04/01/2013
Foco no aluno/filho: retenção escolar em discussão.
04/01/2013
Reter, repetir, reprovar de ano... todas terminações utilizadas sabe-se lá se para enfatizar o erro de se “perder” um ano escolar ou se para suavizar essa “perda” imaginada como dolorosa para alunos e famílias. O fato é que, quando se chega ao momento da tal retenção, a situação de questionamento é unânime. De um lado a escola se pergunta: Será que proporcionamos as melhores estratégias para o aluno? Priorizaremos a aprendizagem e desconsideraremos a postura de aluno? Quais serão as novas relações com o conhecimento estabelecidas por esse aluno caso ele precise refazer conteúdos que já tem familiaridade? Que conseqüências psíquicas ocasionarão o resultado final? E de outro, a família: Puxa, meu filho fracassou, o que fiz de errado? Meu filho, quando é possível que estudemos juntos, sempre acerta todas as questões, será mesmo correto ele repetir? Será que a equipe pedagógica da escola olhou as particularidades do meu filho para tomar essa decisão?
E nem pensem que estou aqui para responder a essa bateria de perguntas. Minha intenção é provocá-los para reflexão mesmo. Há casos e casos. Conheço alunos em que a decisão foi pela retenção da criança e no ano seguinte foi muito fácil perceber que era tudo questão de tempo: ele precisava de um tempo maior com aqueles conteúdos. O resultado foi ótimo! Há situações em que houve retenção, e as dificuldades e desinteresses permaneceram, com um agravante, a indisciplina. Existem os que “passaram de ano” com algumas pendências de conteúdos e que, ao se depararem com uma maior complexidade, viram suas dificuldades aumentar e a motivação diminuir. E ainda aqueles que, apesar das dificuldades, cursaram o nível subseqüente, e com muito esforço, responsabilidade e dedicação foram suprindo as defasagens e se aproximando dia após dia dos planos de estudo da turma.
Pois então, aí mesmo que queria chegar! Não há fórmula, nem livro de procedimentos para seguir quando o assunto é reprovação. Acredito sim num trabalho de parceria entre família e escola durante o processo de aprendizagem e confiança nos profissionais da educação para uma avaliação coerente. A forma como se trata essa reprovação e o trabalho realizado com responsabilidade anteriormente a essa decisão é que são as grandes questões.
Escola precisa acompanhar aluno a aluno, perceber as dificuldades, analisar suas particularidades, intervir com estratégias variadas, chamar a família para conversar e orientar, oferecer apoio extra e, se ao final avaliar que não há condições de o aluno seguir para o próximo nível, tomar os devidos cuidados com o processo de preparação do aluno e da turma sobre o assunto, o acolher, destacando seus pontos positivos e explicando claramente quais serão seus desafios para o próximo ano letivo.
Família precisa ser avisada das dificuldades, acompanhar diariamente tarefas de casa, buscar apoio clínico e/ou de reforço escolar quando for o caso, analisar a verdadeira condição de seu filho quanto a objetivos alcançados e pendentes contidos nas fichas de avaliação, ponderar possíveis ganhos com a situação da retenção, posicionar-se diante da situação de forma que a criança não perceba que família e escola estão embatendo.
E retenção precisa ter o objetivo não da penalização, mas de oferecer melhores subsídios para que o aluno aprenda efetivamente. Será sempre uma discussão de muitas facetas, uma vez que há muitos fatores e pessoas envolvidos. O primeiro plano da discussão e decisão precisa ser a aprendizagem da criança ou do adolescente, nada além disso! Devem ficar em segundo plano a vaidade da escola que precisa manter sua tradição de rigidez perante a concorrência, bem como o capricho dos pais que não podem perder o grupo de amigos dos pais da classe, envergonhando-se da situação. O foco é o aluno, é o filho, é a construção emocional e cognitiva de um ser humano!
Co-autoria: Danielle Gross de Freitas – Pedagoga, Psicopedagoga e Mestre em Educação.