03-06-2011
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a aplicação da vacina contra HPV (papilomavírus humano) em meninos e homens entre 9 e 26 anos. A imunização previne as verrugas genitais causadas, principalmente, pelos tipos 6 e 11 do vírus. A vacina, conhecida como Gardasil (Merck Sharp & Dohme), está liberada para os homens nos EUA desde 2009.
No Brasil, ela foi aprovada para mulheres em 2008, mas só está disponível na rede privada, ao custo de R$ 900. Para liberar a imunização masculina, a Anvisa se baseou em um estudo publicado no "New England Journal of Medicine", que comprova a redução de 90% das lesões genitais externas.
O estudo clínico, que acompanhou 4.065 homens em 18 países, inclusive o Brasil, comprovou a eficácia da vacina contra lesões ligadas aos tipos 6,11, 16 e 18 do HPV.
O tipo 16 é o que tem levado ao aumento dos tumores de boca e da região da garganta (orofaringe) no Brasil. Em hospitais brasileiros, até 80% desses cânceres estão associados ao HPV.
PROTEÇÃO
Segundo a pesquisadora Luisa Villa Lina, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e uma das maiores especialistas em HPV no País, além das verrugas genitais, espera-se que a vacina proteja os homens contra tumores de pênis, ânus e orofaringe.
A infecção pelo papilomavírus está ligada a cerca de 40% dos casos de câncer de pênis e de 30% a 40% dos de câncer anal em homens.
Segundo Lina, o ideal é que, assim como as meninas, os garotos sejam vacinados antes do início da vida sexual. No Brasil, pesquisas indicam que isso acontece aos 13 anos, no caso dos homens, e aos 15, para as mulheres.
Mas a pesquisadora acredita que, mesmo que já tenham sido expostos ao HPV, homens e mulheres podem ser beneficiados, porque a vacina evita novas infecções e reduz o risco de câncer.
O pesquisador da USP Adhemar Longatto Filho afirma que a aprovação da vacina para homens vai trazer "um benefício tremendo". "O homem é o principal vetor de muitas das lesões causadas pelo HPV. É crucial que ele seja vacinado."
Contágio
É comum o HPV permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses ou anos. Os cânceres, por exemplo, podem demorar de dez a 20 anos para se desenvolver.
O risco de contágio é alto (de até 80%), e o vírus pode ser passado mesmo latente (sem manifestação visível).
A maioria dos tipos de HPV não causa sintoma e desaparece espontaneamente sem tratamento, o que significa que muitas pessoas não sabem que são portadoras.
Um estudo recente mostrou, por exemplo, que 50% dos homens saudáveis já foram infectados pelo HPV. A vacina contra o papilomavírus é administrada em três doses, com aplicação intramuscular.