09-05-2011
Pesquisa revela que antenas e celulares prejudicam a saúde
09-05-2011
O pesquisador e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) Álvaro Salles afirma que não faltam pesquisas comprovando os prejuízos que antenas e celulares causam à saúde. Segundo ele, falta disposição política para tomar medidas de precaução.
De acordo com o pesquisador, dois tipos de pesquisa já teriam comprovado danos ao corpo humano pela exposição prolongada às emissões das antenas de telefonia móvel. Um dos tipos de pesquisa seria baseado em experiências com células ou animais. "Esses efeitos normalmente são testados em laboratório com cobaias ou células e os resultados já mostram danos importantes que também podem ocorrer em seres humanos, como danos ao cérebro e aos sistemas reprodutores", disse.
O segundo tipo de resultado importante viria de pesquisas epidemiológicas, onde grupos da população são observados por vários anos. De acordo com o professor, existem poucas destas pesquisas por que demandam tempo e são caras, mas já há indícios da relação entre o câncer e a exposição prolongada. "No Brasil já existe uma pesquisa - uma tese de doutorado - mostrando isso, realizada na cidade de Belo Horizonte (MG). O mesmo resultado já havia sido encontrado em duas pesquisas internacionais, uma na Alemanha e uma em Israel", disse.
De acordo com as pesquisas, sofreria maior risco quem habita um raio de 400 metros da torre. "Isto também ocorre em relação ao aparelho celular, os próprios fabricantes na Europa já orientam nos manuais de instrução que a pessoa mantenha uma distância mínima dos aparelhos", disse.
Para o pesquisador, a culpa desta informação não chegar ao cidadão seria da omissão do governo frente à influência do poder econômico e disse acreditar que os resultados atuais já comprovam a necessidade de precaução. "Nós não podemos esperar para termos mais resultados do que estes para tomar as precauções necessárias", alertou.
A pesquisadora do departamento de Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo, Margarete Ponce Padueli também argumenta que vários estudos mostram danos à saúde causados pelas antenas.
Segundo ela, há registros médicos do desenvolvimento de uma Síndrome de Eletro-hipersensibilidade pela exposição prolongada, que teria como sintomas principais fadiga, dor de cabeça, dor nas juntas e músculos, dificuldade de concentração, tonturas, náuseas e problemas digestivos.
Margarete analisa, em seu doutorado, os limites de radiação e o sistema de gerenciamento destas estações radiobase e irá comparar o modelo brasileiro aos das cidades de Zurich e Hong Kong.
Ela defende que o Brasil adote limites mais prudentes. "Ainda é controversa a questão da fixação de um limite máximo para exposição. O que ocorre em vários países é a utilização do principio da precaução - onde se adota o valor abaixo do limite máximo recomendado - observando proteger o indivíduo."
E ela afirma que essa deve ser também uma exigência dos clientes. "O consumidor não abre mão do seu conforto pela segurança. É a sociedade que deve participar dessa situação, se inteirar em relação aos riscos e passar a exigir proteção de uma forma coerente, não adianta exigir o máximo de proteção com o máximo de disponibilidade da tecnologia", alertou.
O presidente da Associação Brasileira de Defesa dos Moradores e Usuários Intranquilos com Equipamentos de Telefonia Celular, João Carlos Peres, também acredita que outros elementos como o aspecto ambiental e a paisagem urbana precisam ser levados em conta ao se analisar a questão e que é preciso adotar o princípio da precaução em relação à saúde, ou seja, reduzir os limites e a exposição.
"Já existem muito estudos realizados com rigorosidade científica que comprovam danos, mas não há espaço para informação para a sociedade na mídia, estas informações ficam restritas à academia", afirmou.
Fonte: Paraná Online