figueiredo, para o “descobrimento de ribeiros de ouro de lavagem no Sertão de Curitiba”.
Tamanduá
Em 1679 Antonio Luiz Lanin, o Tigre, descobriu ouro em abundância na localidade de Itambé. Ele construiu a fazenda Tamanduá onde morou com sua família. Tinha grande número de escravos, se dedicou também à agricultura e à pecuária. O desbravador possuía uma “sesmaria” (área de terra doada pelo Rei) e morou na localidade, onde foi construída uma capela.
Parte das terras do Tigre foi abandonada e não são conhecidos os limites da sua área. Por não ter deixado herdeiros, ficaram seus bens postos à venda em praça, de acordo com a lei.
Em 1819 a Fazenda do Tamanduá foi arrematada em praça pública pelo Brigadeiro Manoel de Oliveira Franco. O Campo da Ilha foi arrematado por João Antonio da Costa e no próprio termo de arrematação ficou expresso que “desde aquele momento dava o dito campo à Nossa Senhora da Piedade, para lhe servir de Patrimônio”. Curiosamente, existe nos dias de hoje, no cemitério do Tamanduá, um rol de nomes indicando pessoas de origem francesa.
A primeira casa do povoado foi feita por Joaquim Lopes Cascais, nela sendo abrigada a imagem da Santa, até se construir o Templo. Oficialmente, os fundadores de Campo Largo são João Antonio da Costa e seus dois genros Joaquim Lopes Cascais e o Alferes José Pinto Ribeiro Nunes, que teve a glória de ser o primeiro professor primário da cidade.
A princípio, pouso ou lugar de acampamento dos garimpeiros e tropeiros, depois como grande mercado, Curitiba se comunicou com o interior por muitas veredas. Uma das principais, a dos Campos Gerais, passava pelo Campo Largo. Esta vereda, cindida em duas, desde o Bugre (estrada velha e estrada nova) pôs em contato Curitiba com o centro do território paranaense.
Campo Largo facilitou o acesso aos Campos Gerais, pois por ele não há grandes rios nem havia grandes atoleiros a atravessar. Há serras a transpor, mas suaves, sem os perigos da serra do Itupava. A maior parte do caminho era campo livre, através de aprazíveis cochilhas, charnecas e savanas.
Tropeiros
Muitas pessoas tinham a profissão rendosa, mas trabalhosa, de tropeiro, fazendo transporte de mercadorias. Era como se fosse uma grande empresa de transporte, com logística própria.
Os tropeiros viajavam durante o dia, e à noite o pouso se impunha. Bastava, em regra, prender a égua madrinha, para que a tropa toda ficasse a pastar nas proximidades, mesmo em campo aberto.
Em alguns dos lugares propícios se estabeleceram, depois, moradores que mantinham para os tropeiros e sua carga, estalagens um tanto confortáveis ou ranchos de abrigo e, para os animais, potreiros cercados.
A quem do interior se dirigia a Curitiba ou de Curitiba ao interior era aquele um ponto certo e conveniente de pouso. Particularmente na região do Cambuí (vegetal que supria de lenha os moradores) os tropeiros armavam ali suas barracas. Ponto magnífico de pouso de tropas, situação topográfica estratégica para um povoado digno depois de subir a freguesia, vila e cidade.
Em 1832 foi criado o Distrito de Paz. Nesses anos começaram os quadriênios dos Juízes de Paz, cujos cargos eram eleitos pelos homens do povo, como diziam as leis daquele tempo. Campo Largo tinha em 1870, elementos para ser, por lei provincial do Paraná N.º 219 de 02 de abril, elevado à categoria de Vila, sede do município, que foi instalado solenemente em 23 de fevereiro de 1871.